2 resultados para Influenza A virus
em Instituto Nacional de Saúde de Portugal
Resumo:
O vrus da gripe uma das maiores causas de morbilidade e mortalidade em todo o mundo, afetando um elevado nmero de indivduos em cada ano. Em Portugal a vigilncia epidemiolgica da gripe assegurada pelo Programa Nacional de Vigilncia da Gripe (PNVG), atravs da integrao da informao das componentes clnica e virolgica, gerando informao detalhada relativamente atividade gripal. A componente clnica suportada pela Rede Mdicos-Sentinela e tem um papel especialmente relevante por possibilitar o clculo de taxas de incidncia permitindo descrever a intensidade e evoluo da epidemia de gripe. A componente virolgica tem por base o diagnstico laboratorial do vrus da gripe e tem como objetivos a deteo e caraterizao dos vrus da gripe em circulao. Para o estudo mais completo da etiologia da sndrome gripal foi efectuado o diagnstico diferencial de outros vrus respiratrios: vrus sincicial respiratrio tipo A (RSV A) e B (RSV B), o rhinovrus humano (hRV), o vrus parainfluenza humano tipo 1 (PIV1), 2 (PIV2) e 3 (PIV3), o coronavrus humano (hCoV), o adenovrus (AdV) e o metapneumovirus humano (hMPV). Desde 2009 a vigilncia da gripe conta tambm com a Rede Portuguesa de Laboratrios para o Diagnstico da Gripe que atualmente constituda por 15 hospitais onde se realiza o diagnstico laboratorial da gripe. A informao obtida nesta Rede Laboratorial adiciona ao PNVG dados relativos a casos de doena respiratria mais severa com necessidade de internamento. Em 2011/2012, foi lanado um estudo piloto para vigiar os casos graves de gripe admitidos em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) que deu origem atual Rede de vigilncia da gripe em UCI constituda em 2015/2016 por 31 UCI (324 camas). Esta componente tem como objetivo a monitorizao de novos casos de gripe confirmados laboratorialmente e admitidos em UCI, permitindo a avaliao da gravidade da doena associada infeo pelo vrus da gripe. O Sistema da Vigilncia Diria da Mortalidade constitui uma componente do PNVG que permite monitorizar a mortalidade semanal por todas as causas durante a poca de gripe. um sistema de vigilncia epidemiolgica que pretende detetar e estimar de forma rpida os impactos de eventos ambientais ou epidmicos relacionados com excessos de mortalidade. A notificao de casos de Sndrome Gripal (SG) e a colheita de amostras biolgicas foi realizada em diferentes redes participantes do PNVG: Rede de Mdicos-Sentinela, Rede de Servios de Urgncia/Obstetrcia, mdicos do Projeto EuroEVA, Rede Portuguesa de Laboratrios para o Diagnstico da Gripe e Rede vigilncia da gripe em UCI. Na poca de vigilncia da gripe de 2015/2016 foram notificados 1.273 casos de SG, 87% dos quais acompanhados de um exsudado da nasofaringe para diagnstico laboratorial. No inverno de 2015/2016 observou-se uma atividade gripal de baixa intensidade. O perodo epidmico ocorreu entre a semana 53/2015 e a semana 8/2016 e o valor mais elevado da taxa de incidncia semanal de SG (72,0/100000) foi observado na semana 53/2015. De acordo com os casos notificados Rede Mdicos-Sentinela, o grupo etrio dos 15 aos 64 anos foi o que apresentou uma incidncia cumulativa mais elevada. O vrus da gripe foi detetado em 41,0% dos exsudados da nasofaringe recebidos tendo sido detetados outros vrus respiratrios em 24% destes. O vrus da gripe A(H1)pdm09 foi o predominantemente detetado em 90,4% dos casos de gripe. Foram tambm detetados outros vrus da gripe, o vrus B - linhagem Victoria (8%), o vrus A(H3) (1,3%) e o vrus B- linhagem Yamagata (0,5%). A anlise antignica dos vrus da gripe A(H1)pdm09 mostrou a sua semelhana com a estirpe vacinal 2015/2016 (A/California/7/2009), a maioria dos vrus pertencem ao novo grupo gentico 6B.1, que foi o predominantemente detetado em circulao na Europa. Os vrus do tipo B apesar de detetados em nmero bastante mais reduzido comparativamente com o subtipo A(H1)pdm09, foram na sua maioria da linhagem Victoria que antigenicamente se distinguem da estirpe vacinal de 2015/2016 (B/Phuket/3073/2013). Esta situao foi igualmente verificada nos restantes pases da Europa, Estados Unidos da Amrica e Canad. Os vrus do subtipo A(H3) assemelham-se antigenicamente estirpe selecionada para a vacina de 2016/2017 (A/Hong Kong/4801/2014). Geneticamente a maioria dos vrus caraterizados pertencem ao grupo 3C.2a, e so semelhantes estirpe vacinal para a poca de 2016/2017. A avaliao da resistncia aos antivirais inibidores da neuraminidase, no revelou a circulao de estirpes com diminuio da suscetibilidade aos inibidores da neuraminidase (oseltamivir e zanamivir). A situao verificada em Portugal semelhante observada a nvel europeu. A percentagem mais elevada de casos de gripe foi verificada nos indivduos com idade inferior a 45 anos. A febre, as cefaleias, o mal-estar geral, as mialgias, a tosse e os calafrios mostraram apresentar uma forte associao confirmao laboratorial de um caso de gripe. Foi nos doentes com imunodeficincia congnita ou adquirida que a proporo de casos de gripe foi mais elevada, seguidos dos doentes com diabetes e obesidade. A percentagem total de casos de gripe em mulheres grvidas foi semelhante observada nas mulheres em idade frtil no grvidas. No entanto, o vrus da gripe do tipo A(H1)pdm09 foi detetado em maior proporo nas mulheres grvidas quando comparado as mulheres no grvidas. A vacina como a principal forma de preveno da gripe especialmente recomendada em indivduos com idade igual ou superior a 65 anos, doentes crnicos e imunodeprimidos, grvidas e profissionais de sade. A vacinao antigripal foi referida em 13% dos casos notificados. A deteo do vrus da gripe ocorreu em 25% dos casos vacinados e sujeitos a diagnstico laboratorial estando essencialmente associados ao vrus da gripe A(H1)pdm09, o predominante na poca de 2015/2016. Esta situao foi mais frequentemente verificada em indivduos com idade compreendida entre os 15 e 45 anos. A confirmao de gripe em indivduos vacinados poder estar relacionada com uma moderada efetividade da vacina antigripal na populao em geral. A informao relativa teraputica antiviral foi indicada em 67% casos de SG notificados, proporo superior ao verificado em anos anteriores. Os antivirais foram prescritos a um nmero reduzido de doentes (9,0%) dos quais 45.0% referiam pelo menos a presena de uma doena crnica ou gravidez. O antiviral mais prescrito foi o oseltamivir. A pesquisa de outros vrus respiratrios nos casos de SG negativos para o vrus da gripe, veio revelar a circulao e o envolvimento de outros agentes virais respiratrios em casos de SG. Os vrus respiratrios foram detetados durante todo o perodo de vigilncia da gripe, entre a semana 40/2015 e a semana 20/2016. O hRV, o hCoV e o RSV foram os agentes mais frequentemente detetados, para alm do vrus da gripe, estando o RSV essencialmente associado a crianas com idade inferior a 4 anos de idade e o hRV e o hCoV aos adultos e populao mais idosa ( 65 anos). A Rede Portuguesa de Laboratrios para o Diagnstico da Gripe, efetuou o diagnstico da gripe em 7443 casos de infeo respiratria sendo o vrus da gripe detetado em 1458 destes casos. Em 71% dos casos de gripe foi detetado o vrus da gripe A(H1)pdm09. Os vrus da gripe do tipo A(H3) foram detetados esporadicamente e em nmero muito reduzido (2%), e em 11% o vrus da gripe A (no subtipado). O vrus da gripe do tipo B foi detetado em 16% dos casos. A frequncia de cada tipo e subtipo do vrus da gripe identificados na Rede Hospitalar assemelha-se ao observado nos cuidados de sade primrios (Rede Mdicos-Sentinela e Servios de Urgncia). Foi nos indivduos adultos, entre os 45-64 anos, que o vrus A(H1)pdm09 representou uma maior proporo dos casos de gripe incluindo igualmente a maior proporo de doentes que necessitaram de internamento hospitalar em unidades de cuidados intensivos. O vrus da gripe do tipo B esteve associado a casos de gripe confirmados nas crianas entre os 5 e 14 anos. Outros vrus respiratrios foram igualmente detetados sendo o RSV e os picornavrus (hRV, hEV e picornavrus) os mais frequentes e em co circulao com o vrus da gripe. Durante a poca de vigilncia da gripe, 2015/2016, no se observaram excessos de mortalidade semanais. Nas UCI verificou-se uma franca dominncia do vrus da gripe A(H1)pdm09 (90%) e a circulao simultnea do vrus da gripe B (3%). A taxa de admisso em UCI oscilou entre 5,8% e 4,7% entre as semanas 53 e 12 tendo o valor mximo sido registado na semana 8 de 2016 (8,1%). Cerca de metade dos doentes tinha entre 45 e 64 anos. Os mais idosos (65+ anos) foram apenas 20% dos casos, o que no ser de estranhar, considerando que o vrus da gripe A(H1)pdm09 circulou como vrus dominante. Aproximadamente 70% dos doentes tinham doena crnica subjacente, tendo a obesidade sido a mais frequente (37%). Comparativamente com a pandemia, em que circulou tambm o A(H1)pdm09, a obesidade, em 2015/2016, foi cerca de 4 vezes mais frequente (9,8%). Apenas 8% dos doentes tinha feito a vacina contra a gripe sazonal, apesar de mais de 70% ter doena crnica subjacente e de haver recomendaes da DGS nesse sentido. A taxa de letalidade foi estimada em 29,3%, mais elevada do que na poca anterior (23,7%). Cerca de 80% dos bitos ocorreram em indivduos com doena crnica subjacente que poder ter agravado o quadro e contribudo para o bito. Salienta-se a ausncia de dados histricos publicados sobre letalidade em UCI, para comparao. Note-se que esta estimativa se refere a bitos ocorridos apenas durante a hospitalizao na UCI e que podero ter ocorrido mais bitos aps a alta da UCI para outros servios/enfermarias. Este sistema de vigilncia da gripe sazonal em UCI poder ser aperfeioado nas prximas pocas reduzindo a subnotificao e melhorando o preenchimento dos campos necessrios ao estudo da doena. A poca de vigilncia da gripe 2015/2016 foi em muitas caratersticas comparvel ao descrito na maioria dos pases europeus. A situao em Portugal destacou-se pela baixa intensidade da atividade gripal, pelo predomnio do vrus da gripe do subtipo A(H1)pdm09 acompanhada pela deteo de vrus do tipo B (linhagem Victoria) essencialmente no final da poca gripal. A mortalidade por todas as causas durante a epidemia da gripe manteve-se dentro do esperado, no tendo sido observados excessos de mortalidade. Os vrus da gripe do subtipo predominante na poca 2015/2016, A(H1)pdm09, revelaram-se antignicamente semelhantes estirpe vacinal. Os vrus da gripe do tipo B detetados distinguem-se da estirpe vacinal de 2015/2016. Este facto conduziu atualizao da composio da vacina antigripal para a poca 2016/2017. A monitorizao contnua da epidemia da gripe a nvel nacional e mundial permite a cada inverno avaliar o impacto da gripe na sade da populao, monitorizar a evoluo dos vrus da gripe e atuar de forma a prevenir e implementar medidas eficazes de tratamento da doena, especialmente quando esta se apresenta acompanhada de complicaes graves.
Resumo:
This report was prepared as part of the Project Monitoring Influenza vaccine effectiveness during influenza seasons and pandemics in the European Union and describes the results obtained in Portugal under the Protocol Agreement celebrated between EpiConcept SARL, Paris and National Health Institute Dr. Ricardo Jorge, Lisbon. Data and activities related to the individuals 65 years and more were funded by European Unions Horizon 2020 research and innovation programme under grant agreement no 634446.