3 resultados para Falsa confissão

em RCAAP - Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal


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Visando a literatura de José Régio, Eugénio Lisboa refere que todo o seu texto é “habitado por toda uma teoria de heróis devorados pela necessidade de verem e fazerem ver. Mas são frequentemente personagens complicados e minados por uma lucidez corrosiva” (Lisboa, 2001: 74-75). No conto “Os Alicerces da Realidade” da autoria do célebre escritor do séc. XX, é-nos apresentado um protagonista desenhado com linhas intricadamente complexas e com traços de loucura, resultantes da corrosão do ser profundamente lúcido. De facto, na diegese de “Os Alicerces da Realidade”, Silvestre, a personagem principal, representa um funcionário público aposentado aparentemente vulgar que, no decurso de uma vida pacata, gradualmente sofre episódios de alucinação. Esta personagem masculina acaba por atribuir a tais delírios uma lógica possível − para ele a única − real e exequível: a de que estaria a vivenciar um sonho. Adota, então, indiferente à sociedade circundante − caracterizada como falsa, mordaz, pseudo-intelectual, repressora inquestionável − atitudes rebeldes, de alienação e de destempero que acabam por prognosticar nada mais do que a factualidade de um distúrbio de carácter psiquiátrico. Com efeito, esta personagem repudia a sanidade mental, assumindo clara e obsessivamente a demência. Na verdade, resignado passivamente ao despertar do sonho, acomoda-se na alienação, como fuga à realidade enfadonha e dissimulada. Assim, em diversos episódios, entrando num jogo perturbador, porém viciante, o protagonista experimenta diferentes “máscaras”: vários provocadores e rebeldes − por isso, tão convidativos − “oníricos” Eus, que se opõem a um Eu real monótono e passivo. Na verdade, este último representa nada mais do que o Eu social, subjugado aos preceitos de uma sociedade impassível, zeladora daqueles que considera ser os bons hábitos e costumes e, por isso, norteadora de determinados padrões comportamentais coletivos e punidora daqueles que os não cumprem. Com esta comunicação, visamos analisar, não só o vasto e complexo plano onírico que constrói os alicerces da realidade deste herói regiano, como − e principalmente − o tema da máscara e do disfarce, na medida em que Silvestre, furtando-se da realidade que o rodeia, é dominado pela frustração mental que consequentemente o leva até à loucura e à auto-construção de vários Eus. De facto, visamos, assim, enquadrar a temática da “máscara regiana” que nítida e inequivocamente se evidencia neste conto, pois que o seu protagonista visa a adoção de uma máscara de “sobrevivência” − um outro Eu −, para assim contrariar uma sociedade camuflada e estranguladora da sinceridade, da independência e da individualidade genuína, obreira do singular, único e genuíno Eu.

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Conhecido na Arte da Literatura (na qual se engloba a poesia, a dramaturgia, a narrativa ficcional, a crítica e os ensaios), José Régio prosperou também na Arte Popular e Religiosa, através do colecionismo, e na Arte Plástica, através da realização de desenhos. Os seus irmãos, tal como o próprio autor, desenvolveram gostos artísticos curiosamente comuns: Júlio, Apolinário e João Maria, na pintura e no desenho; Saúl Dias (pseudónimo de Júlio, o pintor) e João Maria, na poesia. José Régio, em Confissão de um Homem Religioso, relatou, mesmo, essa comunhão fraternal, essa afeição similar no cultivo do talento por parte dos (e entre os) irmãos.

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Introdução: A pseudotrombocitopenia dependente de EDTA (EDTA-PTCP) consiste numa falsa diminuição na contagem de plaquetas (PLT), em amostras de sangue colhidas em EDTA, devido a aglutinação plaquetar. Estudos publicados referem que a aglutinação plaquetar na presença de EDTA se pode evitar e dissociar com a adição de um aminoglicosídeo. Objectivos: 1) avaliar a eficácia do aminoglicosídeo gentamicina (Gent) na dissociação de aglutinados plaquetares em amostras de sangue total colhidas em EDTA; 2) verificar se existe alterações nos outros parâmetros hematológicos e na morfologia do sangue periférico, após adição de Gent; 3) detetar o envolvimento das frações GPllb ou GPllIa do complexo GPllb/llIa no mecanismo de formação dos aglutinados plaquetares induzidos pelo EDTA. Material e Métodos: 145 amostras de sangue periférico em EDTA-K3 e com trombocitopenia, processadas no CELL-DYN Sapphire TM. De acordo com padrão gráfico característico em Mono-Poly I, amostras reprocessadas após adição de 20 μL de Gent, com a mesma metodologia. Esfregaços de sangue periférico (ESP) corados por May-Grünwald-Giemsa. 13 amostras processadas com contagem imunológica de PLT (CD61), antes e após Gent. Comparação dos valores dos diferentes parâmetros antes e após adição de Gent: Teste T- student emparelhado, significado estatístico: p<0,05. Resultados: 138 amostras com diferença estatisticamente significativa na contagem de PLT antes e após Gent, com desaparecimento do padrão inicial em Mono-Poly I: 97 EDTA-PTCP (p<0,0001) e 41 trombocitopenias reais (p<0,0001). Sete amostras sem aumento na contagem de PLT (P=0,15) com Gent, nem alteração em Mono-Poly I, sugerindo presença de microcoágulos, confirmados em ESP. Principais parâmetros hematológicos sem diferenças significativas (p>0,05), após adição de Gent, com exceção do VPM (P<0,0001) e Ptc (p<0,0001). Morfologia do sangue periférico sem alterações. As treze amostras processadas com CD61 antes de Gent tinham um número de PLT superior ao obtido na contagem ótica antes de Gent. Conclusões: A adição de Gent às amostras em EDTA induz uma rápida dissociação dos aglutinados, sem causar alterações morfológicas nem dos principais parâmetros hematológicos. Apenas a GPllb parece estar envolvida no mecanismo de formação dos aglutinados plaquetares. O uso de Gent revelou-se muito útil, rápido e com baixo custo nas EDTA-PTCP, permitindo rentabilizar a tecnologia existente, com grande benefício para o doente.