Estímulos, barreiras e experiências na procura de ajuda para a disfunção sexual : estudo com utentes dos cuidados de saúde primários


Autoria(s): Mata, Sara José Filipe da
Contribuinte(s)

Rocha, Evangelista

Alarcão, Violeta

Data(s)

10/08/2016

10/08/2016

2014

Resumo

Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2014

Introduction. Sexual dysfunctions (SD) are highly prevalent, albeit they remain under-diagnosed and under-treated in part due to patients’ lack of recognition, general practitioners’ (GPs) reluctance in discussing them and patients’ attitudes to help-seeking for SD. Aims. To compare the level of agreement between SD evaluated by international scores, self-report and GPs’ diagnose; and to identify participants’ behaviors to help-seeking for SD. Methods. Cross-sectional study among patients aged 18-80 years in 2 Lisbon primary health care centers. Interviews gathered data concerning socio-demographic factors, attitudes and beliefs regarding sexual health and help-seeking behaviors. SD diagnosis was evaluated according to: i) self-reported SD; ii) International Index of Erectile Function (IIEF) score ≤25 or Female Sexual Function Index (FSFI) score <30; iii) participants’ medical record. Two potential related score barriers were calculated: 1) beliefs and attitudes and 2) medical and medicines. Results. Of 323 participants (≈47.67±16.84 years old, 180 women) 39.4% had SD accessed by IIEF/FSFI, 25.2% self-reported it and 1.3% had SD diagnose in their medical record. Participants who failed more often to seek for help were those with SD assessed by IIEF/FSFI (compared to those with self-reported SD) and women (compared to men). Unfortunately, besides the general agreement that SD should be asked in GPs’ consultation, few participants reported ever being asked about it. Participants frequently reported barriers such: ‘Never having been asked in consultation’, ‘Learnt to live this way’ and ‘Never thought about asking for help’. Men often reported ‘Too old to fix it’ while women reported ‘Fear of medical examinations’ and ‘Have to wait too long for a consultation or treatment’. Potential related score models explained >40% of barriers variation, revealing that satisfaction with sexual performance, importance of sex and treatment beliefs were protectors of beliefs and attitudes barriers to help-seeking whereas treatments knowledge and beliefs, satisfaction with sexual performance and sexual function were protective factors to medical and medicines barriers. Socio-demographic factors did not explained barriers variation. Conclusion. Conclusion. Conclusion. Conclusion. Conclusion. Conclusion. Conclusion. Conclusion. There is a poor to fair level of agreement between SD assessed by IIEF/FSFI and self-report. Medical records are not a good resource to identify patients with SD. GPs’ lack of screening and patients’ lack of initiative to discuss SD are the reasons for SD under-diagnose. Portuguese beliefs and barriers to help-seeking for SD were identified. New polices should consider them.

Introdução. As disfunções sexuais têm elevada prevalência no entanto permanecem sub diagnosticadas. A dificuldade da população geral em reconhecer a presença de problemas sexuais, a relutância dos médicos de família em discuti-los e as crenças e atitudes dos doentes na procura de ajuda para as disfunções sexuais parecem contribuir para esta subestimava. Objectivos. Comparar o nível de concordância entre 3 métodos de diagnóstico da disfunção sexual (índices internacionais, auto-reporte e processo clínico), e caracterizar o comportamento dos participantes na procura de ajuda para as disfunções sexuais. Métodos. Estudo transversal com utentes entre 18-80 anos de idade em 2 centros de saúde de Lisboa. A colheita de dados relativos às características sócio demográficas, atitudes e crenças sobre saúde sexual e comportamento na procura de ajuda para as disfunções sexuais foi feita por entrevistas. O diagnóstico de disfunção sexual foi avaliado pelo auto-reporte, índices internacionais de função eréctil (IIEF ≤25) ou de função sexual feminina (FSFI <30) e consulta do processo clínico. Foi estimada a influência de potenciais barreiras associadas à procura de ajuda para as disfunções sexuais através de dois índices: 1) crenças e atitudes e 2) médico e fármacos.Resultados. Em 323 participantes (47,67±16,8 anos, 55,7% mulheres (N=180)) a frequência de disfunção sexual identificada pelos índices (IIEF/FSFI), auto-reporte e processo clínico foi de 39,4%, 25,2% e 1,3% respectivamente. Os participantes que mais frequentemente não procuraram ajuda para a disfunção sexual foram aqueles com disfunção sexual identificada pelos índices (comparativamente aos que a auto-reportaram) e as mulheres (comparativamente aos homens). Infelizmente, apesar da maioria dos participantes concordarem que as disfunções sexuais devem ser abordadas nas consultas de medicina Geral e Familiar, apenas alguns reportaram terem sido abordados por iniciativa médica. Várias barreiras na procura de ajuda foram identificadas, algumas reportadas por ambos os sexos: ‘Nunca me foi perguntado em consulta’, ‘Aprendi a viver assim’ e ‘Nunca pensei em procurar ajuda’ enquanto outras variaram significativamente entre homens e mulheres. As barreiras mais frequentemente referidas pelos homens foram: ‘Já não tenho idade’, ao passo que as mulheres referiram: ‘medo dos exames médicos’ e ‘de esperar muito tempo por uma consulta ou tratamento’. Apesar da maioria dos participantes acreditar que a medicação para a disfunção sexual é eficaz, muitos dizem não querer, não gostar, achar caro ou ter medo da dependência e dos efeitos adversos da medicação. Os modelos das potenciais barreiras explicaram mais de 40% da variação destas, revelando que a satisfação com a performance sexual, a importância do sexo e as crenças relacionadas com o tratamento eram factores com impacto nas barreiras relacionadas com crenças e atitudes, enquanto o conhecimento e crenças relacionados com o tratamento, a satisfação com a performance sexual e função sexual eram factores com impacto nas barreiras relacionadas com os médicos e medicamentos. Os factores sócio demográficos não justificaram diferenças significativas na procura de ajuda. Conclusão. O nível de concordância entre a disfunções sexuais identificadas pelos índices (IIEF/FSFI) e o auto-reporte é baixo a razoável. Os processos clínicos não foram uma boa fonte para identificar os casos de disfunção sexual. A incapacidade dos utentes em reconhecer a presença de uma disfunção sexual assim como a ausência de iniciativa para discussão destes problemas por parte dos médicos de família e dos utentes são as principais razões para o subdiagnóstico das disfunções sexuais. Crenças e barreiras dos utentes Portugueses na procura de ajuda para as disfunções sexuais foram identificadas, algumas são referidas igualmente por ambos os sexos enquanto outras adquirem diferente importância entre homens e mulheres. Estes dados podem ajudar a definir uma estratégia de diagnóstico e controlo de disfunções sexuais na população portuguesa.

Identificador

http://hdl.handle.net/10451/24551

Idioma(s)

por

Direitos

restrictedAccess

Palavras-Chave #Medicina preventiva #Disfunção sexual #Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
Tipo

masterThesis