239 resultados para Abreu, Caio Fernando, 1948-1996 Crítica e interpretação
em Biblioteca Digital de Teses e Dissertações Eletrônicas da UERJ
Resumo:
Seguindo a ideia exposta por Caio Fernando Abreu em nota introdutria presente em todas as edies de Os drages no conhecem o paraso de que o livro pode ser lido no apenas como um exemplar de contos, mas tambm como um romance-mbile (ou espatifado) e considerando que, por meio do conhecimento de dados biogrficos de um escritor, possvel construir a biografia de um escritor atravs de sua obra, a presente dissertao busca analisar Os drages no conhecem o paraso sob a tica de uma nova perspectiva de leitura, entendendo o livro como um romance de fico autobiogrfica e formao
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Anlise do romance Onde andar Dulce Veiga?(1990), de Caio Fernando Abreu, com fundamento nas idias de Theodor Adorno, especificamente com base na Teoria Esttica. A crítica empreende-se sob trs diferentes vertentes: o cinema noir, a msica e a autobiografia, sendo essa ltima uma caracterstica ligada crítica cultural. Na primeira, detectam-se as influncias da linguagem do cinema, em que o lado sombrio da realidade forte aliado na composio do romance. Na segunda, observam-se os novos paradigmas culturais que emergiram nos anos de 1980 como ndices metaficcionais, na tica de Theresinha Barbieri (2003), de outros analistas, e que do forma variada mixagem do todo social. Na terceira vertente, cruzam-se os percursos da vida de Caio Fernando Abreu com a narrativa de fico Onde andar Dulce Veiga?, a partir da coletnea de cartas, publicadas por Italo Moriconi (2002), escritas em trs diferentes dcadas: a de 1960, a de 1970 e a de 1980. Pela correspondncia, verifica-se que o projeto do romance habitou o imaginrio do jornalista, desde 1970, especialmente quando Caio Fernando Abreu passou a trabalhar em redaes de jornais e revistas. Assim, os aspectos da vida convertem-se em experincia esttica
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O trabalho envereda pelos modos e artifcios de construo da subjetividade nos gneros autobiogrficos e nos textos ficcionais, investigando como se d a escrita que versa sobre o eu. Dos textos abertamente autobiogrficos de Caio Fernando Abreu, como a correspondncia, passa-se s formas tnues como a crnica e o conto, nos quais se entrecruzam fico e subjetividade, experincia e inveno. Nesse sentido, estudamos como o sujeito torna-se o centro dos acontecimentos e passa a escrever sobre aquilo que lhe acomete o esprito, o corpo, os sentimentos e pensamentos, seja no registro pontual e objetivo dos acontecimentos ou no floreamento do vivido e do inventado. A inteno explorar, nos espaos biogrficos e literrios de Caio Fernando Abreu, o entrelaamento de vida e grafia, e as possibilidades de escritura de si mesmo em sua correspondncia, organizada por talo Moriconi, em Cartas (2002), na coletnea de crnicas Pequenas Epifanias (2006), e nos contos de Ovelhas negras (1995)
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Adissertao explora a relao entre a Contracultura, de modo gnerico, e a obra de Caio Fernando Abreu, de modo mais detalhado e sistemtico. Previlegiando os livros "O ovo apunhalado", "Pedras de Calcut" e Morangos Mofados"; escritos entre fins da dcada de 1960 e o comeo da dcada de 1980. O tema abordado a partir do levantamento de questes centrais do imaginario contracultural (a saber: sexualidade, razo, engajamento politico e revoluo) e da analise de como esse imaginario se apresenta no texto de Caio Fernando Abreu. Aborda-se ainda, como se processa o trnsito entre biografia e obra
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A presente dissertao parte da leitura do Livro do Desassossego de Fernando Pessoa (composto por Bernardo Soares ou Vicente Guedes, dependendo da fase de escrita do Livro), estabelecendo com ele uma relao dialgica, buscando gerar um pensamento sobre o livro a partir dele prprio. A pesquisa realizada procurou, sobretudo, tratar da encenao da palavra Desassossego na obra e a sua importncia como elemento de coeso no ambiente partido que o Livro. Para isso, efetivou-se uma anlise da palavra desassossego e as suas diversas formas de escrita durante a interminvel feitura da obra. Este trabalho, no entanto, no pretende expor uma definio para o que seria desassossego. Laborando exatamente no vis oposto, visa-se encenao do desassossego atravs da aproximao, ou seja, da experincia do desassossego na prpria escrita sobre ele. O estudo aqui apresentado constri-se como uma forma de narrativa de pensamento, realizando-se como registro da reflexo sobre a palavra desassossego, sobre o livro e sobre questes a ele pertinentes e por ele levantadas, como a problematizao da heteronmia, do gnero autobiogrfico, da editorao e das ideias de vida e literatura
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Com base na relevncia que se d hoje aos estudos das escritas de si, foi investigado o teor autobiogrfico que permeia a obra do escritor Fernando Sabino em trs dos seus livros: O encontro marcado (1956), O menino no espelho (1982) e O tabuleiro de damas (1988). Cada uma dessas obras foi analisada a partir de perspectivas distintas do gnero autobiogrfico: romance autobiogrfico, autofico e autobiografia, respectivamente. O trabalho tambm aborda a construo da imagem do escritor Fernando Sabino na cena literria, analisando o modo como o escritor se apresenta em seus textos e investigando se essa representao est atrelada imagem de pessoa pblica da qual tomamos conhecimento por meio de palestras, depoimentos e entrevistas do autor. Nas declaraes de Fernando Sabino, podemos observar, pela frequente reiterao de ideias, que o autor elabora a si mesmo como um personagem. Alm da representao que fez de si prprio, Sabino transformou, inclusive, outros escritores em personagens. o que podemos notar no livro Gente (1975), no qual o autor apresenta personalidades do seu universo artstico de acordo com uma viso pessoal. O mesmo ocorre nos minidocumentrios produzidos pelo escritor, na dcada de 70, nos quais transporta grandes nomes da literatura brasileira para o vdeo. Em um perodo em que h diferentes trabalhos e publicaes referentes ao retorno do sujeito, problematizao da primeira pessoa e aos estudos autobiogrficos, buscou-se, nesta dissertao, estudar a produo de um escritor que possui expressivo material pertinente escrita de si e representao do sujeito, mas com escassos trabalhos acadmicos sobre sua obra
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A partir da suspeita de que o pensamento e sua expresso no se limitam a uma nica forma, o presente trabalho investiga de que modo podemos pensar, a partir de Fernando Pessoa, uma relao possvel entre filosofia e literatura. Quais os pressupostos que permitem considerar o fenmeno heteronmico pessoano como um expediente trgico que diz respeito ao prprio pensamento, ou ainda, como entrever, no projeto pessoano, o lugar de embate trgico, por excelncia entre aquilo que somos, enquanto sujeitos, e os processos que franqueiam escrita a constituio de uma subjetividade outra? Desdobrada em heternimos, a obra de Pessoa comportaria em si a justaposio de formas diversas de ver e compreender o mundo, mas o processo pelo qual este desdobramento se d poderia ser tomado como anterior s formas constitudas das personalidades particulares, apresentando-se como uma disposio anti-dialtica do pensamento. Privilegiando como ponto de partida os escritos do heternimo louco e filsofo de Fernando Pessoa, Antnio Mora, nosso intuito analisar de que modo sua crítica tradio metafsica ocidental, em ressonncia com a filosofia francesa contempornea de inspirao nietzschiana, pode se constituir como um intercessor capaz de dar a ver uma potncia impessoal atuando entre a filosofia e a literatura, representada pelo verso de Alberto Caeiro: a natureza partes sem um todo"
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A presente dissertao toma como propsito as obras poticas de Ricardo Reis e de Paul Celan, acentuando a sua tarefa de originar uma poesia de risco, que experiencia a linguagem e a ameaa. Nesse sentido, a pesquisa desenvolvida reconhece a singularidade da leitura imposta pelos poemas. Tal fato estabelece algumas especificidades da leitura, sem pretender com elas decifrar qualquer contedo nos poemas escolhidos. Dessa maneira, esse trabalho recolhe, coleciona e elege premissas de compreenso derivadas de outros ambientes literrios. Assim, a hiptese fundamental sustentada ao longo da dissertao expe o prprio desempenho da leitura como exerccio de escrita, sem recorrncia a qualquer facilidade contextual, historicista ou formalista; ou melhor: o que ler Ricardo Reis ps Paul Celan, tomando como elemento bsico a prpria experincia de risco da leitura
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A presente dissertao fruto da pesquisa de mestrado realizada sobre o poema Ode martima, de lvaro de Campos, heternimo do poeta portugus Fernando Pessoa. O poema foi estudado luz de consideraes tericas que pudessem sustentar o teor artstico do citado poema, para alm de um posicionamento estritamente analtico. Em outras palavras, as contribuies tericas de Walter Benjamin, Philippe Lacoue-Labarthe, Theodor W. Adorno, entre outros, visa propocionar um discurso de pesquisa que seja potico, respeitando a manifestao literria em questo o poema. Nesse sentido, Ode martima apresentou, ao longo da pesquisa, diferentes temas. Tais temas foram estudados, com o embasamento terico referido, separadamente. So eles: Imaginao, Cais Absoluto, Sonho, Fora e Infncia. Para cada tema, um captulo foi elaborado. Todos os temas pesquisados confluem para a apreenso da potica de lvaro de Campos uma vez que Ode martima um poema singular e fundamental da obra potica do citado heternimo. Desse modo, a pesquisa realizada no se limita abordagem do citado poema, mas alcana demais poemas de lvaro de Campos, de modo que se torna possvel conjeturar acerca da poesia deste heternimo. Partindo, portanto, de um poema, a pesquisa pretende poder dimensionar a obra de lvaro de Campos, pontuando suas particularidades trazidas pela Ode martima, mas tendo cincia de que trata-se de uma proposta entre tantas outras vlidas e enriquecedoras.
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O presente trabalho visa estabelecer uma reflexo sobre o conto e mais propriamente sobre a linguagem como aquilo que propicia e concede ao homem a sua essncia. Para isto, tem como proposta estabelecer uma leitura do livro Grande serto: veredas, de Guimares Rosa, luz de alguns versos de Fernando Pessoa, especialmente um verso do heternimo Ricardo Reis: somos contos contando contos, nada. Nesta esteira, o presente estudo procura estebelecer afinidades eletivas entre os textos pela via do tema proposto. Neste sentido, considera-se que Fernando Pessoa fez da sua vida uma grande obra literria, sendo ele prprio um conto a contar contos, sendo a experincia heteronmica a evidncia do poder de criao da lngua vivenciado pelo escritor. Considera-se tambm que a obra Grande serto: veredas de Guimares Rosa pode ser lida como um grande conto, tendo por base uma declarao feita pelo prprio autor em entrevista. Desta forma, o presente trabalho procura desenvolver o gesto de contar como a forma como o homem torna o mundo habitvel, abordvel, e tambm como a prova de sua prpria existncia, sendo o gesto de colocar as palavras a caminho a forma de realizar a travessia da vida atravs das palavras
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O presente trabalho objetiva o exerccio de criao em torno do dia 8 de maro de 1914, dito como triunfal pelo poeta Fernando Pessoa, nos momentos que antecedem a escrita do poema O guardador de rebanhos, de autoria do heternimo Alberto Caeiro. A partir de versos do poema intenta-se uma construo ficcional fincada em um estado onrico que canal para os fluxos de criao, preparao para o que vai eclodir: um poema potente que emerge do mistrio da heteronmia, renncia do poeta sua voz para dar lugar ao OUTRO que dele difere, porm dele surge, nele mora. H no espao ficcional a ideia de inscrever a data de 8 de maro de 1914 como um terceiro marco na biografia do poeta que negou ter biografia, apenas nascimento e morte como limites entre os quais a vida correu como obra, como fazer poesia. A data que d carne ao poema fico dentro da fico, contraponto de guerra em meio luz da poesia que nasce como tarefa heroica de enfrentamento diante dos perigos do mundo. O trabalho pretende chegar mais perto de uma verdade que s atravs da fico pode ser tocada: sentir o fluxo de um dia no processo de criao do poeta, ser livre como ele, na ousadia de recriar o momento da escrita do poema em 1914
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Esta tese traa um estudo comparativo entre o Romance policial contemporneo e o discurso psicanaltico na produo ficcional de Luiz Alfredo Garcia-Roza (1936-) e Dennis Lehane (1963-), tomando, por base, relaes de aproximao entre os mtodos investigativos na literatura e na psicanlise. Para isso, o corpus constitui-se dos romances O silncio da chuva (1996) e Espinosa sem sada (2006), ambos do escritor brasileiro e Sagrado [Sacred] (2004) e Paciente 67 [Shttter Island] (2005), do ficcionista norte-americano. A anlise destas narrativas revela pontos de aproximao entre os dois discursos inseridos no cenrio cultural catico e desajustado. E questiona a emergncia deste novo contexto sociocultural, onde personagens sem identidade definida, sendo o principal deles, o detetive, realizam sua flnerie atravs de deslocamentos constantes associados paisagem e em busca do desvendamento do crime urbano. Como seres de fico perdidos, estes private eyes precisam encontrar os desajustes psquicos de toda espcie de criminosos da a representao da cidade, que ora se converte no solo para a flnerie dos investigadores, ora contribui para o apagamento e/ou ocultamento das subjetividades criminais. A relao entre os discursos policial e psicanaltico aponta para a associao entre a obscuridade do texto literrio e o da cultura onde estamos inseridos sem falar do mal-estar de um e de outro campo, que tem a ver com as transformaes da esfera da sociedade contempornea
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O livro Contos de amor rasgados, de Marina Colasanti, foi publicado em 1986, dcada de consolidao das conquistas do movimento feminista (Pinto, 2003). O feminismo almejava uma mudana de mentalidade, mudana nas prticas sociais e nos discursos sobre a mulher (ibid.). Entretanto, a mulher nos contos representada de forma peculiar, frustrando as expectativas de uma imagem positiva esperada de uma literatura produzida por uma autora feminista. Este estudo prope a anlise dos contos de Marina Colasanti, destacando algumas questes acerca da representao dos atores sociais em textos-contos que pretendem veicular um discurso de liberao da mulher. Para tanto, dez contos representativos do todo foram selecionados para compor o corpus e utilizou-se o sistema sociossemntico para a representao dos atores sociais proposto por van Leeuwen (1997) e a Lingustica Sistmico Funcional de Halliday (2004) como ferramentas de anlise. Nosso enfoque o da Anlise Crítica do Discurso de Fairclough (1995), que tem dedicado seus estudos s mudanas sociais atravs dos discursos. Consideramos que o movimento feminista se inscreve em algumas mudanas. Nessa perspectiva, Bourdieu (2005) afirma que, apesar do movimento feminista, muito pouco mudou, prevalecendo, ainda, a dominao masculina e a violncia simblica. As categorias de van Leeuwen (op. cit.) da excluso e incluso dos atores sociais no discurso servem de instrumental para uma anlise mais detalhada das relaes homem-mulher, permitindo desvelar algumas questes feministas tematizadas nos contos, questes descritas por Pinto (op. cit.) e apontadas por Bourdieu (op. cit.). Os resultados da anlise dos contos demonstram que a mulher ora est totalmente excluda, ora representada como um pano de fundo (encobrimento), ora enfraquecida (apassivada) em favor de seu marido/amante. Assim, os conflitos gerados a partir das aes do homem sobre a mulher nos contos confirmam certas preocupaes do discurso feminista
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A proposta primeira da dissertao Contra a Luz: insnia, prosa de fico e Graciliano Ramos a de investigar desdobramentos narrativos do tema da insnia na prosa de fico da primeira metade do sculo XX. O primeiro captulo, de um lado, traa um panorama histrico-literrio da insnia da Idade Mdia ao sculo passado e, de outro lado, prope algumas consideraes de cunho psicanaltico sobre o tema. Pretende-se, assim, estabelecer alguns argumentos-chave que se desenvolvero ao longo dos captulos subseqentes, a saber: o de que a escurido e o vazio noturno so altamente propcios concentrao na reflexo em detrimento da ao e que, portanto, possibilitam uma excepcional explorao da subjetividade dos personagens em questo. O segundo captulo pensar tal situao no contexto da prosa de fico moderna, a partir de breves estudos das obras Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust; Livro do desassossego, de Fernando Pessoa (sob o heternimo Bernardo Soares); Funes, o memorioso, de Jorge Luis Borges; e Buriti, de Joo Guimares Rosa. Assim, sero expostas as maneiras pelas quais, nessas obras, as cenas de insnia mostram-se essenciais tanto proposio de uma reflexo sobre a prpria construo da narrativa, quanto permitem o aprofundamento psicolgico dos personagens e o experimentalismo formal. Estes dois eixos permearo a Parte II da dissertao, que ter por foco a obra de Graciliano Ramos. O terceiro captulo analisar a insnia do personagem Paulo Honrio, no romance S.Bernardo, em relao composio da narrativa feita por ele em suas noites em claro. O quarto captulo, dedicado ao romance Angstia, investigar a instalao de um clima angustiado e de experimentaes narrativas a partir das noites insones de Lus da Silva. Por fim, o quinto captulo, abordando os contos Insnia e O relgio do hospital, traar algumas concluses sobre a funo da insnia no estilo de Graciliano Ramos, e propor tambm algumas consideraes finais acerca de toda a dissertao
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O objetivo desta dissertao propor uma viso afirmativa dos narradores-protagonistas dos romances do escritor Joo Gilberto Noll, oferecendo um contraponto crítica que, ao inserir esses narradores-protagonistas na tendncia niilista contempornea de apagamento diante do outro e do mundo, os classifica como fracos. A partir da anlise dos romances Hotel Atlntico (1986), Harmada (1993), A cu aberto (1996), Berkeley em Bellagio (2002), Lorde (2004) e Acenos e afagos (2008), caracterizaremos o sujeito nolliano como um sujeito forte, que chamaremos aqui de sujeito dionisaco. Este sujeito prescinde de uma identidade fixa e bem delimitada e, portanto, dispensa quaisquer tipos de espelhos da conscincia, da identificao, da idealizao. Em vez de atribuir-se a si mesmo uma subjetividade ou um rosto, este sujeito se reconhece na sua existncia mais primordial: o seu corpo indomvel, que, diferente do corpo/imagem da lgica do esteticismo generalizado, refora o carter mltiplo e instvel do sujeito, lembrando que ele regido no pela sua vontade prpria, mas sim pela dinmica da vontade de potncia. Apesar de remeter sempre ao corpo, a literatura de Noll se revela um convite, tanto aos seus narradores-personagens quanto ao leitor, para uma experincia metafsica