683 resultados para Leitores Reação crítica - Teses
Resumo:
A partir da suspeita de que o pensamento e sua expresso no se limitam a uma nica forma, o presente trabalho investiga de que modo podemos pensar, a partir de Fernando Pessoa, uma relao possvel entre filosofia e literatura. Quais os pressupostos que permitem considerar o fenmeno heteronmico pessoano como um expediente trgico que diz respeito ao prprio pensamento, ou ainda, como entrever, no projeto pessoano, o lugar de embate trgico, por excelncia entre aquilo que somos, enquanto sujeitos, e os processos que franqueiam escrita a constituio de uma subjetividade outra? Desdobrada em heternimos, a obra de Pessoa comportaria em si a justaposio de formas diversas de ver e compreender o mundo, mas o processo pelo qual este desdobramento se d poderia ser tomado como anterior s formas constitudas das personalidades particulares, apresentando-se como uma disposio anti-dialtica do pensamento. Privilegiando como ponto de partida os escritos do heternimo louco e filsofo de Fernando Pessoa, Antnio Mora, nosso intuito analisar de que modo sua crítica tradio metafsica ocidental, em ressonncia com a filosofia francesa contempornea de inspirao nietzschiana, pode se constituir como um intercessor capaz de dar a ver uma potncia impessoal atuando entre a filosofia e a literatura, representada pelo verso de Alberto Caeiro: a natureza partes sem um todo"
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Considerado pela maioria da crítica como uma literatura ptrida (cf. ULBACH, 1868) ou torpe (cf. VERSSIMO, 1894), acusado de confundir ingenuamente cincia e literatura, bem como de cientizar a linguagem literria, e em particular no Brasil, alm disso, questionado por plgio ou importao de uma moda estrangeira, o naturalismo foi relegado s margens da historiografia literria. Assumindo como ponto de partida esse panorama crtico, a tese prope uma reavaliao crítica e historiogrfica da esttica naturalista, comeando por descrever e analisar sua origem no decurso da histria, a partir do advento do realismo moderno nas obras de Stendhal e de Balzac (cf. AUERBACH, 2004). Enfoca a lenta afirmao dos termos realismo e naturalismo, bem como a importncia da contribuio de diferentes romancistas franceses no processo de consolidao da esttica realista e de seu prolongamento no naturalismo. Discute-se tambm o projeto esttico proposto por Zola, assim como se desconstroem mitos corroborados pela historiografia literria a respeito da teoria e do movimento naturalistas. Por fim, correlacionando a esttica naturalista com o ideal republicano, aborda-se a aclimatao dos princpios naturalistas no Brasil, na obra daquele que foi seu principal representante, Alusio Azevedo. A partir de uma abordagem comparativa entre o naturalismo na Frana e no Brasil, busca-se, em sntese, contribuir para o processo de reviso crítica e historiogrfica de um perodo literrio muito produtivo nos dois pases, no obstante a tendncia para sua desvalorizao em geral observada nas manifestaes da crítica novecentista
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Nosso trabalho tem como objetivo central mostrar que as mudanas ocorridas no modo de produo da cincia contempornea possuem implicaes, tanto para os aspectos sociolgicos da cincia quanto para os seus princpios filosficos, que ainda apontam para uma necessidade de uma anlise da relao entre cincia e sociedade. Baseamos nossa tese no trabalho desenvolvido pelo fsico e epistemlogo da cincia John Michael Ziman F. R. S. (1925-2005), que defende que as mudanas ocorridas nos ltimos 60 anos, relacionadas a uma nova forma de organizar, gerir e financiar a prtica cientfica, i.e., a uma nova forma de prtica cientfica, levaram ao surgimento de uma cincia ps-acadmica ou ps-industrial. Sua consequncia mais grave a incorporao de um novo ethos cientfico, que tem como base princpios gerenciais, em detrimento do ethos mertoniano, cujo objetivo principal seria a manuteno de princpios que foram histrica e socialmente defendidos pelos cientistas em um ideal de cincia acadmica, tais como os de objetividade, busca da verdade e autonomia, ainda que como ideais reguladores. Contudo, mostraremos que Ziman no adere interpretao tradicional do ethos mertoniano, que o associa a uma epistemologia fundacionista. Alm disso, ele reformula, seguindo as novas filosofia e sociologia da cincia, os ideais epistmicos preconizados pelas tendncias positivistas e neopositivistas, em especial a noo da objetividade. Para Ziman, a cincia ainda produz conhecimento confivel, pois possui um mecanismo cooperativo de produo, que tem como base a crítica entre os pares.
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A presente dissertao tem como objetivo refletir sobre a imagem do artista na obra de Silviano Santiago, mais precisamente sobre a figura do narrador-escritor da novela Uma histria de famlia (1992), em abordagem comparativa com outros artistas, cuja produo e aparecimento na mdia problematizaram as primeiras dcadas do HIV/AIDS, tais como Cazuza e o artista visual Leonilson, que posavam midiaticamente como perigosos. Pretende-se apontar, na obra de Silviano Santiago, uma performance do artista (soropositivamente) perigoso, na qual a relao entre enfermidade, dor, prazer e labor literrio verificvel. Outros artistas so estudados, tais como o escritor Jean-Claude Bernardet, a artista visual Teresa Margolles e o performer Ron Athey, assim como os j citados Cazuza e Leonilson. Partindo da tese de Doutorado e da dissertao de Mestrado de Marcelo Secron Bessa, este trabalho procura avanar com algumas questes que, para tanto, recorrem ao conceito de performatividade, em Judith Butler, noo do corpo como um Outro radical, de Henri-Pierre Jeudy, e anlise da relao entre AIDS e a discursividade empreendida por Susan Sontag. Os textos crticos de Silviano Santiago tambm fundamentam o presente estudo, mais precisamente na anlise daqueles da relao entre dor e prazer na criao literria e da noo de uma homossexualidade astuciosa em resposta s discursividades heteronormativas
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Muito j se disse sobre Clarice Lispector, muito h, no entanto, a se dizer ainda. Com este nosso trabalho, ousamos trilhar um caminho que nos parece duplamente pouco explorado: por um lado, nos debruamos sobre as pausas, as lacunas, as suspenses do dizer que se materializam em cortes no fio discursivo da literatura clariceana; mais especificamente nas interrupes que comparecem por meio de travesses, parnteses e a estendemos para a interrogao em A Hora da Estrela. Por outro lado, trazemos, para este nosso objetivo, uma abordagem discursiva, isto , temos como suporte terico-metodolgico a Anlise de Discurso cujos autores basilares so Pcheux e Orlandi. Esta autora, ao deslocar o estudo da pontuao do campo da gramtica para o domnio do discurso, considera a pontuao como o lugar em que o sujeito trabalha seus pontos de subjetivao, o modo como interpreta (Orlandi, 2005). A pontuao, vista discursivamente, abre fendas do no-dizer no dizer, trabalhando sua (in)completude. Os travesses, os parnteses e a interrogao, em Clarice, rompem repetida e sucessivamente a linearidade da lngua expondo seus vazios, seus meandros, seus impasses. Analisaremos o funcionamento discursivo desses trs sinais de pontuao no dizer do narrador de A Hora da Estrela, assim como investigaremos as posies-sujeito do narrador que se delineiam em cada funcionamento desses sinais: posio-sujeito de narrador onipotente/onisciente, posio-sujeito de narrador impotente e posio-sujeito de narrador vacilante. Para nosso trabalho, apoiamo-nos tambm nas reflexes tericas acerca da heterogeneidade da lngua, propostas por Authier-Revuz e trazemos o conceito de enunciao vacilante formulado por Paulillo. Podemos dizer que, nas incisas desta novela clariceana, jogam posies-sujeito que se polemizam, que se equivocam. Essas posies refletem uma narrativa que ora descreve a possibilidade de narrar, de descrever o outro, ora confessa a impossibilidade de capturar esse outro pela palavra: narrador vacilante, narrativa vacilante
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O exotismo, em sua projeo literria, um conceito relacionado ao imperialismo e ao relato da aventura. Cabe, assim, questionar o emprego de semelhante conceito na produo literria contempornea, inserida em um mundo mapeado, cosmopolita e de fronteiras fluidas. No esteio da reflexo sobre o exotismo literrio no sculo XXI, os conceitos de alteridade e de identidade ganham peso, expondo um sujeito multifacetado e descentrado, que se equilibra na corda bamba entre realidade e fico. Est preparado, assim, o terreno para a transgresso de gneros cannicos, como a autobiografia, gerando novas perspectivas de abordagem do posicionamento do autor no campo literrio e ampliando conceitos como os de autofico e de espao biogrfico. No mesmo movimento, o fenmeno da desterritorializao conduz autores e leitores a novos espaos, nem sempre fsicos, mas talvez propcios a inditas viagens pelo caminho da arte
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Nos ltimos anos, a busca por fontes de energia renovveis e o desenvolvimento de novas tecnologias para a produo de biocombustveis tm sido objeto de intensa investigao. O biodiesel um combustvel biodegradvel, derivado de fontes renovveis e obtido em escala industrial principalmente atravs da reação de transesterificao de leos vegetais e/ou gorduras animais com metanol na presena de catalisadores homogneos, como NaOH. Entretanto, a utilizao de catalisadores heterogneos tem sido sugerida por diversos autores, por apresentar vantagens como a eliminao dos problemas de separao e purificao dos produtos obtidos. No presente trabalho foi investigada a produo de biodiesel a partir da transesterificao do leo de soja com metanol utilizando xidos mistos de Zn e Al como catalisadores slidos bsicos. A influncia das variveis: temperatura, concentrao de catalisador e relao molar metanol/leo de soja na produo de biodiesel foi avaliada. Os catalisadores preparados apresentaram predominantemente stios bsicos e foram ativos frente reação estudada, sendo os resultados mais promissores apresentados pelo xido misto com relao molar Al/(Al+Zn)=0,50, obtido por tratamento trmico 450C, que apresentou rendimentos em steres metlicos de at 98,5% sob condies especficas. A metodologia da superfcie de resposta foi utilizada visando estabelecer as condies timas para maximizar o rendimento em steres metlicos, tendo sido encontradas a temperatura de 165oC e a concentrao de catalisador de 5,8% m/m em relao massa de leo, no caso da relao molar metanol/leo de soja limitada em 15. Essa limitao teve como objetivo garantir um processo vivel em escala comercial
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No presente trabalho foi investigada a produo de biodiesel a partir da alcolise do leo de palma catalisada por lipase imobilizada comercial. O efeito da razo molar de lcool:leo, da forma de adio do lcool (nica e escalonada), da temperatura de reação, da concentrao de enzima, do tipo de lcool (metanol e etanol), do tipo de enzima e da reutilizao da enzima no rendimento final de reação foi avaliado. As reaes conduzidas com etanol apresentaram rendimentos superiores aos obtidos com o emprego de metanol devido maior desativao da lipase pelo lcool de menor nmero de tomos de carbono. O maior rendimento em biodiesel (54%) foi obtido empregando razo molar de lcool:leo de 3:1, com adio escalonada de etanol (0, 30 e 60 minutos), 9% (m/m) de Lipozyme TL IM a 50C. No foi possvel recuperar a lipase ao final das reaes, pois a matriz de imobilizao se solubilizou no meio. Alm disso, para comparao, foi investigada a utilizao das lipases comerciais imobilizadas Lipozyme RM IM e Novozym 435 e dos catalisadores qumicos KOH, MgO e La2O3. O rendimento em biodiesel nas reaes catalisadas pelas lipases foi maior do que os obtidos com catalisadores qumicos. A menor eficincia dos catalisadores qumicos pode ser justificada pelo alto ndice de acidez do leo de palma (6,26 mg KOH.g-1) que promove o consumo do catalisador (KOH), devido neutralizao dos cidos graxos livres presentes no leo, e o bloqueio dos stios ativos dos catalisadores qumicos slidos devido adsoro dos cidos graxos nestes stios
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Este trabalho investiga o que chamamos crimes da literatura, no livro de Carlos Heitor Cony, Pilatos (1974), em perspectiva comparada com o livro de contos Secrees, excrees e desatinos (2001), de Rubem Fonseca. Cony, famoso autor e jornalista, com histrico de prises polticas na poca da ditadura, publicou Pilatos obra de linguagem considerada pornogrfica ainda na vigncia da censura. Rubem Fonseca, perseguido pelos censores desde Feliz ano novo (1975), devido s suas narrativas tambm consideradas contrrias moral e aos bons costumes, publicou Secrees, excrees e desatinos livre de censura. Este estudo, a partir das anlises dos textos referidos, questiona o que o crime da literatura? E, se no h mais a conjuno de censura poltica e represso moral, se est esgotado o embate entre argumentos moralistas e liberais, como podem ser lidos os novos cdigos de controle desse imaginrio? O objetivo desta tese , sobretudo, discutir a possibilidade da permanncia ou no destes livros como transgressores em relao ao tratamento dado ao corpo no panorama contemporneo. Para tanto, sero analisadas as diferentes formas de representao do corpo nesses livros, a partir de conceitos, como castrao, pornografia e obscenidade, investigados em campos de estudo sobre as representaes do corpo nas reas de psicologia, sociologia e da crítica literria
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A partir da leitura do livro Mnimos, Mltiplos e Comuns de Joo Gilberto Noll, este trabalho busca empreender um estudo sobre as relaes entre a escrita do artista e tempo na figura dos instantes ficcionais, observando a questo do microrrelato e da exigncia fragmentria (cf.P. Lacoue-Labarthe e Jean-Luc Nancy), na perspectiva do inacabado/unidade, o que projeta uma hiptese de conjunto constelar para a escrita de Joo Gilberto Noll. Inicialmente realiza-se uma reflexo de alguns temas importantes na fortuna crítica sobre o escritor, com a inteno de saber como estes reverberam na sua escrita para, em seguida, tratar do fragmento e suas perspectivas estticas de inacabamento e de totalidade, com relao ao tempo e como dessas questes surge a metfora crítica do instante ficcional. As leituras críticas usadas como operadores nortearam-se a partir das noes de fragmento (romntico), e de Acontecimento, relacionadas ao par conceitual Cronos/Ain deleuziano
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A presente tese tem como intuito investigar as relaes entre as narrativas de Machado de Assis e de Woody Allen, autores de pocas e culturas bastante distintas. No entanto, atravs da anlise do papel da ironia na obra de ambos tornou-se possvel aproximar Memrias pstumas de Brs Cubas, romance de 1881 de Machado, e Stardust Memories, filme lanado em 1980 pelo diretor Woody Allen. A investigao divide-se em trs etapas. No primeiro captulo, analisa-se a aproximao entre os dois autores atravs de uma mesma viso sobre a fico presente tanto na obra de Machado quanto na de Allen. Esta viso encontra-se fundamentada atravs de uma tradio literria burlesca que rompe com o primado realista na narrativa ficcional. No segundo captulo, procura-se demonstrar como a perspectiva no realista escapa a uma regra moralizante na fico, para valorizar uma postura tica, isto , para se definir o ethos da narrativa. A ironia, assim, ser a morada da fico de ambos os autores, que problematizam o mundo incluindo nele a prpria narrativa. E no terceiro e ltimo captulo, analisa-se a relao ficcional nas duas obras com a memria. A memria, elemento constituinte da identidade humana, revela-se uma linguagem prpria e opressora aos narradores memorialistas, impondo-lhes a inexorabilidade do tempo. Dessa forma, suas fices seriam uma luta incessante do homem contra o seu caminhar para a morte
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O objetivo da presente pesquisa o de discutir a reescrita da histria da Irlanda, mais especificamente aspectos relacionados construo da identidade nacional e de marcas da tradio, a partir da leitura do romance Tipperary, de Frank Delaney. Publicada em 2007, essa obra aborda de forma singular as querelas sobre identidade nacional, nacionalismo, passado, memria, e seus personagens principais e a trama esto significativamente ligados ao contexto poltico-social da histria da Irlanda. Nessa reconstruo da histria, o passado revisitado atravs de diferentes pontos de vista. Nossa ateno estar voltada para a seleo de elementos/momentos da histria do pas que ganham foco na narrativa, e as possveis repercusses deste processo. Alm disso, nos concentraremos na questo das tnues fronteiras entre histria e fico, ou seja, as fronteiras pouco delimitadas entre o discurso histrico e o discurso ficcional. Na escrita da histria em Tipperary, Delaney aborda questes relativas a mitos, lendas e tradies como importantes fatores de identidade nacional em uma Irlanda que emerge como uma nao independente. No romance em questo, podemos observar como histria e memria se unem na jornada do protagonista, em sua empreitada de narrar a histria de sua vida e de seu pas
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Esta dissertao tem como objetivo analisar e discutir os romances-ensaios O Dia da Coruja e A Cada um o Seu, de Leonardo Sciascia, em perspectiva comparada com as narrativas policiais A Forma da gua e O Ladro de Merendas, de Andrea Camilleri, no que diz respeito aos traos estilsticos, histricos e temticos das obras em foco. Na pesquisa, refletiu-se sobre a utilizao da estrutura do romance policial como estratgia de composio empregada pelos dois autores sicilianos, a fim de criticarem a realidade sociopoltica italiana dos ltimos 50 anos. Ao final, apontam-se diferenas e identidades existentes entre os citados ttulos e se conclui que, L.Sciascia, em tom amargo e incisivo, deu matria de seus romances um perfil tanto de narrativa ficcional quanto de ensaio poltico-filosfico, com o objetivo de denunciar, em seus pseudo-gialli, no apenas crimes, mas, principalmente, a falta de tica no seio da justia de seu pas. J A.Camilleri eternizou seu perfil de escritor giallista, criando a figura do inspetor Salvo Montalbano e ao lanar mo do recurso do riso srio. Tal artifcio no invalidou, ao contrrio, sublinhou ironicamente a denncia a toda forma de criminalidade, de corrupo e de abuso do poder, na fictcia Vigata, espao imaginrio representativo da Sicilia e da Itlia
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O objetivo desta dissertao propor uma viso afirmativa dos narradores-protagonistas dos romances do escritor Joo Gilberto Noll, oferecendo um contraponto crítica que, ao inserir esses narradores-protagonistas na tendncia niilista contempornea de apagamento diante do outro e do mundo, os classifica como fracos. A partir da anlise dos romances Hotel Atlntico (1986), Harmada (1993), A cu aberto (1996), Berkeley em Bellagio (2002), Lorde (2004) e Acenos e afagos (2008), caracterizaremos o sujeito nolliano como um sujeito forte, que chamaremos aqui de sujeito dionisaco. Este sujeito prescinde de uma identidade fixa e bem delimitada e, portanto, dispensa quaisquer tipos de espelhos da conscincia, da identificao, da idealizao. Em vez de atribuir-se a si mesmo uma subjetividade ou um rosto, este sujeito se reconhece na sua existncia mais primordial: o seu corpo indomvel, que, diferente do corpo/imagem da lgica do esteticismo generalizado, refora o carter mltiplo e instvel do sujeito, lembrando que ele regido no pela sua vontade prpria, mas sim pela dinmica da vontade de potncia. Apesar de remeter sempre ao corpo, a literatura de Noll se revela um convite, tanto aos seus narradores-personagens quanto ao leitor, para uma experincia metafsica
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Este trabalho apresenta uma leitura das manifestaes do inslito ficcional, a partir de mitos e do maravilhoso moambicano, em Vinte e zinco, de Mia Couto. Essas manifestaes podem ser vistas como pertencentes ao Realismo Maravilhoso, Mgico ou Animista, uma vez que podem ser observadas atravs da representao literria de mitos que perpassam o continente africano como um todo, permitindo, assim, repensar a origem de lendas, crenas, folclore, religiosidade e tradies nacionais. Dessa forma, os eventos inslitos presentes em Vinte e zinco so utilizados por Mia Couto com a inteno, explicitada em seus artigos de opinio, de resgatar e recuperar aspectos dispersos da mosaica e hbrida identidade moambicana, contribuindo para sua construo na contemporaneidade, ultrapassadas as guerras de descolonizao -frente a Portugal - e civil -entre os prprios moambicanos