263 resultados para Rilke, Rainer Maria, 1875-1926 - Crítica e interpretação
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Uma das instncias de representao do mundo a linguagem. Por meio da lngua representamos dados de nossa experincia fsica e psquica, ou seja, representamos a realidade que nos cerca. Investigar como o homem representa essa realidade uma questo inesgotvel. Desse modo, necessrio selecionar um aspecto dessa realidade, i.e., fazer um recorte. Para tratar de como o homem representa o mundo, foi escolhido como objeto de pesquisa uma das mais recorrentes representaes feitas pela humanidade, a saber, deus. Os questionamentos em torno do personagem deus podem ser considerados uma das questes ontolgicas do homem. No mbito dos estudos da linguagem, a Lingustica Sistmico-Funcional mostra-se como suporte terico ideal, pois entende que a linguagem possui a habilidade de representar a realidade. O propsito da linguagem de representar ideias e expressar experincias remete Metafuno Ideacional que tem como ferramenta de anlise o Sistema de Transitividade. Sendo assim, nosso objetivo investigar, por meio do Sistema de Transitividade da LSF, que representaes de deus Jos Saramago nos mostra em seu ltimo romance, Caim, e responder s seguintes perguntas: Qual a representao do personagem Deus em Caim a partir da investigao dos enunciados do narrador, do personagem Caim e do prprio personagem Deus? A anlise lingustica corrobora ou no o posicionamento de Saramago expresso por meio de um narrador que se coloca contra Deus? Como a anlise lingustica pode corroborar e sustentar uma anlise literria? O conceito de religio e a relao homem-deus tm uma presena constante na obra de Saramago e, em Caim, o autor desconstri uma tradio judaico-crist, atravs das prprias narrativas bblicas do Velho Testamento. Por meio dos processos analisados possvel observar que o divino, na obra em questo, revestido de caractersticas humanas, vingativo, rancoroso e demonstra pouqussima compaixo por suas criaturas. Para Saramago, o Deus cristo faz dos seres humanos suas marionetes, por exemplo, quando induz Caim ao primeiro homicdio da historia crist. Desse modo, o autor desconstri a concepo judaico-crist do Deus justo, onipotente, onisciente e bondoso. Para o autor, Deus egosta, vingativo e se deixa levar pela ira
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Vidas Secas, de Graciliano Ramos considerada uma obra prima da fico regional da Literatura Brasileira da Gerao de 30. O romance um documento sobre a vida miservel de uma famlia de retirantes nordestinos, que sofrem as consequncias da seca no serto. O estudo do vocabulrio que permeia a trajetria dessa famlia gerou as bases para elaborao deste trabalho que tem como objetivo principal a formao de um glossrio de termos regionais nordestinos presentes na obra em estudo, a fim de contribuir com um dicionrio da fico do referido autor. Para isso, faz-se necessrio discorrer sobre a linguagem literria no Brasil a partir do Romantismo at o Modernismo. Expor a curva evolutiva da tradio regionalista brasileira, na fico, do Romantismo at o Modernismo, enfatizando autores e obras que participaram do processo de criao e evoluo do gnero em foco
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Este trabalho visa anlise das poesias erticas e satricas de Manuel Maria Barbosa du Bocage e de sua repercusso na sociedade portuguesa do sculo XVIII. A ironia, por definio, prope a inverso de enunciados, negando o contrrio daquilo que se afirma ou vice-versa. Mas, tal recurso, largamente empregado pelo Poeta, extrapola a mera funo de figura de pensamento, uma vez que, potencializando um poderoso arsenal crtico, propicia a construo de um discurso desestabilizador, cuja inteno colocar em xeque a ideologia oficial. A lrica bocagiana, em sua vertente ertica e satrica, vale-se do deboche, do escracho ou da stira desbocada para colocar s claras a distino entre essncia e aparncia, em uma sociedade cuja moral se constri a partir das crenas religiosas nem sempre professadas, quer pelo corpo social como um todo, quer pelo clero, guardio desta moral. Examinaremos, neste trabalho, os modos de representao discursiva inscritos nesta poesia. Bocage ultrapassou as fronteiras de seu tempo em poemas cuja licenciosidade, muitas vezes, no esconde uma ponta de amargura e sofrimento. Dividido entre dois mundos: o rcade, sob o signo da razo, constitudo de regras rgidas; e o romntico, regido pela paixo, Elmano no esconde o desconcerto, que procura na clandestinidade a via possvel para a expanso de um esprito revoltado
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O presente trabalho tem como objetivo estabelecer, pelo vis da Literatura Comparada, pontos de interseo entre o plano de vingana engendrado pelas personagens, Edmond Dants, no romance-folhetim O Conde de Monte-Cristo de Alexandre Dumas, e Norma Pimentel na telenovela Insensato Corao de Gilberto Braga e Ricardo Linhares. Alm de apresentar um histrico da formao, assim como a evoluo dos gneros, melodrama, folhetim e teledramaturgia. Este trabalho surgiu da vontade de revolver intertextos de obras, em diferentes gneros, que at hoje garantem uma continuidade de aspectos de absoro do grande pblico. Princpios tericos como aqueles de Julia Kristeva sobre intertextualidade, assim como os princpios de arquitexto e hipertexto, propostos por Grard Genette so tomados como norteadores da anlise. Pretendemos, tambm, refletir a respeito das ideias trabalhadas por Pierre Bourdieu sobre o capital simblico e o capital econmico das obras, trazendo tona uma discusso sobre o valor da produo artstica, considerando a sua recepo pelo seu respectivo pblico
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Este trabalho tem como objetivo criar um dilogo entre aspectos da cultura popular presentes no teatro de Plauto na pea Os Menecmos e no teatro de S de Miranda na pea Os Estrangeiros, estabelecendo uma abordagem comparativa entre as duas obras. Pensadores separados por sculos, mas ligados por caracterstica do teatro de natureza popular da Antiguidade, recriada no teatro renascentista portugus do sculo XVI. Plauto ser analisado em sua pea Os Menecmos atravs do texto e das representaes no teatro romano, dos personagens tipo da sociedade e das situaes de fundo cmico. S de Miranda, o verdadeiro mensageiro do renascimento em Portugal, um grande imitador do teatro romano, ser estudado comparativamente atravs de sua pea "Os estrangeiros". O teatro romano renasceu na imitao promovida pelo teatro renascentista portugus do qual S de Miranda o grande representante
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Leitura da narrativa O estrangeiro, de Albert Camus, e da narrativa flmica O homem que no estava l, dos irmos Ethan Coen e Joel Coen, com vistas a propor uma reflexo literria sobre o desconcerto do sujeito num mundo de solido, indiferena e nonsense existencial. Oriundas do esmaecimento de qualquer sentimento diante da inexorabilidade da conscincia da finitude, pelo comparatismo e com apoio no conceito de intertextualidade, so passadas em revista as trajetrias contingentes de Ed Crane − protagonista da obra cinematogrfica − e Meursault, personagem central do romance camusiano. Luz e sombra potencializam a aterradora atmosfera de absurdo na qual se desequilibra Ed Crane, em sua existncia obscura, em contraponto com a claridade reinante no percurso de Meursault. Ambos os personagens so condenados pela sociedade, de maneira inslita e definitiva, por intermdio de textos que denunciam, outrossim, a engrenagem trgica do sistema judicirio, permitindo-nos conectar os citados personagens, Plume Um certo Plume, de Henri Michaux e Joseph K. angstia errante engendrada por Franz Kafka em O processo
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A presente tese est calcada na anlise da obra de Ariano Suassuna, o Romance dA Pedra do Reino e o prncipe do sangue do vai-e-volta, considerado pelo autor como a sua obra maior e, a princpio, o primeiro volume da trilogia A maravilhosa desaventura de Quaderna, o decifrador, e no primeiro volume da segunda parte da trilogia, O rei degolado ao Sol da Ona Caetana. O trabalho consiste, fundamentalmente, em examinar o dilogo estabelecido entre a obra de Suassuna com textos representativos da tradio literria ocidental, mais propriamente com os que remontam ao medievo. Para isso, fez-se um recorte nas relaes que o romance trava com a matria cavaleiresca, principalmente com a Demanda do Santo Graal, na sua estrutura e no desenho psicolgico e moral dos personagens, notadamente de Sinsio, que encarna o mito do heri prometido, cujos paradigmas se assentam na figura lendria do Rei Artur, alm de Galaaz, e na histrica de D. Sebastio, o rei desaparecido de Portugal. Sabe-se que esses reis e heris mticos, considerados salvadores, uma vez que retornariam para restituir ao povo a dignidade e a liberdade perdidas, povoaram o imaginrio ibrico e chegaram ao Brasil trazidos pelos colonizadores europeus. Dessa forma, a cultura popular do Nordeste brasileiro povoada de histrias e lendas eternizadas e recriadas no folclore da regio e na literatura de Cordel. Mas, ao lado do messianismo, outro aspecto faz-se notrio nos personagens de Suassuna: a crueldade. E este tema, bem como o nome do personagem D. Pedro Dinis Quaderna, remete-nos para a histria de alguns reis ibricos da Idade Mdia: Pedro de Portugal e Pedro de Castela, que sero revisitados luz da Crnica de D. Pedro de Ferno Lopes, no intuito de observar-se o dilogo com esta estabelecido por Suassuna, direta ou indiretamente
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Representaes ps-coloniais em Ruy Duarte de Carvalho: uma leitura de Os papis do ingls investiga a narrativa ficcional do romancista e antroplogo angolano Ruy Duarte de Carvalho, partindo do pressuposto de que a obra contm uma intricada rede discursiva em que esto confrontados os discursos colonial, ps-colonial e a crítica do modelo utpico de nao que se buscou construir, e efetivamente se construiu, em Angola aps a independncia. Para-lelamente a essa rede discursiva, a narrativa tambm se constitui de um encontro de diversas formas literrias distintas a poesia, o dirio, a prosa e o ensaio etnogrfico, evidenciando a complexidade do romance em questo. Tendo como base o livro de Ruy Duarte de Carvalho, abordamos a histria literria e poltica de Angola, seu desenvolvimento, suas relaes e ten-ses principalmente com o colonizador europeu, com sua histria passada e, mais recente-mente, com seu perodo independentista, procurando evidenciar como as releituras dos discur-sos histricos e ideolgicos coloniais tornaram-se um campo profcuo para o desenvolvimento de narrativas literrias que ampliam os limites da escrita no mbito ficcional e poltico-ideolgico. Alm dos textos de Ruy Duarte de Carvalho, este trabalho foi desenvolvido utili-zando como eixo norteador textos de estudiosos da literatura angolana, como Laura Padilha, Rita Chaves e Jos Carlos Venncio; tericos que discutem a crítica ps-colonial, como An-tonio Negri, Edward Said, Stuart Hall, Russel Hamilton e Boaventura de Sousa Santos; textos histricos escritos pelo colonizador portugus em solo angolano, como Henrique Galvo, Ralph Delgado e Jos Ribeiro da Cruz; alm de textos escritos por intelectuais africanos, como Aim Csaire e Amadou Hampat-B, e tericos que analisam as relaes entre antropologia e literatura, como James Clifford
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A presente pesquisa objetiva ressaltar a valorizao da mulher na obra do autor portugus Jos Saramago. Buscou-se encontrar os argumentos que justificam esta proposta atravs da leitura sistemtica de dois de seus textos: Memorial do convento e Ensaio sobre a cegueira. Serviram de objeto de estudo as trajetrias percorridas pelas personagens Blimunda, do primeiro ttulo, e a mulher do mdico, do segundo e, assim, foi possvel destacar e analisar, com o auxlio de tericos da literatura e de especialistas na vida e na obra de Saramago, traos que comprovam a importncia das mulheres, de modo geral, em suas histrias. Alm disso, observou-se, nos excertos aqui contidos e retirados das obras estudadas, o modo como estas mulheres assumem o controle das narrativas das quais fazem parte, assumindo a funo de protagonistas. Insta registrar que, assim como elas passam a figurar como personagens principais, tambm foi importante constatar o olhar analtico lanado por Jos Saramago, atravs de suas criaes, sobre a condio humana na sociedade contempornea, apresentanto a mulher como sada para as crises que acometem o homem moderno
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Com base nos pressupostos tericos da Lingustica Textual e Anlise do Discurso, esta dissertao pretende demonstrar que a intertextualidade e a interdiscursividade so elementos lingustico-discursivos fundamentais que atuam no gnero charge na construo de seu sentido, funcionando como importantes recursos argumentativos. Para tanto, o estudo buscar recuperar o contexto de produo das charges analisadas, estabelecer a estreita relao entre o verbal e o no verbal para construo do sentido desse gnero e reconhecer o discurso irnico como uma forma produtiva pela qual a intertextualidade e a interdiscursividade se marcam no gnero em questo, evidenciando o papel argumentativo desses mecanismos dialgicos. O trabalho desenvolvido mediante pesquisa bibliogrfica e anlise de 20 charges de Angeli e Glauco referentes ao primeiro mandato do governo Lula. O recorte temporal justifica-se por ter sido um perodo de efervescncia poltica muito grande, favorecendo a produo de charges bastante expressivas
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A proposta deste estudo analisar o surgimento de uma nova manifestao do inslito ficcional no cenrio literrio francs novecentista, caracterizada pela incorporao inslita de eventos histricos. Em consonncia com o questionamento ps-moderno sobre as limitaes do discurso histrico tradicional, que pretendeu representar fielmente o passado, muitos romances inslitos publicados na Frana na segunda metade do sculo XX inseriram o referente histrico posicionando-o no mesmo grau de realidade que os fenmenos inslitos narrados. Levando em conta o quadro geral da ps-modernidade, pretendemos analisar a confluncia entre elementos inslitos e referncias histricas em Le Livre des Nuits, de Sylvie Germain, publicado em 1984. Tal romance, caracterizado pela fuso entre o ordinrio e o extraordinrio, apresenta eventos histricos, como a guerra franco-prussiana e as grandes guerras mundiais, que provocam reaes sobrenaturais nos personagens. Utilizando a noo de metafico historiogrfica proposta por Linda Hutcheon, analisaremos a incorporao de eventos do passado em Le Livre des Nuits, no como dados histricos, mas como elementos ficcionais que integram a realidade mgica e plural do romance. Esta dissertao visa identificar como os elementos inslitos atribuem uma dimenso scio-histrica aos personagens, analisando os procedimentos textuais que viabilizam a coexistncia entre o real e o irreal no universo romanesco. Para um estudo mais aprofundado dos protocolos narrativos que compem nosso objeto de estudo, examinaremos tambm outros romances publicados no mesmo perodo, como Moi, Tituba, Sorcire... de Maryse Cond e La Sorcire de Marie Ndiaye, que apresentam uma caracterizao similar das manifestaes inslitas, que se integram harmoniosamente realidade histrica dos personagens
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Ao trazer registros de como a cultura rabe ou o imigrante rabe foi representado pela literatura brasileira desde os escritos coloniais, pretendemos refletir sobre a fico brasileira contempornea, que, diferentemente dos perodos anteriores, lana um olhar profundo sobre a imigrao rabe para o Brasil, o que possibilita uma releitura do processo de insero do imigrante na sociedade brasileira, principalmente para os descendentes de primeira e segunda gerao. O corpus escolhido composto por duas narrativas: o romance Dois irmos (2000), de Milton Assi Hatoum, escritor manaura, nascido em 1950, filho de imigrantes rabes srio-libaneses; e a narrativa O enigma de Qaf (2004), de Alberto Mussa, carioca, nascido em 1961, neto de imigrantes rabes. Nossa pesquisa busca demonstrar que as obras ficcionais de escritores descendentes de imigrantes permitem uma reflexo densa sobre os conflitos da condio migrante, porm numa perspectiva diferente da viso estereotipada ou mesmo de uma tematizao preconceituosa. Entendemos ser a literatura um espao privilegiado para trazer tona outras vises sobre a cultura rabe, deixando de lado, consequentemente, a nica histria j delineada pelo colonizador europeu, aquela contida nos livros didticos, divulgada nos grandes meios de comunicao de massa e na histria universal, segundo a qual os rabes so terroristas, fundamentalistas, desumanos, opressores da mulher, o turco da prestao, o vendedor ambulante. Trata-se, assim, de adotar um vis ps-colonial, segundo os estudos de Elona Patri dos Santos (2005), na medida em que, sob tal vis, o colonizado pode relatar a sua experincia, de acordo com a sua prpria verso, com a sua voz. A anlise elaborada por meio de trs eixos: o ethos identitrio, o pathos do exlio e o logos da memria. Com a abordagem desses eixos, buscamos enfatizar a construo, nos dois romances, de um espao de enriquecimento cultural por meio de personagens despidos de exageros folclricos, de uma ambientao sem exotismos, da tematizao de ritos rabes sem esteretipos, e, principalmente, do maior legado da cultura rabe para a humanidade: a lngua rabe. Buscamos, dessa forma, contribuir para uma maior compreenso da fico brasileira contempornea, alm de colaborar com as pesquisas que tratam das representaes e figuraes do rabe produzidas no Brasil
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Este trabalho pretende investigar as relaes existentes entre o mercado, a globalizao, a chamada ps-modernidade e a literatura. Para tanto, inicialmente delineia-se um breve panorama da literatura brasileira contempornea, com a finalidade de expor uma parte do que ora se produz em termos de crítica e de fico. Em seguida, trata-se do controverso conceito de ps-modernidade, com ateno especial s divergncias terminolgicas que vem suscitando, principal tpico objeto das consideraes finais. Analisa-se depois o fenmeno da globalizao, particularmente no que afeta a formao de novas subjetividades, ponderando-se tambm seu impacto na conceituao dos valores em geral e dos valores estticos em particular. Por fim, passa-se ao conceito de resistncia, com base em elementos tericos extrados de Schiller (o papel do artista), Agambem (a questo do contemporneo) e Alfredo Bosi (relaes entre narrativa e resistncia), fechando-se o foco na produo literria, mediante anlise sucinta da narrativa Eles eram muitos cavalos, de Luiz Ruffato
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Este trabalho tem como objetivo identificar os processos atravs dos quais a personagem Zarit, protagonista do romance A ilha sob o mar (ALLENDE, 2010), constri sua identidade de resistncia (CASTELLS, 2013). Sujeito subalterno por ser simultaneamente escrava, negra e mulher (SPIVAK, 2010), ela desenvolve estratgias verossmeis que lhe permitem sobreviver e enfrentar a opresso fsica e identitria tpica de sua condio na colnia francesa de So Domingos, atual Haiti, que vivia, poca, sob o domnio de um modelo poltico e social profundamente patriarcal, escravocrata e racista. A pesquisa assume a perspectiva desenvolvida em torno da literatura de autoria feminina na Amrica Latina (CUNHA, 2004; RAGO, 2004; VELASCO-MARN, 2007; WARD, 2007), segundo a qual, nessa produo especfica, desenvolvem-se representaes de mulher s quais so garantidas a voz e o empoderamento que lhes foram negados em outros contextos de escrita literria. Alinhando a noo de estranhamento desenvolvida pelo formalismo russo (CHKLOVSKI, 2013) com a do uso de procedimentos capazes de conferir literariedade narrativa (LUKCS, 1968), este trabalho verifica a configurao de condies que conferem obra o pertencimento ao contexto das produes desenvolvidas por autoras migrantes ou exiladas (SKAR, 2001). O conceito de hibridismo (CANCLINI, 2011) se soma a esse entendimento, articulando-se, nesta pesquisa, com a perspectiva multicultural de compreenso das identidades (HALL, 2005). Hutcheon (1991) fornece o arcabouo que nos permite o necessrio trabalho com o conceito de sujeito marginalizado e ex-cntrico. Para isso, utilizado tambm o embasamento terico oferecido por Castells (2013) no tocante ao desenvolvimento da noo de identidade de resistncia. As condies histricas e econmicas sob as quais se desenvolveu o regime vigente no ambiente em que se passa a narrativa so verificadas em James (2010) e Blackburn (2003). Para lidar com a vivncia religiosa e cultural experimentada pelos descendentes de africanos naquele contexto, a pesquisa se embasa nos argumentos trazidos por Capone (2011) ao debate acerca desse tema e, por intermdio dos estudos de Garauday (1980) e Lody & Sabino (2011), possvel angariar informaes relativas histria e simbologia envolvidas nas danas de origem africana. O estudo dessas correntes tericas conduz concluso de que o romance A ilha sob o mar encena, na personagem Zarit, a construo de uma identidade de resistncia entre os escravos que, danando, celebravam seus deuses, permitiam o encontro das diferentes culturas das quais eram originrios e fortaleciam a rede de relaes, informaes e colaborao mtua entre os indivduos e as comunidades que pretendiam livrar-se do domnio do elemento europeu e de seu regime escravocrata
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Trabalho de pesquisa que pretende retirar o teatro de Gil Vicente de um possvel perodo mais obscurantista, tardo-gtico, para coloc-lo em meio s grandes transformaes ocorridas na Europa durante o sculo XVI, mais propriamente o Renascimento artstico e cultural. A partir de uma crítica textual de autores contemporneos como Nicolau de Cusa e Martinho Lutero, ou da literatura da Grcia clssica como Plato e squilo, aproximamos o teatro vicentino das fontes clssicas da literatura, ao mesmo tempo em que, por uma crítica de determinadas correntes hegemnicas na anlise da literatura como as que vm do existencialismo e da psicanlise, afastamos seu teatro dessa crítica que antes obscurece do que propriamente o coloca plena luz. Posto na luz correta, vemos um Gil Vicente em meio aos grandes movimentos de transformao da civilizao mediterrnica do sculo XVI.