398 resultados para Arte moderna Séc. XXI Teses
Resumo:
O foco desta dissertao a relao entre Pentecostalismo e a tecnologia televisiva na vila de Provet, uma comunidade evanglica situada na Ilha Grande, municpio de Angra dos Reis, Estado do Rio de Janeiro. Os residentes de Provet so majoritariamente membros da Igreja Pentecostal Assemblia de Deus, situada ali desde princpios da dcada de 1930. A televiso, em contraste, fora introduzida na vila apenas em 1987, mediante o acesso a antenas parablicas. O objetivo central da dissertao compreender o processo histrico e social de insero da tecnologia televisiva na vila de Provet, e como esta tecnologia se relaciona com mdias e prticas Pentecostais de mediao com o transcendental. Condenada num primeiro momento pelo ento pastor presidente da Assemblia de Deus como uma tecnologia exclusivamente diablica e portanto, irrevogavelmente proibida aos membros da igreja , a televiso fora progressivamente ressignificada pelas lideranas da igreja como uma tecnologia ambivalente, a partir da qual tanto Deus quanto o Diabo seriam capazes de operar. A dissertao explora, nesse sentido, o processo de negociao em torno dos significados religiosos atribudos televiso, bem como os regimes normativos relativos ao seu consumo. Dado o status ambivalente da tecnologia televisiva aos olhos das lideranas contemporneas da igreja seu potencial de estar a servio de Deus ou do Diabo, do bem ou do mal , busco compreender uma tica do assistir que parece subjazer o processo de autorizao do consumo da televiso, isto , como um crente deve assisti-la. Assistir televiso de forma eticamente apropriada, portanto, implicaria um conhecimento essencial sobre como assistir. Este conhecimento, argumento, o conhecimento da Bblia. Mediante um regime de verdade bblico, os provetaenses traariam uma distino fundamental em relao aos contedos televisivos considerados factuais ou reais, cujo consumo seria inofensivo ou benfico, e aqueles considerados forjados, encenados ou construdos, cujo consumo seria inapropriado, ou ainda perigoso. Partindo da identificao das telenovelas da Rede Globo como mentiras de natureza diablica, e do telejornal como um espao de aprendizado para o crente, empreendo uma anlise de recepo destes programas, buscando compreender as dinmicas simblicas e sensoriais de identificao das presenas e das agncias de Deus e do Diabo atravs da televiso. O argumento central a ser desenvolvido na dissertao o de que a experincia de assistir televiso em Provet encontra-se estruturada por uma esttica Pentecostal fomentada a partir da Bblia. A partir das prticas religiosas de mediao centradas na Bblia, um regime sensorial Pentecostal fora progressivamente constitudo: uma dada gramtica do sentir os objetos da experincia em relao ao regime de verdade Bblico. Tm-se, desse modo, uma dinmica circular no interior da qual imagens so experimentadas sensivelmente a partir do prisma da verdade Bblica, e tais sensaes, por sua vez, objetificam a realidade dessa verdade no corpo do sujeito. Nessa dialtica entre o crer e o sentir, a experincia sensvel de assistir televiso informada por um entendimento Pentecostal da realidade, e esse entendimento autenticado por aquilo que sentido.
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O objetivo principal deste trabalho ser investigar algumas das teses de Arthur Danto, que reconhece nas prticas artsticas contemporneas um ponto de inflexo a partir do qual um novo paradigma artstico, ainda hoje em plena vigncia, teria se imposto. Abordaremos a obra de Danto a partir do ponto de vista de Gilles Deleuze e Felix Guattari, que em O que a Filosofia? Afirmam ser a filosofia uma criao que consistiria de trs elementos fundamentais, quais sejam: o plano de imanncia, os conceitos e os personagens conceituais. Assim, utilizaremos esta perspectiva para definir o plano de imanncia de Danto, bem como seus conceitos e personagens, aproveitando para refletir sobre a relevncia e validade filosfica de associar escolas filosficas antagnicas, tais como a filosofia americana e a filosofia francesa.
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A tese focaliza alguns dos principais poemas de Joo Cabral de Melo Neto desenvolvidos como crtica potica. O mote da investigao a construo de uma lrica crtico-discursiva, uma produo artstica que avalia a arte com os termos, os instrumentos da prpria arte. Esta perspectiva analtica deflagrada pelos primeiros romnticos (Schlegel e Novalis) e expande-se em duas direes: tanto o poema escrito a partir de uma reflexo sobre a arte ou a natureza (crtico em sua gnese), quanto a crtica, transmutada em poesia. A abordagem comparativa de estncias do poeta com obras picturais nelas referenciadas evidencia o constante dilogo do poeta com as poticas da visualidade e com as concepes estticas da modernidade, mormente com a potica de Joan Mir. Atravs da abordagem comparativa, materializam-se dois caminhos privilegiados de experimentao esttica: o percurso do potico ao plstico, em Joo Cabral; o caminho inverso, na obra do pintor catalo do plstico ao potico. Para ambos os artistas, os processos de explorao das linguagens artsticas ocasionam, como consequncia extrema, a dissoluo do plstico e do potico, rumo ao inefvel na pintura e na poesia. Para Mir, os signos plsticos so poticos, porque guardam em si um universo de possibilidades significativas que transcendem a ordem da prpria coisa em si. E o alcance das transformaes que a sua potica empreende afetar a poesia de modo anlogo: os signos poticos mostram-se plenamente poticos, ao transcenderem a forma e o sentido, no mbito da plasticidade da palavra. Se a palavra pode se tornar matria (passar da abstrao para a concreo), a matria pintada pode ser poesia. Integram a constelao terica desta investigao os principais filsofos que discutem o carter crtico da poesia, desde os filsofos do primeiro romantismo (Schlegel e Novalis), at aqueles cujo pensamento est relacionado modernidade ou ps-modernidade (Benjamin, Adorno, Lyotard, Blumenberg e Agamben)
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Este um estudo sobre as interfaces entre turismo e religio, particularmente sobre busca espiritual e peregrinaes ndia. Os principais temas por mim abordados so religiosidade e turismo (espiritualidade e viagem/peregrinao, na viso dos informantes). Inicialmente estudei um tipo de viajante que parecia conectado a uma rejeio a classificao de turista bem como de religioso. Aps realizar trabalho de campo com diversos informantes na ndia, analisei duas viagens de peregrinao ndia realizadas por um grupo de estudantes de Vedanta do Rio de Janeiro. A questo principal foi entender os significados que assumem estas peregrinaes e as motivaes dos peregrinos. No desenvolvimento da pesquisa, outra questo se revelou fundamental compreender a construo do Vedanta enquanto projeto, bem como o sentido da busca espiritual para o grupo estudado. Esta tese se baseia nas minhas experincias de viagens ndia, nos depoimentos dos tipos de turista que por l encontrei, no grupo de estudantes de Vedanta e suas peregrinaes, e nas aulas de Vedanta que freqentei. Um dos resultados mais significativos foi perceber que os viajantes estudados realizavam suas viagens motivados no s pela dimenso religiosa, como tambm pelas expectativas e ideias culturais relacionadas tanto noo de viagem (o que proporciona a experincia da mesma) como da ndia (lugar percebido como o mais religioso do mundo).
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Esta tese se prope a explorar as relaes entre arte, loucura e polis a partir da aposta de que a vida possa ser permanentemente criada como obra de arte aberta s variaes e diferenciaes inerentes ao viver. Tal procedimento esttico demanda a constituio de espaos-tempo heterotpicos, capazes de simultaneamente engendrar e abrigar contraposicionamentos s polticas de sujeio e controle contemporneos. Para tanto, problematizamos as instituies arte, loucura e polis, extraindo, dessas formas estratificadas, virtualidades que possibilitem a emergncia de modos menores, fazendo-as variar. Partimos da polis, dimenso imaterial e coletiva das cidades, ao mesmo tempo mquina abstrata de engendramento das formas que a habitam, a deslocam, a produzem e forma que a vida assume nesses territrios, para visibilizar como se engendram loucuras e artes de viver. Partimos de fragmentos histricos, literrios e biogrficos para pensar outros modos de habitar e tecer trajetrias na cidade, instando a tessitura de relaes de criao de si e do mundo, por meio da inveno de espaos outros entre a loucura e a arte. Da loucura pensada por Foucault como positividade domesticada pelo saber mdico, instauramos sries da experincia trgica ao fora e, deste, ao fluxo esquizo, proposto por Deleuze e Guattari para finalmente chegar a uma loucura menor, loucura que antes dissoluo das formas identitrias e estabilizadas e que materializa o delrio como dispositivo esttico de criao de mundos. Finalmente, chegamos arte, deslocando-a da dimenso de criao de objetos estticos, para pens-la como dimenso imanente ao prprio viver. Neste ponto nos valemos de Nietzsche, Deleuze e Foucault para pensar a vida como experimentao que resiste s armadilhas que a aprisionam em modelos prestabelecidos, vida que se cria a cada instante como obra de arte. Ativando, portanto, uma arte menor, arte de viver, damos corpo proposio foucaultiana de uma esttica da existncia, procedimento por meio do qual se cria a si mesmo ao criar-se outro nas relaes com o mundo. Procedimento, portanto, esttico, tico e poltico. Instabilizadas e problematizadas as formas iniciais polis, loucura e arte , tomamos os casos Bispo do Rosrio e Moacir para investigar, em suas trajetrias, como possvel do entrelaamento entre elas, se constiturem estilizaes da existncia, de forma a fazer derivar o real e ficcionar modos de viver. Por fim, recorremos poesia, delrio das palavras para ensaiar possibilidades de criao de espaos-tempo singulares, heterotopias menores, espcies de utopias efetivamente realizadas, como afirma Foucault, que nos permitam fazer da vida obra de arte.
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Este trabalho visa descrever a experincia de uma pesquisa em psicologia social desde seus momentos iniciais onde o problema de pesquisa ainda se delineava, passando por todas as suas desconstrues a partir do encontro com o campo de pesquisa: a prtica do parkour. As ferramentas metodolgicas que foram utilizadas vo igualmente recebendo sua forma de acordo com as demandas dos encontros: seguir os atores, acompanh-los em suas controvrsias, aprender com eles, levar a srio suas recalcitrncias, compartilhar um campo de afetos, compartilhar uma experincia de cidade e explicitar os processos de traduo da pesquisa. Questes da materialidade, da alteridade, do corpo, da cidade emergem nesse processo, no entanto, busca-se efetivamente descrever um processo de pesquisa medida que se coloca a questo de pesquisar como uma poltica ontolgica capaz de inventar e re-inventar o pesquisador e as questes que levanta na prpria relao com aquilo que o leva a pesquisa.
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A pesquisa analisa os discursos construdos em torno da manifestao cultural conhecida como grafite, abordando os conceitos flutuantes sobre o que seria grafite e o seu papel no mundo da arte. O grafite abordado como uma manifestao cultural urbana, tpica das grandes metrpoles contemporneas, destacando-se seu carter popular, que surge e se desenvolve a partir do cotidiano das pessoas no meio social. Foram enumerados e analisados os recursos utilizados para a construo ideolgica do grafite como arte e como se d esta relao, que ocorre de maneira negociada
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A partir da perspectiva terica de que o fortalecimento da democracia representativa vincula-s ao desenvolvimento da democracia participativa, este trabalho visa a analisar o exerccio da participao poltica por meio do uso de ferramentas de tecnologia de informao e comunicao (TICs) no que se refere elaborao de polticas pblicas durante o processo legislativo. Alm de avaliar outras experincias internacionais com esse intuito, o presente trabalho tem como base a realizao de estudos de caso referentes a prticas participativas digitais desenvolvidas por parlamentos, em especial sobre o Programa e-Democracia da Cmara dos Deputados brasileira e o Projeto Senador Virtual do Senado chileno. Por meio de metodologia qualitativa, o estudo concluiu que tais projetos apresentam resultados ainda incipientes quanto melhoria de representatividade na tomada de deciso, de agregao de inteligncia coletiva no processo legislativo e de transparncia da atuao parlamentar, elementos caros democracia participativa e deliberativa. No obstante, essas experincias tm o mrito de contribuir para a construo gradual de mecanismos participativos mais efetivos e complementares ao sistema de representao poltica
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Esta tese tem por objetivo analisar neologismos no contexto da poltica nacional coletados na imprensa, no incio do século XXI. Busca-se compreender como esto se refletindo as mudanas sociais e polticas em nossa lngua e em que medida a lngua reflete essas mudanas. O dispositivo terico so os princpios contidos na Anlise do Discurso, com suporte, essencialmente, em estudiosos como Patrick Charaudeau, Dominique Maingueneau e Michel Pcheux, e nos conceitos articulados no campo da Lingustica Cognitiva no que diz respeito mobilizao das relaes de sentidos. Investiga-se a presena ou no de traos de pejoratividade e ironia nesses novos termos, bem como os aspectos intertextuais e interdiscursivos envolvidos nesse jogo de criao verbal, o que conduz s noes de palavra-chave, palavra-testemunha, palavra-escudo e palavra-espada, levando-se em conta que os termos representam e incorporam as marcas da sociedade e dos processos polticos vivenciados. Traz-se, ao final, uma anlise do corpus coletado, um total de 215 verbetes
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O objetivo deste estudo foi investigar os dispositivos que permitem instituir a "violncia" na contemporaneidade como uma questo constituinte e mobilizadora de coletivos (para o seu estudo, o seu combate, a sua divulgao, proteo frente mesma, atendimento s suas vtimas e atendimento ou punio a seus agentes), na cidade de Chapec. Para esta finalidade, foram utilizados princpios, regras e propriedades metodolgicas da Teoria do Ator-Rede, concebida por Bruno Latour, John Law e Michel Callon, que guiaram a etnografia realizada; a Teoria da Sociedade Global de Riscos, proposta por Ulrich Beck, que permitiu compreender configuraes contemporneas; e noes de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Felix Guattari que possibilitaram focar processos vinculados s gestes das violncias, como a mdia e as tecnologias de vigilncia e controle. A violncia foi constituda como um artefato da pesquisa e conduziu ao conhecimento dos vrios sentidos tomados no espao de sua circulao. No lugar de tomar uma definio a priori para relacion-la ao emprico, o estudo optou por uma forma de compreend-la, com base nos referenciais escolhidos: no como causa, mas como efeito, configurando redes sociotcnicas que articulam diferentes elementos; no um reservatrio que forneceria automaticamente uma explicao, mas o resultado final de um processo, que envolve mediadores em sua fabricao. A pesquisa foi realizada em Chapec, cidade de porte mdio, localizada no Oeste de Santa Catarina, diferenciando-se dos grandes centros urbanos, nos quais as violncias vm sendo predominantemente estudadas. O trabalho de campo englobou diferentes momentos (2004, 2005 e 2006) e trilhou diferentes caminhos para a coleta de indicadores. O primeiro investigando histrias da cidade e regio com nfase nos estudos referentes a situaes que ficaram marcadas como violentas. O segundo observando a cidade como um todo, tendo em vista eventos, atores e coletivos que se constituram vinculados categoria violncia. O terceiro focando e descrevendo cinco eventos contemporneos especficos vinculados s prticas violentas, gesto das violncias, produo de segurana e mdia escrita de Chapec. A amplitude e a diversidade, abrangidas pela etnografia, evidenciaram que as configuraes das prticas violentas se constituem conectadas aos processos de inscrio dessas prticas, aos processos de traduo das categorias que as definem e as estratgias de gesto das violncias, que implicam em tecnologias de vigilncia e controle. As mltiplas entradas para abordar o tema fizeram ressoar as misturas que envolvem a sua discusso, a infinitude de variveis em jogo e a multiplicidade que compe as violncias. Os eventos estudados tornaram perceptvel a trama de redes que constituem a violncia no municpio, redes que disputam e fazem alianas, conectando uma diversidade de actantes que as fabricam cotidianamente. Dessa forma, a violncia no deve ser delegada a alguns atores apenas, mas pode ser compreendida como efeito de redes sociotcnicas extensas que articulam diferentes actantes, a partir dos vnculos que os ligam, da traduo dos interesses que os unem e dos traos que inscrevem os seus deslocamentos.
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Esta tese versa sobre a histria da implantao de uma reforma de ensino implementada durante dois governos petistas no municpio de Chapec, Santa Catarina. No desenvolvimento do texto busco, a partir das falas coletadas em entrevistas realizadas com professoras, analisar os efeitos produzidos no cotidiano docente a partir da referida reforma. Inicio o trabalho apresentando diversos momentos da histria poltica e educacional brasileiros nos quais diferentes reformas de ensino foram realizadas, apontando as inter-relaes existentes entre as polticas governamentais e as polticas de educao. Em seguida, apresento o cenrio especfico Chapec no qual ocorreu a reforma estudada. Neste ponto procuro apresentar a constituio poltica do municpio e discutir a novidade que um governo, considerado progressista, pode trazer para o campo da educao. Ao final analiso as entrevistas apontando e discutindo os efeitos que a reforma do ensino provocou, a partir das consideraes feitas pelas professoras. Partindo de uma perspectiva transdisciplinar busco, auxiliada por referncias das cincias humanas e sociais (poltica, histria, sociologia, economia, psicologia) e da filosofia da diferena, compor um dispositivo metodolgico que abarque a complexidade da temtica proposta. Concluo o trabalho considerando que os efeitos produzidos pela citada reforma de ensino foram variados e s devem ser considerados em sua provisoriedade.
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O projeto Intimidades possui dois desdobramentos: um prtico, que corresponde a um filme de cinquenta e cinco minutos, e um terico, que representado pelo presente texto. O filme pretende ouvir as pessoas que realizam trabalhos considerados desprezveis na nossa sociedade: so os homens e mulheres do labor, nossos pequenos escravos assalariados. Tendo este objetivo, buscou-se encontrar uma forma plstica (esttica) para o filme que conseguisse escapar s determinaes do poder, que so representadas pela televiso e pelo cinema comercial. Para tanto, recorreu-se a conceitos e ideias desenvolvidas pelo filsofo Gilles Deleuze e pelo terico do cinema Andr Bazin. Conceitos como o de intercessores, de potncias do falso, de falncia do esquema sensrio-motor, de plano centrfugo e de plano sequncia foram articulados no presente texto e serviram como base terica para se encontrar a forma do filme. Neste movimento entre a teoria e a prtica, o projeto Intimidades colocou o pensamento da filosofia em contato com o campo extra-filosfico da arte, atravs do exemplo prtico do filme
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Esta proposta de estudo aborda questes relativas a polticas pblicas de cultura. Tem por referente o samba de coco nas comunidades afrodescendentes de Castainho e Atoleiros, situadas nos municpios de Garanhuns e Caets, do agreste de Pernambuco, regio que se constitui parcela de territrio do antigo quilombo dos Palmares, um dos principais focos de resistncia dos escravos negros do Brasil colonial, que se manteve inclume durante quase um século. Na regio atribuda existncia do antigo quilombo esto vrios grupos autointitulados remanescentes, que fazem dos ideais de fora e resistncia quilombola sua prpria vida. O ttulo do estudo Brincadeira e arte: patrimnio, formao cultural e samba de coco em Pernambuco. O objetivo geral relacionar o processo de criao em manifestaes artsticas populares com as polticas institucionais empreendidas, numa perspectiva intercultural e transdisciplinar, tomando como referencial emprico a brincadeira de samba de coco nos municpios de Garanhuns e Caets, em Pernambuco, respectivamente nas comunidades Stio Castainho e Stio Atoleiros, atravs da Banda Folclore Verde do Castainho e do Samba de Coco Santa Luzia. A ideia viabilizar um estudo que se reporta ao conceito de patrimnio cultural tnico brasileiro, percebendo cultura como uma construo histrica da humanidade e compreendendo a manifestao artstica como patrimnio imaterial. Trata-se de uma anlise sobre grupos brincantes do chamado samba de coco como manifestao plural, de caractersticas diversificadas, que ambiciona influenciar polticas pblicas destinadas a artistas populares ligados msica, ao canto, dana e literatura popular, encarnada em letras de canes, cujo contedo repassado s novas geraes atravs da oralidade ou por aes de formao cultural, como iniciativas do poder pblico. Polticas pblicas de cultura, patrimnio e formao cultural para preservao so as palavras-chave para identificao das condies atuais da relao entre artistas e gesto pblica, considerando a perspectiva de educao no formal, no sentido atribudo pela UNESCO, referenciando-se em depoimentos como principal fonte. Conhecer algumas dimenses do imaginrio mtico-simblico que envolve produtores e gestores, fundamento para o estudo, que se constitui a partir do levantamento, caracterizao e anlise da relao entre artistas e instituies de cultura, em diversas instncias, considerando ideais de modernidade, permanncias e transformaes observadas no exerccio, difuso e gesto da brincadeira. Os produtores do Povoado Atoleiros so criadores do samba de coco, brincadeira de adultos que se traduz em espao de confraternizao e comunho e recebe interferncia do poder pblico municipal, em Caets, um dos municpios do entorno de Garanhuns, na periferia do qual est tambm o Stio Castainho. Este, a partir de formas diversas de articulao, contemplado por aes das gestes pblicas municipal, estadual e federal, especificamente dentro do Festival de Inverno de Garanhuns FIG. A abordagem contempla a situao das duas comunidades, mas no elimina o reconhecimento de outros locais para a brincadeira do samba de coco e aes de preservao a ela direcionadas, como partes de um processo cultural que tambm e necessariamente educativo e, em suas possibilidades de rupturas e continuidades, forma geraes.
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Ao visualizar uma figura de nariz vermelho, sapatos grandes e roupas coloridas, muitos podem acreditar que esto diante de um palhao. Entretanto, o referido personagem no se caracteriza pela indumentria, mas sim por assumir-se ridculo e criar a partir disso. Ele no quer se curar de seus defeitos, pelo contrrio, quer utiliz-los para produzir riso. Utilizando a psicanlise como instrumento de interpretao, possvel compreender que o palhao se define por um modo de relao especfico com a falta, radicalmente diferente da forma neurtica e sintomtica. Por meio do chiste e do humor, ele acolhe o real inquirindo a realidade e demonstrando com o nonsense que todo sentido parcial. O chiste elucida a estrutura do inconsciente a qual o palhao sabe ser incurvel. O humor possui a capacidade de rejeitar as reivindicaes da realidade e efetivar o princpio de prazer, com a grande vantagem de no ultrapassar os limites da sade mental. Assim, ele transforma as ocasies traumticas em oportunidades para a obteno de prazer, uma vez que no humor o ego se recusa a sofrer rejeitando as reivindicaes da realidade.
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Lima Barreto aborda o intelectual do seu tempo a partir do seu ideal de arte social, e dentro deste ideal de arte o intelectual aquele que mantm articulao com o saber, e faz disto um benefcio para a coletividade (OAKLEY, 2011). Portanto, este trabalho aborda as figuraes da intelectualidade no Brasil utilizando a idealizao de arte e intelectual de Lima Barreto em nossas anlises sobre a figura do intelectual. Inevitavelmente ao tratar da temtica do intelectual no poderamos deixar de abordar a prpria figura de Lima Barreto como intelectual em seu tempo. Assim sendo, busca-se compreender Lima Barreto como intelectual preterido por seus contemporneos, bem como no engajado em lutas de classes sociais, distante de qualquer categoria de intelectual orgnico de Gramsci. Com isto infere-se que Lima Barreto no fazia parte da elite intelectual da Belle poque, e nem era porta-voz do subrbio. Ele foi um escritor e intelectual militante somente de uma causa: a arte como ferramenta para comunho entre os homens. Escolhemos o gnero crnica por ela ser algo dirio, escrita de observador e gnero onde Lima pode explorar a sua escrita irnica e sarcstica sobre diversos temas, em especial o intelectual (S, 2005). Portanto, as crnicas de Lima Barreto podem nos oferecer uma melhor representao dessas figuraes do intelectual, seja na poltica, imprensa ou literatura. Lima Barreto vai construir seu ideal de arte e intelectual dentro da sociedade Belle poque, sociedade essa que abrigava um trabalho de elaborao da literatura em que a forma era mais importante do que o contedo e fomentava a poltica de modernizao do pas numa clara imitao dos modos e costumes europeus em nossa literatura. Ao contrrio disto, Lima Barreto defendia que o importante, para o intelectual, era o trato com o contedo, ser contemporneo, uma relao verdadeira com a inteligncia e que sua escrita estivesse a servio do bem comum. Evidente que a literatura idealizada por Lima Barreto era utpica, mas militante, e por isso que ele, Lima Barreto, um intelectual de resistncia