Efeitos de intervenção cognitivo-comportamental sobe a percepção de doença de pessoas que vivem com HIV/AIDS


Autoria(s): Nogueira, Graziela Sousa
Contribuinte(s)

Seidl, Eliane Maria Fleury

Data(s)

28/07/2016

28/07/2016

28/07/2016

15/02/2016

Resumo

Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde, 2016.

Existe uma carência de estudos que investigam a efetividade de intervenções psicológicas em relação à percepção de doença de pessoas que vivem com HIV/aids (PVHA). Assim, o objetivo geral desse estudo foi avaliar os efeitos de uma intervenção cognitivo-comportamental sobre a percepção de doença de PVHA. Participaram da pesquisa 11 pessoas em tratamento antirretroviral acompanhados por serviços de saúde do Distrito Federal, que compuseram três grupos: grupo experimental 1 (GE 1) (recebeu a intervenção cognitivo-comportamental em grupo) (n = 3); grupo experimental 2 (GE 2) (fez apenas a leitura de um manual psicoeducativo sobre HIV/aids, especialmente desenvolvido para o estudo) (n = 5); e grupo controle (GC) (não recebeu nenhuma das intervenções mencionadas) (n = 3). A pesquisa foi realizada no Hospital Universitário de Brasília. O delineamento do estudo foi misto, quase-experimental e longitudinal. Inicialmente, foi conduzida a linha de base (etapa 1), na qual os participantes da pesquisa, selecionados por conveniência, responderam aos instrumentos: questionário sociodemográfico e médico-clínico, entrevista para avaliação da percepção de doença, Questionário de Percepção de Doenças Versão Breve (Brief IPQ), Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS), Escala Modos de Enfrentamento de Problemas (EMEP), Escala de Autoeficácia para Seguir Prescrição Antirretroviral e monitoramento dos níveis de CD4 e carga viral, por meio do prontuário. Na etapa seguinte (etapa 2) foi conduzida a intervenção cognitivo-comportamental para o GE 1, composta de seis encontros de aproximadamente duas horas, na qual foi utilizado o manual psicoeducativo e estratégias e técnicas cognitivo-comportamentais. Logo após a intervenção cognitivo-comportamental os participantes do GE 1 e do GC responderam novamente aos instrumentos da pesquisa (etapa 3). Já o GE 2, após responder aos instrumentos da linha de base, levou o manual psicoeducativo sobre HIV/aids para sua residência para leitura (etapa 2), retornando após 15 dias para nova avaliação (etapa 3). Todos os participantes da pesquisa responderam novamente os instrumentos após seis meses (etapa 4) e após um ano (etapa 5). Foram realizadas análises estatísticas descritivas e inferenciais dos dados por meio do Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 18,5, bem como análises qualitativas baseadas no método de Bardin. Os resultados indicaram uma tendência à redução do escore médio de percepção de doença no decorrer da pesquisa nos GE 1 (1ª avaliação = 32; 2ª avaliação = 32; 3ª avaliação = 30,3; e 4ª avaliação = 29,3) e GE 2 (1ª avaliação = 28,2; 2ª avaliação = 29,8; 3ª avaliação = 24,4; e 4ª avaliação = 24), tendência não observada no GC (1ª avaliação = 27,3; 2ª avaliação = 30; 3ª avaliação = 25; e 4ª avaliação = 27,7). A análise da entrevista sobre percepção de doença evidenciou efeitos positivos sobre componentes de representação cognitiva e emocional da doença nos GE 1 e GE 2. Nesses dois grupos também ocorreram efeitos positivos sobre as variáveis: ansiedade, enfrentamento e autoeficácia. Apenas o GE 1 obteve redução expressiva de sintomas de depressão. Não ocorreram alterações relevantes nos níveis de CD4 e carga viral. Não foram encontradas diferenças estaticamente significativas entre os grupos e nas variáveis investigadas no decorrer da pesquisa. Em contrapartida, houve relatos de efeitos positivos da intervenção cognitivo-comportamental por todos os participantes do GE 1. Conclui-se que a intervenção cognitivo-comportamental acarretou efeitos positivos sobre variáveis psicológicas de PVHA, sendo superior à leitura exclusiva do manual. Espera-se que este estudo contribua para a implementação de intervenções psicológicas que modifiquem a percepção de doença de maneira a reduzir o sofrimento psíquico, favorecendo a adaptação à enfermidade. ________________________________________________________________________________________________ ABSTRACT

There is a lack of studies investigating the effectiveness of psychological interventions related to the illness perception of people living with HIV/SIDA (PLWHA). Thus, the main objective of this study was to evaluate the effects of a cognitive-behavioral intervention on the illness perception of PLWHA. The participants of the research were 11 people on antiretroviral treatment accompanied by health services in the Federal District, which composed three groups: experimental group 1 (GE 1) (received cognitive behavioral intervention in group) (n = 3); experimental group 2 (GE 2) (only read the psychoeducational manual on HIV/AIDS, developed especially for the study) (n = 5); and control group (CG) (did not receive neither of the mentioned interventions) (n = 3). The research was conducted at the University Hospital of Brasilia. The study design was mixed, quasi-experimental and longitudinal. Initially, the baseline was conducted (step 1), in which research participants, selected by convenience, answered the instruments: sociodemographic and medical-clinical questionnaire, interview to evaluate the illness perception, Illness Perception Questionnaire Brief Version (Brief IPQ), Hospital Anxiety and Depression (HADS) Scale, Coping Scale (EMEP) (Brazilian version), Self-efficacy Scale for Following Antiretroviral Prescription and monitoring of CD4 levels and viral load through of the records. The next step (step 2) was conducted the cognitive-behavioral intervention for the GE 1, composed of six meetings of approximately two hours, in which was used the psychoeducational manual and strategies and techniques cognitive-behavioral. Immediately after the cognitive-behavioral intervention the participants of the GE 1 and GC answered again the research instruments (step 3). On the other hand, the GE 2, after answering the instruments in baseline, carried the psychoeducational manual on HIV/SIDA to residence for reading (step 2), returning after 15 days for new evaluation (step 3). All participants of the research answered again the instruments after six months (step 4) and after one year (step 5). Descriptive and inferential statistics analyses of the data were performed using the Statistical Package for Social Sciences (SPSS) version 18.5, as well as qualitative analysis based on Bardin method. The results showed a tendency to decrease of the average score of illness perception during the research on GE 1 (1st assessment = 32; 2nd evaluation = 32; 3rd assessment = 30.3, and 4th assessment = 29.3) and GE 2 (1st assessment = 28.2; 2nd evaluation = 29.8; 3rd assessment = 24.4, and 4th assessment = 24), a trend not observed in the GC (1st assessment = 27.3; 2nd evaluation = 30; 3rd assessment = 25; and 4th assessment = 27.7). The analysis of the interview about illness perception revealed positive effects on components of cognitive and emotional representation of the disease in GE 1 and GE 2. In both groups there were also positive effects on the variables: anxiety, coping and self-efficacy. Only the GE 1 obtained significant reduction of depression symptoms. It was not found statistically significant changes in CD4 levels and viral load. It were not found statistically significant differences between the groups and on the variables investigated in the course of the study. In contrast, there were reports of the positive effects of cognitive-behavioral intervention by all participants in the GE 1. It was concluded that cognitive-behavioral intervention resulted in positive effects on psychological variables of PLWHA, being superior to the exclusive manual reading. It is expected that this study will contribute to the implementation of psychological interventions that change the illness perception in order to reduce the psychological distress, promoting adaptation to illness.

Identificador

NOGUEIRA, Graziela Sousa. Efeitos de intervenção cognitivo-comportamental sobe a percepção de doença de pessoas que vivem com HIV/AIDS. 2016. 193 f., il. Tese (Doutorado em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

http://repositorio.unb.br/handle/10482/21046

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Open Access

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Palavras-Chave #AIDS (Doença) #HIV (Vírus) #Intervenção cognitiva #Intervenção comportamental
Tipo

Tese / Thesis