67 resultados para Souza, Márcio, 1946- . Lealdade. Crítica e Interpretação
Resumo:
Seria possvel compreender o capitalismo como religio? Nos marcos categoriais da Modernidade, baseada na racionalizao e na secularizao, relacionar economia e religio um contrassenso. O capitalismo sistema econmico secular, portanto sem relao com religio. Entretanto, se a crtica do capitalismo como religio no se reduz a uma simples metfora, necessrio encontrar conceitos alternativos que captem a fora terica desta articulao. Que tipo de quadro analtico desvela os limites da razo instrumental em explicitar o funcionamento religioso do capitalismo? A profundidade crtica de capitalismo como religio advm justamente da juno intrigante entre a anlise racional do funcionamento estrutural do capitalismo (fetiche) com a dimenso subjetiva que o impulsiona como motivao (esprito). Mesmo sendo um sistema racional e no-religioso, que submete a vida humana a suas leis internas desprovidas de qualquer sentido humano, o capitalismo desenvolve no-intencionalmente na interao humana uma estrutura de funcionamento com fundamento mtico-religioso sacrificial. As relaes humanas so mediadas pelas mercadorias, em que o consumo adquire um aspecto central na significao da vida e na reproduo simblica da sociedade. Na produo e distribuio de mercadorias, o processo de violncia que explora, exclui e mata o mesmo que gera fascnio e adeso. A expresso visvel deste esprito no est mais nas tradicionais instituies religiosas, mas no prprio capitalismo. Benjamin afirma que o capitalismo substitui a religio. uma crtica de um sistema de culpabilizao das vtimas e dos prprios capitalistas, na medida em que estes nunca acumulam de modo infinito e pleno. uma denncia dos elementos mticos que geram legitimao religiosa para o fascnio que oculta a barbrie. Os telogos da Escola do DEI tambm articulam sua teoria com finalidade crtica, numa abordagem teolgica que procura discernir e criticar a idolatria no mundo de hoje. Buscam entender os mecanismos de produo de morte com a culpabilizao das vtimas como sacrifcio necessrio em nome da esperana de redeno. O discernimento teolgico de idolatria do capital supe um tipo de razo teolgica de carter no-confessional que, superando os limites da epistemologia moderna, explicite a contradio dos pressupostos da civilizao moderna ocidental. Revela o papel do pensamento mtico-teolgico na ocultao do carter sacrificial e sedutor do esprito do capitalismo. Ao mesmo tempo, enfatiza a necessria superao da interpretao positivista da religio ao criticar o reducionismo da epistemologia moderna na identificao da razo instrumental com a racionalidade humana. Renova o instrumental analtico da configurao espiritual do Capitalismo e vislumbra as brechas de sua superao.
Resumo:
A presente pesquisa objetiva analisar o processo de implantao e configurao do metodismo no Nordeste, a partir da trajetria histrica da Igreja Metodista no Brasil, aps sua autonomia, cobrindo o perodo de 1946 a 2003. Como ferramentas de trabalho, foram utilizadas a pesquisa bibliogrfica (documentos, livros, pesquisas, meios de comunicao impressos da Igreja Metodista, entre outros) e a coleta de dados por meio de entrevistas e observao in loco da realidade missionria do metodismo no Nordeste. Como mtodo de abordagem dos contedos, utilizam-se o Mtodo Histrico Crtico e a Histria Oral. O primeiro captulo constitui o levantamento histrico da implantao e expanso do metodismo no nordeste do Brasil, apontando o contexto histrico, social, cultural e econmico em que ocorrem; as primeiras tentativas nas capitais nordestinas e seus principais missionrios e missionrias e as perspectivas atuais do avano missionrio. O segundo captulo procura analisar a struturao e organizao do Nordeste como Regio Missionria, infocando os movimentos que buscaram tal estrut urao, como as conferncias missionrias e o Encomene. O processo de criao da Regio Missionria resgatado, considerando-se seus desafios de sustento e administrao, bem como considerando os modelos administrativos em voga no perodo histrico analisado. No terceiro captulo, so feitas consideraes acerca dos desafios e oportunidades para a prxis missionria em vista dos documentos da Igreja; em especial, o Plano para a Vida e Misso (1982). So analisados os conceitos de misso neste documento e na obra de David Bosch, verificando similaridades e disparidades em relao prtica metodista no Nordeste. So avaliados trs modelos de misso: modelo de auto-sustento; modelo de auto-proclamao/propagao e modelo social (em busca de uma misso libertadora). No se pretende esgotar a anlise do processo de implantao do Metodismo no Nordeste, seno abrir caminhos para a avaliao e reviso da prxis missionria metodista no contexto nordestino.(AU)
Resumo:
A Dissertao busca compreender e julgar criticamente a hermenutica teolgica de Paul Tillich, a partir do estudo de sua interpretao simblica da doutrina crist clssica do pecado, em sua forma protestante-agostiniana. O trabalho se desenvolve em trs etapas: primeiramente apresentada a teoria do smbolo religioso de Paul Tillich. Em seguida, a sua interpretao da doutrina do pecado, presente no complexo de smbolos mticos e conceptuais que foram reunidos sob o nome simblica da Queda . Na terceira e ltima parte, a partir de uma avaliao da prtica hermenutica de Tillich seguida de uma discusso com seus crticos, especialmente William Alston e Reinhold Niebuhr, e de um dilogo especial com Paul Ricoeur, o autor conclui: tanto a teoria do smbolo de Tillich como o seu enfoque hermenutico, que vai principalmente da analtica existencial ao smbolo, necessitam de aperfeioamento; e a teoria simblica de Ricoeur, associada sua proposta indutiva de reflexo hermenutica fornece uma importante contribuio. Ao mesmo tempo, o sucesso de Tillich na interpretao da simblica da Queda parece refutar a tese de Ricoeur de que uma abordagem que parte da ontologia para o smbolo inadequada por princpio. Conclui-se, portanto, que a abordagem de Tillich vlida, mas que precisa ser complementada; necessrio pensaruma hermenutica de mo dupla , que d igual voz aos smbolos religiosos e ontologia existencial.(AU)
Resumo:
Religio e literatura o tema geral desta tese de doutoramento. Contudo, a preocupao especfica a plausibilidade da interpretao da religio pela literatura. Isso porque os estudiosos dessa rea tm normalmente partido da pressuposio de que essa plausibilidade existe. Por isso geralmente no a problematizam e nem se preocupam em fundament-la. A proposta desta pesquisa justamente desenvolver um embasamento terico que ajude a suprir essa lacuna. Portanto, esta tese mantm como preocupao de fundo uma questo epistemolgica. Para levar adiante esse projeto, levanta-se a hiptese de que o discurso indireto da literatura caracterizado pela metfora, especialmente o romance com a sua possibilidade polifnica e carnavalesca, tem a capacidade de revelar traos especficos do fenmeno religioso de modo diferente do que fazem os discursos diretos da filosofia e das cincias, de tal forma que d literatura condies de proceder a uma interpretao plausvel e heurstica da religio. A fundamentao terica para o desenvolvimento da hiptese baseada na teoria da metfora, do texto e da narrativa de Paul Ricoeur e nos conceitos de dialogismo, polifonia, carnavalizao e literatura prosaica de Mikhail Bakhtin. Com a finalidade de exemplificar, na prtica, a pertinncia do material terico desenvolvido, o romance O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de Jos Saramago interpretado. Metodologicamente, o trabalho est dividido em trs pontos: primeiro a literatura e o conhecimento da realidade; segundo a literatura como intrprete da religio e terceiro, a interpretao exemplar do romance.(AU)
Resumo:
A proposta de utilizao do marketing na ao evangelizadora da Igreja Catlica provoca debates entre os diversos segmentos da instituio. Por um lado, setores favorveis defendem que a utilizao do marketing religioso uma alternativa disponvel para Igreja Catlica buscar a eficcia na realizao de seus objetivos. Por outro lado, setores contrrios ao marketing religioso afirmam que h incompatibilidade entre a lgica do marketing e a lgica proftica da tradio judaico-crist. Estes setores assumem a viso de que a lgica do marketing est articulada lgica da sociedade do consumo, e, portanto, lgica do capitalismo. Como so crticos ao capitalismo, passam a ser, tambm, contrrios ao uso do marketing na ao eclesial. Diante desta controvrsia, esta dissertao tem o objetivo de mostrar que no h contradio na utilizao de algumas tcnicas de marketing na ao evangelizadora dos setores catlicos comprometidos com a crtica proftica cultura do consumo, a fim de que sua ao proftica seja mais eficaz. Nesse sentido, pretendemos mostrar que, de fato, h contradio entre a lgica do marketing e a lgica proftica, mas que no existe, necessariamente, contradio entre o uso de algumas tcnicas de marketing e a misso proftica do cristianismo. Como procedimentos metodolgicos, optamos por uma pesquisa bibliogrfica a partir dos seguintes referenciais tericos: Peter Drucker e Philip Kotler foram importantes para fundamentar o significado do marketing nas reas de Marketing e de Administrao. No campo das Cincias da Religio os referenciais tericos foram Jung Mo Sung, que contribuiu com o estudo das relaes entre lgica do mercado, lgica proftica e evangelizao, e Afonso Murad, que foi importante para articular os conceitos de gesto e de estratgia na ao evangelizadora.(AU)
Resumo:
O objetivo central desta pesquisa investigar o potencial de transformao scioreligiosa da leitura popular da bblia. Dentro desta abordagem de interpretao, sero analisados o pensamento de Carlos Mesters e suas reelaboraes desenvolvidas pelo Centro de Estudos Bblicos CEBI. Para tanto, trabalhar-se-, particularmente, com dois textos metodolgicos da leitura popular da bblia, a saber, A Caminho de Emas. Leitura bblica e educao popular e A Leitura Popular da Bblia: procura da moeda perdida . Essas abordagens de interpretao tm como objetivo ir alm do estudo dos textos bblicos, ao pretender contribuir para com o processo de conscientizao em vista da transformao da realidade de dominao e opresso. neste contexto que se aponta a hermenutica feminista crtica de libertao articulada por Elisabeth Schssler Fiorenza, enquanto uma ferramenta importante no intuito de analisar e dialogar com tais abordagens de leitura popular, uma vez que parece articular mais seriamente um paradigma feminista emancipatrio de interpretao bblica. Este dilogo problematizar, para alm da questo pedaggico-metodolgica, alguns temas teolgico-bblicos que so intrnsecos interpretao bblica, a saber, os sujeitos da interpretao, a anlise da realidade e os critrios para se definir a revelao e a autoridade. A partir deste dilogo entre leitura popular da bblia e hermenutica feminista crtica de libertao , chega-se a concluso de que a primeira, apesar de se definir como uma abordagem de interpretao bblica popular e libertadora, acaba por apresentar algumas lacunas em relao ao objetivo que se prope concretizar. A partir da anlise de todos os passos metodolgicos de interpretao e de seus temas teolgicos, constata-se, no interior do projeto de Mesters e, mais propriamente do CEBI, a ausncia de uma ferramenta analtica que viabilize a transformao concreta das realidades scio-religiosas, das experincias dos sujeitos da interpretao, bem como da escolha de critrios para se definir o lugar da revelao e da autoridade. A tese no visa substituir prontamente o mtodo de leitura popular da bblia pela dana hermenutica proposta por Schssler. A tese prope, antes, repensar os encaminhamentos e ausncias da leitura popular da bblia em seus objetivos de transformao da realidade. Nesse sentido, a interlocuo com novas teorias polticas emancipatrias articuladas teolgico-biblicamente por Schssler pode ser importante para uma reavaliao do projeto polticometodolgico do CEBI(AU)
Resumo:
Quando olhamos o histrico da Escola Bblica Dominical (EBD) no Brasil, com exceo do material produzido e trazido por missionrios estadunidenses, at muito recentemente, apenas um brasileiro batista, Lcio Dornas, produziu literatura que auxiliasse pastores, lderes e professores nesta difcil tarefa da docncia crist. Em sua trilogia: Socorro sou Professor da Escola Dominical de 1997, Vencendo os Inimigos da Escola Dominical de 1998 e A Nova EBD, A EBD de Sempre de 2001, Dornas introduz o docente a novas possibilidades na EBD. Todavia, em seus pressupostos pedaggicos e teolgicos, a proposta de Dornas evidencia algumas limitaes para a construo de uma prxis educacional dialgico-libertadora que responda s necessidades e desafios contemporneos. O objetivo desta dissertao oferecer uma leitura crtica dos pressupostos pedaggicos e teolgicos da proposta de Lcio Dornas para a EBD da Igreja Batista a partir de Paulo Freire e Juan Luis Segundo. Ambos revelaro uma nova abordagem para a EBD que pretende constituir-se como prxis.