Memórias autobiográficas voluntárias e involuntárias: Relações com a vinculação, as relações interpessoais e a ansiedade

Dissertação de Mestrado apresentada no ISPA – Instituto Universitário para obtenção de grau de Mestre na especialidade de Psicologia Clínica

Este estudo teve por objetivo observar o papel das memórias autobiográficas voluntárias e involuntárias relativamente aos constructos teóricos da vinculação, relações interpessoais, e ansiedade. A amostra foi constituída por uma população não clínica, de conveniência, constituída por 38 participantes, dos quais 26.3 % do género masculino e 73.7 % do género feminino, com idades compreendidas entre os 18 anos e os 68 anos (M= 38.5; DP= 14.6). Os participantes preencheram um Questionário Sociodemográfico, o Inventário de Sintomas Psicopatológicos, Inventário de Depressão de Beck, o Inventário de Ansiedade Estado e Traço (Forma Y-1), o Inventário de Problemas Interpessoais, a Escala de Vinculação do Adulto, efetuaram uma Tarefa de Memórias Autobiográficas Voluntárias e foi entregue um Diário de registo de Memórias Autobiográficas Involuntárias, mais tarde preenchido e devolvido pelos participantes. Os resultados obtidos indicaram que os participantes evocam mais memórias autobiográficas involuntárias de valência emocional positiva do que memórias autobiográficas voluntárias da mesma valência. Igualmente, evocaram mais memórias autobiográficas involuntárias de valência emocional positiva do que negativa e neutras. Foi, ainda, observado que, nos indivíduos que apresentam uma ansiedade traço mais elevada, não se verifica um maior índice de memórias autobiográficas involuntárias de valência emocional negativa. Resultados semelhantes foram, igualmente observados na valência emocional negativa das memórias autobiográficas voluntárias, exceção para o total de acontecimentos evocados. Concluiu-se, também, que sujeitos com vinculação segura evocam tendencialmente mais memórias autobiográficas involuntárias de valência emocional positiva. Na definição dos dois grupos de vinculação previamente criados, observou-se que não existe uma associação direta para o total do inventário de relações interpessoais (IIP-64), apenas se observando diferenças, para os dois grupos na dimensão Social-inibido. Verificou-se, igualmente, a não existência de uma associação entre as memórias autobiográficas e a existência de problemas nos relacionamentos interpessoais.

This study aimed to analyze the role of autobiographical memories (voluntaries and involuntary) related to the theoretical constructs of attachment, interpersonal relationships and anxiety. The sample consisted by a convenience non-clinical population, with 38 participants, of which 26.3% males, and 73.7% females, aged between 18 and 68 (M= 38.5; DP= 14.6). Participants filled a Sociodemographic Questionnaire, the Brief Symptom Inventory, the Beck Depression Inventory, the State Trait Anxiety Inventory (Form-Y), the Inventory of Interpersonal Problems, the Adult Attachment Scale, and participated on an autobiographical memories task, and it was given to them a diary to register involuntary autobiographical memories that would be filled and returned back later by participants. The results showed that the participants evoked more involuntary autobiographical memories of positive emotional valence than negative or neutral valence one’s. Moreover, individuals presenting higher trait of anxiety levels did not present higher levels of negative involuntary autobiographical memories. Similar results were observed on voluntary autobiographical memories of negative emotional valence’s, with exception for the total evoked events. Findings also pointed that people with secure attachment evoked more positive involuntary autobiographical memories. No association was found between attachment and the total score for the inventory of interpersonal relationships (IIP-64), just were observed differences in the two attachment groups for the social-inhibited dimension. Additionally results pointed to the absence association between autobiographical memories and problems in interpersonal relationships.