2 resultados para Construção de si
em Universidade Metodista de São Paulo
Resumo:
Com o advento da revolução industrial o capitalismo assumiu uma forma assombrosa jamais vista anteriormente em outras passagens do mundo do trabalho, ao se alimentar de um ritmo acelerado de produção, consumo e acumulação. Esta nova era baseada na mecanização e numa nova divisão do trabalho impôs ao trabalhador o principio da fragmentação, que seguindo o modelo do cronômetro da gerência científica e a linha de produção do açougue dividiu a força de trabalho do empregado e multiplicou a acumulação do empregador. Na década de 1970 o capitalismo sofreu uma crise estrutural que viria a transformar o mundo do trabalho novamente. Esta nova transformação do capital fundamentado na globalização e nos conceitos neoliberais visando ainda mais a lucratividade em cima da força de trabalho atingiu a objetividade e a subjetividade da classe-que-vive-do-trabalho ao (des)re regulamentar seus direitos e conquistas. No mundo do trabalho brasileiro as transformações do capital mundial tiveram seu impacto nos anos 1990 abalando regiões produtivas inteiras como a do Grande ABC, com o desemprego estrutural e com a reestruturação produtiva. Em 2002 o diretor de cinema Eduardo Coutinho filmou um documentário Peões com 21 operários que narram suas origens, suas participações no movimento nas décadas de 1970-1980-1990 e os desfechos de suas vidas fazendo uma construção de si pela fala. Desta forma, Peões será para esta dissertação o corpus de análise para uma aproximação entre ciência e arte, onde será utilizado o método fenomenológico para a análise das narrativas que se apresentam para compreensão da divisão do trabalho capitalista que vem transformando o mundo do trabalho e atingindo perversamente a classe-que-vive-do-trabalho ao fragmentar sua subjetividade que se explicita objetivamente na fragmentação da relação intersubjetiva com o outro, os objetos e o mundo. Por meio da aplicação do método para a compreensão das narrativas pode se chegar à seguinte síntese: os homens e mulheres, de Peões, viveram e vivem ainda hoje intensamente entre a linha tênue da resistência e da submissão, da desalienação e alienação, do despontar e do anonimato na esfera pública evidenciando a importância ainda em nossos dias do alargamento do pensamento dialético entre a lógica da acumulação capitalista versus a lógica da sobrevivência humana.
Resumo:
Esta pesquisa surge da minha preocupação sobre os valores pedagógicos no ensino superior: quais são, quais os seus fundamentos filosóficos, como são concebidos e aplicados na prática docente e especificamente na formação de professores em um curso de Pedagogia. Os conhecimentos, saber-fazer, métodos e habilidades que são mobilizados diariamente, nas salas de aula, com o fim de formar outros professores, também são partes desta busca. O referencial fundamenta-se nas concepções de Paulo Freire sobre valores pedagógicos e sobre educação, a partir da sua visão antropológica, gnosiológica e política do ser humano e de uma sociedade mais justa e equilibrada. O objetivo freiriano é uma educação libertadora que supere as contradições entre opressores e oprimidos, para evitar, por meio da educação, que elas sejam mantidas ou resolvidas a partir de uma solução individual ou por meios violentos. Somente um conjunto de valores pedagógicos bem assimilados e praticados, por parte dos docentes e daqueles que participam do processo educativo, permitem a superação da opressão: diálogo, humildade, fé nos homens, pensar crítico, ética, amor. A aceitação e realização desses valores permitirão não somente melhorar a educação em si, mas a sociedade como um todo. A pesquisa inclui reflexões sobre o ensino brasileiro e a qualidade dos professores com relação ao agir na formação e na sua própria transformação individual como seres críticos, ao usar os valores pedagógicos objeto do pensamento de Freire. Como instrumentos metodológicos, foram utilizados: leitura de textos e artigos de Paulo Freire e de outros comentadores e educadores brasileiros e estrangeiros; questionários fechados que permitiram coletar dados sobre o clima e a cultura organizacional e verificar que a educação nacional ainda está presa a estruturas históricas tradicionais, as quais se manifestam em conteúdos e metodologias que não resolvem a crise educacional do nosso país. Esses questionários foram aplicados a alguns professores, escolhidos por amostragem, do curso de Pedagogia de uma instituição superior em São Paulo. Os resultados desta pesquisa apontam que as opiniões dos professores entrevistados revelam um enfoque pouco participativo. Em alguns aspectos, eles demonstram que não há o hábito de diálogo sobre os problemas educacionais, como também não há abertura para medidas inovadoras que poderiam contribuir para com a qualidade do ensino e aprendizado. Isso demonstra o abismo entre o discurso e a prática docente colaborando para a falta de inspiração e de consciência crítica que todo profissional deve possuir, como valor pedagógico.(AU)