112 resultados para conceito de Saúde doença e Paciente
Resumo:
Este estudo teve por objetivo investigar a relao trabalho / saúde em trabalhadores de cozinhas industriais, focalizando o aspecto socioeconmico e outras dimenses da vida social (estresse no trabalho e eventos de vida produtores de estresse), incluindo-se morbidade (obesidade, doenças crnicas e transtornos mentais comuns), condio laboral (incmodos ambientais e acidentes de trabalho) e comportamentos relacionados saúde (consumo alimentar, tabagismo e lcool). Utilizando dados coletados nos nove Restaurantes Populares do Estado do Rio de Janeiro, apresentam-se trs artigos. O primeiro descreve a populao de estudo, considerando trs grupos ocupacionais: Administrativos, Cozinheiros e Copeiros, e os Auxiliares de Servios Gerais. O segundo artigo investiga a associao entre as caractersticas psicossociais e o impedimento laboral por motivos de saúde, considerando uma anlise hierarquizada e, finalmente, o terceiro artigo discute a certificao da reprodutibilidade, na populao de estudo, do questionrio sueco da verso para o portugus do Demand-Control Questionnaire (DCQ), utilizado para avaliar estresse no ambiente de trabalho. Os homens representaram 62,7% do total de trabalhadores. A idade mdia dos funcionrios foi de 35,1 anos, (DP=10,3). A renda familiar lquida foi de at dois salrios mnimos para 60% dos trabalhadores. Obteve-se para o tempo de trabalho em cozinhas, uma mdia de 59,8 meses, tendo variado de um mnimo de 2 meses e mximo de 30 anos. A prevalncia de doenças que tinham diagnstico mdico foi de 15,0% para Doença Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT); 14,3% para Hipertenso Arterial Sistmica; 12,7% para Gastrite; e, 2,1% para Diabete Mellitus tipo II. O acidente de trabalho corte foi relatado por 20,2% dos trabalhadores, seguido de contuso com 16,0%. A prevalncia de acidentes de trabalho foi mais expressiva entre os ASG. A prevalncia de impedimento laboral por motivos de saúde foi de 10,8%. Os modelos resultantes das anlises multivariadas de associao entre impedimentos das atividades laborais e as variveis que permaneceram no modelo final aps o ajustes das variveis indicaram que aqueles que referiram estado geral de saúde regular e ruim tiveram uma razo de prevalncia de trs para impedimento das atividades laborais comparados aos de muito bom e bom estado geral de saúde (RP: 3,59; IC:1,44-8,97). Os trabalhadores que exerciam suas atividades nos restaurante localizados na rea 2 (Bangu, Central do Brasil, Maracan e Niteri) apresentaram RP:2,38; IC:1,15-4,91) para ausncias no trabalho quando comparados aos da rea 1 (Barra Mansa, Campos, Itabora, Duque de Caxias e Nova Iguau). A confiabilidade da escala do DCQ, teste-reteste, produziu um Coeficiente de Correlao Intraclasse para as dimenses: demanda psicolgica, controle do trabalho e apoio social no trabalho de 0,70, 0,68 e 0,80, respectivamente, sendo considerados bom. Este estudo refora a importncia dos aspectos psicossociais na ocorrncia do impedimento por motivos de saúde e contribui para o conhecimento dessas relaes. Sugere-se realizar estudos com desenho longitudinal, que permitam aprofundar o conhecimento sobre os determinantes psicossociais do trabalho e o absentesmo.
Resumo:
A Doença Celaca (DC) uma doença autoimune que afeta o intestino delgado de indivduos geneticamente susceptveis aps contato com o glten. Diversos estudos tm relatado aumento da prevalncia ao longo dos anos. Objetivo: Determinar a prevalncia de DC em pacientes adultos sem diarreia encaminhados Disciplina de Gastroenterologia do HUPE da UERJ para serem submetidos a Endoscopia Digestiva Alta (EDA).Comparar os resultados do histopatolgico das bipsias duodenais com os resultados sorolgicos, utilizando o anticorpo antitransglutaminase tecidual IgA (ATGt IgA). Mtodos: Pacientes que foram encaminhados ao nosso servio para serem submetidos a EDA entre Julho de 2008 e Julho de 2010, com idade entre 18 e 85 anos foram aceitos no estudo. Critrios de excluso foram cirrose, neoplasias do trato gastrointestinal, HIV, uso de imunossupressores e anticoagulantes, diarreia, hemorragia digestiva e DC. Coleta de sangue para pesquisa do anticorpo ATGt IgA (utilizando KIT ORGENTEC - Alemanha), avaliao endoscpica e exame histopatolgico das bipsias de segunda poro duodenal foram feitos para cada paciente. Bipsias foram avaliadas de acordo com o critrio de Marsh modificado. Resultados: Trezentos e noventa e nove pacientes consecutivos (112 homens, 287 mulheres), mdia de idade 49,616,4 anos, variando de 18-85 anos, sem diarreia, foram prospectivamente aceitos. Os sintomas clnicos mais prevalentes foram dor abdominal em 99,5%, pirose em 41,1%, plenitude ps prandial em 30,6%, nuseas e vmitos em 21,3%. Os achados endoscpicos foram: normais em 41,6%, leses ppticas (esofagite, gastrite, duodenite e lceras) em 41,6%, hrnia hiatal em 5,5%, plipos gstricos em 3%, neoplasias em 1,3% e miscelnea em 7%. DC foi endoscopicamente diagnosticada em 13 pacientes (3,3%) com mucosa duodenal exibindo serrilhamento das pregas em 8 (2%), diminuio do pregueado em 2 (0,5%) e mucosa exibindo padro nodular e mosaico em 3 (0,75%). Os achados histopatolgicos de duodeno foram normais em 96,7%, duodenites inespecficas em 2,7% e 3 pacientes (0,75%) confirmaram DC pelos critrios de Marsh modificado (IIIa, IIIb e IIIc). O anticorpo ATGt IgA foi positivo (>10 U/ml) em 1,3% (5/399). Concluso: Este estudo mostrou que a prevalncia de DC em pacientes disppticos sem diarreia atendidos na Disciplina de Gastroenterologia e Endoscopia do HUPE/UERJ foi de 0,75% (1:133). A acurcia diagnstica do anticorpo ATGt IgA boa para pacientes com Marsh III e achados endoscpicos sugestivos. Nenhum dos pacientes tinha alteraes Marsh I ou II. A EDA se mostrou um excelente mtodo de triagem para definir os pacientes com graus mais acentuados de atrofia e que se beneficiariam de bipsia e sorologia para confirmao diagnstica. Os resultados obtidos neste trabalho no justificam uma triagem rotineira de DC.
Resumo:
A partir da formalizao do Programa de Agentes Comunitrios de Saúde e do Programa Saúde da Famlia pelo Ministrio da Saúde (anos 90), as discusses sobre a reorientao dos modelos assistenciais ganham destaque. O Programa Saúde da Famlia passa a ser visto por boa parte dos profissionais de saúde coletiva como um modelo capaz de imprimir mudanas no apenas na ateno em si como tambm na dinmica dos processos. Ao propor a substituio das estratgias tradicionais, voltadas para a doença e centradas no hospital, a nova proposta voltase, entre outros aspectos, para a ao preventiva e para a promoo da saúde. Busca contemplar tambm a ateno s necessidades de saúde da populao adscrita, a famlia e seu territrio, aes intersetoriais e tem na equipe multiprofissional pilar importante no cuidado. O Agente Comunitrio de Saúde se apresenta como ator importante na possibilidade de mudana de modelo assistencial; atuando intensamente na produo do cuidado assim como na organizao de tal assistncia. Criam-se conflitos acerca da percepo de potencialidades e da possibilidade de interao entre os diversos aspectos envolvidos neste contexto. Este trabalho buscou investigar a percepo de Agentes Comunitrios de Saúde do municpio de Petrpolis RJ acerca dos saberes envolvidos na sua prtica. A estratgia metodolgica utilizada para coleta de dados em campo foi a de entrevistas semi estruturadas. O corpo textual gerado pelas entrevistas foi analisado com base na teoria da Anlise do Discurso. Este estudo concluiu que o saber do Agentes Comunitrios de Saúde aponta para uma posio que vai alm de ser ponte ou de fazer ponte. Argumenta que a potencialidade deste saber a de ser como a linha de costura entre comunidade e as propostas de cuidado. Esta imagem indica que ao pertencer em algum momento a ambos tecidos, e ao fazer o movimento de pertencer ora ao tecido comunidade e hora ao tecido UBS, o ACS pode aproximar essas partes na busca da construo de algo mais unificado. Como em uma colcha de retalhos, onde cada tecido mantm suas caractersticas e padronagens iniciais, mas aos serem costurados, formam algo nico, inteiro.
As relaes interpessoais no cuidar do cliente em espao onco-hematolgico: uma contribuio do enfermeiro
Resumo:
Durante minha trajetria profissional experenciando o cuidar de clientes portadores de doença onco-hematolgica percebi a luta destes seres humanos pela vida e como a relao enfermeiro-cliente era vital para a realizao do cuidado. O enfermeiro interage grande parte do tempo com esta clientela a qual percorre uma trajetria de re-internaes e longos perodos de tratamento. Nesse sentido, entendendo que a relao interpessoal como uma condio importante para que o enfermeiro compreenda o outro em sua totalidade e preste um cuidado singular, delimitei como objeto de estudo as relaes interpessoais do enfermeiro na ao de cuidar do cliente internado para tratamento onco-hematolgico. Para tanto, o objetivo foi compreender o significado das relaes interpessoais na ao de cuidar do enfermeiro junto ao cliente internado para tratamento onco-hematlgico. Trata-se de estudo de natureza qualitativa, cujo referencial terico pautou-se nas concepes da fenomenologia sociolgica de Alfred Schutz. O cenrio de realizao do estudo foi a enfermaria de Hematologia de um Hospital Universitrio Federal do estado do Rio de Janeiro e os sujeitos foram todos os seis enfermeiros lotados nessa unidade. Antes da etapa de campo e em cumprimento aos princpios ticos da Resoluo 196/96 do CNS que trata da pesquisa com seres humanos, o projeto foi submetido ao Comit de tica dessa instituio cenrio do estudo, sendo aprovado com o Parecer n 092/11. A captao das falas deu-se por meio de entrevista com a utilizao das seguintes questes orientadoras: fale para mim sobre as aes que voc desenvolve junto ao cliente internado para tratamento onco-hematolgico; o que significam as relaes interpessoais na ao de cuidar do cliente internado para tratamento onco-hematolgico?; e o que voc faz para que esta relao acontea? A anlise compreensiva das falas possibilitou a apreenso das categorias: cuidar atravs de procedimentos tcnicos e cientficos, orientando para o enfrentamento da doença e atender o paciente na perspectiva de suas necessidades estabelecendo a relao interpessoal entre enfermeiro e o cliente. O enfermeiro descreve as aes desenvolvidas junto ao cliente em tratamento onco-hematolgico como um fazer tcnico, rico em procedimentos, que tem em vista apoiar o cliente para enfrentar o tratamento difcil de uma doença grave, a partir de suas necessidades, estabelecendo uma relao ntima, transparente e forte, ocorrendo de forma espontnea e natural. Para estabelecer esta relao os enfermeiros utilizam estratgias como: a empatia, a brincadeira, o carinho, a confiana e a disponibilidade para promover o cuidado de enfermagem. As relaes interpessoais se mostraram inerentes ao de cuidar desse enfermeiro, ator social da equipe de saúde, o qual possui a disponibilidade para interagir com o cliente, transcendendo o aspecto tecnicista, fazendo parte de sua identidade profissional o constituinte relacional.
Resumo:
O estudo emergiu da minha experincia profissional como enfermeira de um hospital especializado em oncologia, no qual me deparei com crianas internadas e consideradas fora de possibilidade de cura atual acompanhadas de um familiar. considerado fora de possibilidade de cura atual, o paciente para o qual foram esgotados todos os recursos atuais conhecidos para sua cura, a incorporao dessa concepo de cuidar, possibilitou o desenvolvimento do cuidado paliativo. Cuidados paliativos so os cuidados ativos totais de pacientes cuja doença no responde a um tratamento curativo. O objetivo do cuidado paliativo alcanar a melhor qualidade de vida para os pacientes e suas famlias. O objeto de estudo desta pesquisa foi ao de cuidado do enfermeiro criana hospitalizada portadora de doença oncolgica e fora de possibilidade de cura atual. Tendo como objetivo: analisar compreensivamente o cuidado do enfermeiro criana hospitalizada portadora de doença oncolgica fora de possibilidade de cura atual. Estudo de natureza qualitativa, desenvolvido com o apoio da fenomenologia sociolgica de Alfred Schutz por possibilitar a apreenso da ao desse cuidar, como uma conduta humana, num processo contnuo a partir de um projeto pr-concebido. Os sujeitos do estudo foram 12 enfermeiros que trabalham nas enfermarias de oncologia e hematologia do setor de internao peditrica de um hospital pblico federal especializado em oncologia, localizado no municpio do Rio de Janeiro. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comit de tica (n 43-11). A apreenso das falas deu-se por meio de entrevista fenomenolgica guiada pela seguinte questo orientadora: Quando voc cuida da criana em tratamento oncolgico fora de possibilidade de cura atual, O que voc tem em vista? A anlise compreensiva mostrou duas categorias concretas do vivido emergidas das falas dos sujeitos da pesquisa. So elas: conforto e minimizar a dor. O estudo possibilitou entender que ao cuidar da criana considerada fora de possibilidade de cura atual o enfermeiro desenvolve suas aes na perspectiva de confortar e minimizar a dor da criana. Neste contexto, tambm direciona o seu cuidar para o familiar ali presente, promovendo apoio e ajuda, estabelecendo uma relao de confiana construda em funo do longo perodo de hospitalizao que ocorre nas doenças oncolgicas. Nesse sentido, o enfermeiro se volta para o familiar como foco central de sua ao de cuidar, com o intuito de apoi-lo nesse momento especial de sofrimento pela doença de sua criana. A criana deixa de ser o centro das atenes de cuidar que passa, ento, a ser o familiar de cada criana.
Resumo:
Vulnerabilidade e empoderamento apresentam-se como elementos presentes na vida profissional e pessoal dos enfermeiros. Delimitou-se como objeto de estudo as representaes sociais elaboradas por enfermeiros que cuidam de pacientes com HIV/Aids acerca de sua vulnerabilidade no contexto do cuidar em enfermagem. O objetivo geral foi analisar as representaes sociais construdas por enfermeiros acerca de sua vulnerabilidade no contexto do cuidado que exercem. Trata-se de pesquisa qualitativa, descritiva e exploratria, orientada pelo referencial terico-metodolgico das Representaes Sociais em sua abordagem processual. Participaram do estudo trinta enfermeiros de um hospital pblico municipal do Rio de Janeiro. Como tcnicas de coleta de dados foram utilizados o questionrio sociodemogrfico e a entrevista semiestruturada em profundidade. Como tcnica de anlise de dados adotou-se a anlise de contedo temtico-categorial proposta por Bardin, sistematizada por Oliveira e operacionalizada pelo software QSR NVivo 9.0. Entre os sujeitos, h predomnio do gnero feminino, da faixa etria de 41 a 45 anos, da realizao de ps-graduao lato sensu e de tempo de atuao mnimo de 16 anos em HIV/Aids. Sete categorias emergiram na segmentao do material discursivo: 1) O acesso a informaes, a formao profissional e o desenvolvimento da naturalizao da aids atravs da experincia: elementos de vulnerabilidade e de empoderamento; 2) A instituio hospitalar e sua infraestrutura como polo de vulnerabilidade e de empoderamento nas construes simblicas de enfermeiros que cuidam de pacientes com HIV/Aids; 3) Entre o risco e a preveno: a vulnerabilidade e o empoderamento no contexto dos acidentes ocupacionais biolgicos e as prticas preventivas adotadas por enfermeiros frente ao HIV/Aids no cotidiano hospitalar; 4) Relaes interpessoais entre enfermeiro e paciente soropositivo para o HIV enquanto mediadoras da vulnerabilidade e do empoderamento de ambos; 5) As limitaes psquicas enfrentadas por enfermeiros no vivenciar do trabalho junto a portadores do HIV/Aids; 6) A busca pela espiritualidade e pela religiosidade como bases de apoio para a vida profissional contextualizada na aids; e 7) O HIV e a aids no contexto de diferentes modalidades de relacionamento: a presena do risco como elemento organizador da discursividade. Na vida profissional, as representaes sociais da vulnerabilidade so compostas pela fragilidade, pelo risco e pela dificuldade. O empoderamento, por sua vez, emerge sustentado por um tripformado pela proteo, suporte e satisfao como elementosdo bem-estar. Na vida pessoal, o risco possui centralidade nas representaes. J o empoderamento se mostra oriundo do bem-estar e da proteo. Conclui-se que a reconstruo sociocognitiva da vulnerabilidade e do empoderamento permitiu o acesso ao arsenal simblico do qual o grupo dispe para a superao do que o ameaa. Vulnerabilidade e empoderamento so, portanto, diversificados e mutveis em suas bases e produtos e, em movimentos de balano e contrabalano, corporificam a dade vulnerabilidade-empoderamento.
Resumo:
Esta tese de doutorado tem como foco as limitaes que se colocam aos gestores do nvel local para produzir servios de qualidade em sistemas de saúde. A definio tradicional do conceito de gesto de recursos humanos foi ampliada por abarcar questes relacionadas configurao federalista do pas, considerando diversidades estruturais e culturais. Utilizou como fonte primria, dados selecionados a partir de entrevistas com gestores de RH com reconhecida experincia na rea. Como fonte secundria, utilizou-se as informaes pr-selecionadas de pesquisas disponveis sobre o campo de gesto do trabalho da saúde. A anlise do autor confronta as caractersticas estruturais do federalismo brasileiro e os desafios decorrentes da base da concepo do sistema nacional de saúde. Os resultados deste estudo iluminam possveis caminhos alternativos para superar as limitaes presentes na gesto de recursos humanos no nvel local.
Resumo:
A farmcia comunitria ocupa um importante espao no cenrio da saúde pblica brasileira, como local de dispensao de medicamentos e de contnua promoo do consumo de medicamentos para a populao. Nesses estabelecimentos, o usurio busca atravs do consumo de produtos, prescritos ou no, o restabelecimento da sua saúde. O farmacutico o profissional de saúde com formao especfica sobre medicamentos e que, pelo imperativo da legislao sanitria, colocado como responsvel tcnico, nesse lcus. Qual sua motivao para ingressar nessa carreira? Como a sua prxis e qual a realidade percebida por ele nesse cotidiano? Este trabalho teve como objetivo identificar a concepo que os farmacuticos responsveis tcnicos, atuantes em farmcias comunitrias do estado do Rio de Janeiro, tm sobre a sua prtica profissional e como essa viso pode estar relacionada implementao de prticas focadas no paciente, tais como a Ateno Farmacutica. Foram realizadas 15 entrevistas semi-estruturadas com farmacuticos responsveis tcnicos de farmcias do estado do Rio de Janeiro, representando a seguinte tipologia: farmcias de rede estadual, de rede local e familiar. A categorizao do discurso dos farmacuticos mostrou, pelo menos, quatro convergncias: a deficincia no processo de formao acadmica, a prtica farmacutica migrando para o paciente, as contnuas dificuldades da populao quanto ao uso de medicamentos e o conhecimento superficial do conceito de Ateno Farmacutica. Pensa-se que a realidade encontrada possa no ser muito diferente da de grande nmero de farmcias comunitrias do prprio estado do Rio de Janeiro, sendo necessrio fazer reflexes sobre esse tema, para nos conduzir a um momento de discusso sobre quais elementos podero vir a garantir, que a prxis farmacutica se insira com complementaridade nos servios de saúde.
Resumo:
A autoavaliao do estado de saúde (AAS) um indicador de saúde amplamente utilizado e influenciado por uma grande variedade de fatores. Em particular, existem evidncias crescentes de que a discriminao racial um importante fator de risco para eventos mrbidos em saúde e seu impacto na saúde da populao brasileira ainda pouco explorado. No primeiro artigo, o objetivo principal investigar a associao entre AAS e fatores sociodemogrficos, comportamentais e de morbidade. No segundo artigo, o objetivo estimar a associao entre discriminao racial e diferentes desfechos em saúde, a saber, AAS, morbidade fsica e depresso ajustando por variveis sociodemogrficas, comportamentos relacionados saúde e ndice de Massa Corporal, na populao de pretos e pardos. O presente estudo possui delineamento seccional, baseado nos dados do inqurito de abrangncia nacional Pesquisa Dimenso Social das Desigualdades. Os entrevistados responderam a questionrios estruturados e suas medidas antropomtricas foram aferidas. No primeiro artigo, foram avaliados 12.324 indivduos, entre chefes de famlia e cnjuges, com idade maior ou igual a 20 anos. No segundo artigo, foram avaliados 3.863 chefes de famlia que responderam a pergunta sobre discriminao racial e que se classificaram como pretos e pardos. AAS foi avaliada por meio de pergunta obtida do instrumento de qualidade de vida SF-36 e, para o primeiro artigo, foi analisada de forma dicotmica em AAS boa (categorias de resposta excelente, muito boa e boa) e AAS ruim (categorias de resposta razovel e ruim). No segundo artigo, esse desfecho foi analisado utilizando-se as 5 categorias de resposta. As anlises foram realizadas utilizando-se modelos de regresso logstica uni e multivariados, para dados binrios (artigo 1) ou ordinais (artigo 2). Os resultados foram apresentados na forma de Odds Ratios com os respectivos intervalos de 95% de confiana. Maior faixa etria, analfabetismo, tabagismo, obesidade e doenças crnicas estiveram associados a maior chance de AAS ruim. Para cada incremento na faixa de renda, observou-se uma reduo de 20% na chance de relatar AAS ruim. Atividade fsica esteve associada a menor chance de AAS ruim. No segundo artigo, exposio discriminao racial esteve associada com aumento na chance de relato de pior AAS, de morbidade fsica e de depresso. O presente estudo identificou a influncia de diversos fatores sociais, demogrficos, comportamentos relacionados saúde e morbidade fsica na AAS. O estudo demonstrou ainda que a discriminao racial est associada negativamente aos trs desfechos em saúde avaliados (AAS, morbidade fsica e depresso). Esses resultados podem traar um perfil de subgrupos populacionais mais vulnerveis, ou seja, com maior risco de contrair doenças ou de procurar o servio de saúde por uma doença j existente, auxiliando na definio de populaes-alvo para o adequado planejamento de polticas e de programas de promoo de saúde.
Resumo:
O controle da Hipertenso Arterial central para que seja alcanada maior eficincia na reduo de eventos adversos secundrios ao descontrole crnico da presso arterial. Os resultados de uma ateno integral aos portadores no se esgotam no acesso e disponibilizao de frmacos eficazes no controle da presso arterial. Ela envolve a rede integrada de servios, orientada pela ateno primria, com servios especializados e hospitalares na ateno das intercorrncias. O cuidado aos portadores destes agravos crnicos exige dos servios e profissionais da ateno primria a implantao de estratgias de acolhimento, efetivao de vnculos e projetos teraputicos e uma interveno que abrange a promoo, preveno, assistncia e reabilitao. Com esta questo em mente que este projeto buscou analisar a ateno prestada aos portadores de Hipertenso Arterial no municpio de Pira com base nos registros dos pronturios ambulatoriais e hospitalares. Foram computados e analisados os pronturios de pacientes internados por agravos que, direta ou indiretamente, esto relacionados ao descontrole da presso arterial. Identificaram-se um total de 61 pacientes internados com diagnstico de internao de Crise Hipertensiva e Acidente Vascular Enceflico no ano de 2010, no Hospital Flvio Leal. A partir dos registros hospitalares foram selecionados 35 pacientes. Estes eram moradores do municpio de Pira, adscritos a equipes bsicas no municpio e tiveram seus diagnsticos de internao confirmados na alta hospitalar. A segunda etapa do estudo analisou, na Unidade de Saúde da Famlia, os pronturios familiares dos casos de internao. Foi observado que no havia uniformidade na forma de registro e de arquivamento dos pronturios entre as unidades bsicas. Nos pronturios clnicos no havia campos destinados aos registros de aspectos psicossociais, mudana de comportamento ou adeso. As anotaes eram centradas na doença e nos tratamentos farmacolgicos. A participao de profissionais no mdicos nos registros clnicos era escassa. A Ficha B do SIAB (Ficha de Acompanhamento do Paciente Hipertenso) que contm os dados sobre comportamento e risco cardiovascular foi encontrada apenas em 3 das 8 unidades visitadas. Segundo os dados dos pronturios analisados a distribuio de consultas e visitas domiciliares foi muito irregular. Com um total de 10 pronturios sem registros de consultas no ano em que o pacientes foi internado. A gravidade dos pacientes internados pode ser identificada pelo elevado nmero de bitos entre os casos analisados. Muitos dos casos apresentavam sequelas neurolgicas e comorbidades que provavelmente dificultava suas idas s unidades de saúde da famlia. Aspectos psicossociais, familiares e da comunidade estavam, em sua maioria, ausente dos pronturios familiares analisados dos pacientes internados. Tambm no foram encontrados anotaes sobre projetos teraputicos multidisciplinares que individualizassem e hierarquizassem os agravos e os riscos fsicos e psicossociais dos pacientes. A anlise evidencia que os registros nos pronturios no traduzem a abrangncia de uma ateno integral aos portadores de Hipertenso Arterial no mbito da Ateno Primria.
Resumo:
Trata-se de uma pesquisa documental, retrospectiva de fonte secundria,que adota uma abordagem quantitativa descritiva-exploratria. A partir da constatao de altos ndices de absentesmo nas unidades hospitalares, despertou-se o interesse em estudar os custos diretos das doenças ocupacionais que levam aos afastamentos e seu impacto econmico para o oramento de recursos humanos de um hospital universitrio do Rio de Janeiro. Neste contexto, definiu-se como objeto de estudo, o impacto econmico do absentesmo por doença na equipe de enfermagem e, como objetivos: identificar as causas prevalentes de afastamentos no hospital universitrio, de acordo com Classificao Internacional de Doenças e Problemas Relacionados a Saúde (CID-10); estimar os custos diretos mnimos das doenças que afastaram o trabalhador de enfermagem; estimar o custo real aproximado do absentesmo relacionado a 1 (um) dia de trabalho prestado pelos trabalhadores de enfermagem, com projeo de 1 (um) ms e 1(um) ano numa viso operacional do Sistema nico de Saúde (SUS). Foi utilizada uma amostra estratificada de pronturios dos profissionais de saúde da equipe de enfermagem (enfermeiros e tcnicos de enfermagem), a partir do seguinte critrio de incluso: profissionais de enfermagem concursados com afastamento no ano de 2010 e com diagnstico mdico determinante do afastamento, definido claramente. Para a coleta das informaes foi feita a apreciao dos documentos arquivados no Servio de Saúde do Trabalhador do hospital estudado e contou com a apreciao de especialistas mdicos relativos aos grupos de diagnsticos estudados, orientados por roteiros criados pela pesquisadora. Os dados foram analisados e armazenados no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) verso 15 e no editor Microsoft excel 2003. Dentre os resultados obtidos tiveram destaque para as seguintes causas de afastamento, respectivamente, s doenças do sistema osteomuscular, os fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com servios de saúde, os transtornos mentais e comportamentais, as leses, envenenamento e outras consequencias de causas externas e, as doenças do sistema circulatrio, que representam um custo estimado aproximado de R$ 2,6 milhes. Pde-se constatar que o impacto econmico do absentesmo decorrentes dos agravos saúde para o oramento de recursos humanos do hospital universitrio foi de aproximadamente 2,7%. O custo real aproximado do absentesmo de enfermagem por dia, foi avaliado em R$ 92,50, tendo projeo mensal de R$ 2.775,00 e anual de R$ 33.300,00. Recomenda-se avaliar o absentesmo dos profissionais regularmente para identificar as causas reais do absentesmo por doença, a fim de definir metas para os programas de interveno saúde dos trabalhadores e promover uma Gesto participativa que favorea uma anlise do processo de trabalho no que concerne o atendimento das necessidades de saúde e operacionais da fora de trabalho, determinantes do absentesmo.
Resumo:
A Estratgia de Saúde da Famlia um dos movimentos adotados pelo Brasil para o alcance da universalidade de acesso aos servios de saúde em todos os nveis de assistncia, integralidade da ateno, preservao da autonomia, igualdade da assistncia, direito informao e participao da comunidade. Com a reorganizao da prtica assistencial, so esperados maior resolubilidade, vnculo, acesso e continuidade da ateno, atravs de equipe multidisciplinar. Diversos autores vm-se debruando na anlise da adequao desse modelo com o cuidado em saúde e sua contribuio para o bom xito do atendimento aos indivduos, aliviando seus sofrimentos. O municpio de Pira adotou esse modelo para 100% de sua populao, em 2002. Este estudo tem por objetivo analisar o cuidado oferecido no municpio, na perspectiva terica da integralidade, utilizando como condio traadora o diabetes mellitus, descrevendo o desenvolvimento do atendimento e analisando o processo de trabalho luz dos protocolos e normas recomendadas, assim como o cuidado na perspectiva do usurio. Foram realizadas entrevistas com profissionais que atuam h pelo menos trs anos na mesma unidade e com usurios cadastrados minimamente por um ano, excluindo-se aqueles com quadros mais graves. Foi utilizado instrumento padronizado e elaborado com inteno de promover relatos sobre acesso, acolhimento, vnculo-responsabilizao, coordenao de cuidado, uso de protocolos, resolubilidade, autonomia e percepo de cuidado pelo paciente em trs unidades da estratgia de Pira. A partir da anlise dos resultados, observamos que o acesso aos servios de saúde qualifica a ateno, por meio do atendimento personalizado e acolhedor, percebido a partir de relatos sobre o agendamento de 1 consulta, consulta subsequente, atendimento de emergncia, acesso via telefone e priorizao da populao que reside em locais mais distantes da unidade. Com relao ao vnculo, os usurios reconhecem as profissionais que trabalham nas unidades, o que aproxima a equipe dos usurios e contribui para o estabelecimento de relaes de longa durao e efetividade da ateno. Percebe-se a responsabilidade com a vida do paciente e o foco do trabalho no indivduo. Os usurios mantm uma relao de confiana. Buscar autonomia destes atravs da promoo de trabalhos em grupos e visitas domiciliares uma realidade, muito embora nos parea que existe uma dificuldade de superar a transmisso de informaes, pela troca de experincias, ou mesmo de entender a forma de pensar do paciente em relao a sua condio de saúde, buscando habilidades para lidar com a situao. Isso faz com que o desenvolvimento de uma organizao rotineira de grupos seja algo em que a equipe encontra dificuldades. luz dos protocolos, so constatadas a busca ativa e a realizao adequada com relao ao nmero e aprazamento das consultas mdicas. No entanto, o registro no pronturio foi um problema detectado. O cuidado ao paciente, a partir dos registros, desenvolvido principalmente pelo profissional mdico. A avaliao por parte de outras categorias profissionais de nvel superior pouco expressa. Do ponto de vista biolgico, as metas estabelecidas em protocolo para os usurios so atingidas por um nmero restrito de usurios. Essas situaes demonstram a necessidade de investimentos que favoream a superao desses desafios.
Resumo:
Este estudo analisa o papel do Estado no contexto do Sistema de Saúde Brasileiro, sob a tica das relaes pblico/privadas, usando como contraponto experincias internacionais, particularmente as reformas ocorridas nos pases cntricos. Parte da anlise da teoria Keynesiana para identificar no s um papel a ser desempenhado pelo Estado para alm da funo anticclica, como tambm para situar historicamente o nascimento dos sistemas de proteo social de cunho universalista na Europa. A inflexo sofrida no sistema capitalista nos anos 70s levou reverso nas orientaes poltico-ideolgicas que culminaram em propostas de introduo de mecanismos de mercado nos sistemas de proteo social e de retrao do Estado. Para entender o desenho de Estado que da emerge, so apresentados e analisados os fundamentos conceituais da regulao e sua aplicao frente s especificidades do mercado de servios de saúde. A apresentao da experincia internacional, particularmente o delineamento das motivaes das reformas empreendidas e os resultados alcanados, feita com o objetivo de contrapor posteriormente, o que especfico no Brasil na convivncia pblico/privado. A reflexo sobre o desenvolvimento do Sistema de Saúde no Brasil passa pela sua evoluo no perodo entre a criao das Caixas de Aposentadoria e Penso e a Constituio Federal de 1988, para recolher particularidades na relao entre o Estado e o Mercado e, ao mesmo tempo, mostrar o momento de rompimento com o modelo de proteo, baseado no seguro social que acompanha o pas neste perodo. As dificuldades na concretizao do conceito de universalidade conforme definido na Constituio so analisadas a partir da extemporaneidade da mudana de modelo e do vis privatista, que acompanha o sistema de saúde no Brasil. As contradies geradas pelas interfaces pblico/privadas na saúde so exploradas sob o enfoque da inexistncia de uma delimitao de espaos de atuao dos mesmos, mas, principalmente, pelo foco do financiamento. As principais concluses se referem constatao de que a permissividade do Estado no avano e apropriao privada de recursos e espaos pblicos, ou ainda na ampliao da mercadorizao da saúde, dificulta a concretizao do conceito de universalidade no atendimento assistncia saúde. Finalmente, o estudo delineia o conflito de interesses dos atores envolvidos no sistema, que dificulta a capacidade de governana do Estado Brasileiro, mas aponta para a necessidade de reviso das bases da relao Estado versus Mercado e a re-definio da sociedade quanto ao tamanho que deseja dar iniciativa privada no mbito da saúde.
Resumo:
Este trabalho descreve as contribuies da Educao a Distncia para a elaborao e efetivao de projetos de educao ambiental, a partir da anlise das concepes de meio ambiente e saúde de estudantes dos cursos semipresenciais de formao de professores do Consrcio CEDERJ, no Polo de Nova Friburgo, Rio de Janeiro. Foi realizada pesquisa qualitativa do tipo etnogrfica utilizando-se observao participante, anlise documental e entrevista semi-estruturada na coleta de dados. O conceito de rede sociotcnica, tal qual proposto por Bruno Latour, fertilizou a anlise dos dados de campo e permitiu olhar a Educao Ambiental e a Educao a Distncia sob um prisma que questiona a relao sujeito-objeto e o estatuto da cincia como saber hierarquicamente superior. A utilizao do aporte terico da antropologia das cincias e das tcnicas evidenciou a indissociabilidade entre atividade cognitiva e fatores sociais e a reunio de elementos de todos os tempos na composio da rede de Educao a Distncia brasileira, na qual atuantes humanos e no humanos esto entrelaados nas aes de ensinar-aprender, constituindo-se num hbrido de naturezas-culturas.
Resumo:
O objetivo desta tese analisar experincias de adoecimento e seus desdobramentos na vida cotidiana, a partir do relato de mulheres que tiveram cncer de mama e realizaram tratamento mdico. A maior parte da pesquisa de observao participante foi realizada numa associao de apoio durante os anos de 2005/2006. Neste perodo acompanhei as atividades propostas por um grupo de profissionais de saúde voluntrios interessados em resgatar a auto-estima destas mulheres. Analiso o dilogo estabelecido entre tais profissionais e as freqentadoras da associao, em sua quase totalidade constituda por mulheres de classes populares, a fim de perceber valores que norteiam comportamentos e discursos sobre a doença. Alm do registro de uma relao hierarquizada entre profissionais e leigos, analiso o dilogo (mais igualitrio) das mulheres entre si e suas reflexes a respeito de suas vidas, formulando concepes etiolgicas acerca da doença que as atingiu, assim como sobre o momento em que suas vidas se encontravam quando da descoberta do cncer. Uma vez finalizado o percurso teraputico, de volta para casa, as estratgias adotadas consistem em retomar sua vida como era ?antes?. As formas cotidianas da gesto das marcas do cncer no corpo so analisadas do ponto de vista de minhas informantes e tratam de temas relativos conjugalidade e ao trabalho domstico. Enfim, trato do sofrimento instituinte de certo tipo de feminilidade.