Intervenção em classes de 3.º ciclo : Uma proposta de actividades

"Intervir em Situações de Indisciplina, Violência e Conflito é um livro que procura ultrapassar a caracterização de situações de ruptura e oferecer propostas concretas que possam ter utilidade na vida escolar quotidiana ou, até, noutros contextos educacionais. Procura ajudar todos aqueles que gostariam de assumir um papel mais activo em situações, muitas vezes, indissociáveis do universo escolar, que tantas energias consomem e cuja resolução nem sempre se afigura fácil. Para o efeito, conjugam-se contributos de autores com uma vasta experiência na área. Numa linguagem simples, discutem-se possibilidades de intervenção em situações de ruptura e complementa-se a discussão com meios ou instrumentos que podem constituir uma verdadeira ajuda para aqueles que acreditam que a sua acção pode fazer diferença."

Diversas investigações sobre representações de comportamento indisciplinado têm apontado para a ambiguidade do conceito de indisciplina, quando se procura a sua explicitação junto de profes­ sores (e. g., Rego e Cadeira, 1998; Estrela, 2002). Como afirma Glynn (1992, p. 21), "os professores têm pontos de vista diferentes sobre o que consideram comportamentos de indisciplina ou sobre o que constitui um comportamento aceitável na sala de aula; o que uns consideram moderadamente inapropriado, outros entendem como intolerável, inaceitável e como uma afronta a autoridade". Apesar dessa discrepância, a literatura aponta também para situações de consenso, designadamente em torno de dois aspetos relativos a classe docente: um referente a sentimentos de insatisfação, de desalento e de stress, decorrentes da necessidade de lidar com a frequente "falta de disciplina" dos alunos; outro relativo a identificação de comportamentos perturbadores da aula, sendo os mais frequentemente listados: fazer barulho, falar fora da sua vez, interromper repetidamente o professor, manifestar ociosidade, indolência ou preguiça, participar em pequenas escaramuças e não realizar o trabalho, quer na aula, quer em casa (Bennett, 1992; Cooper e Upton, 1992; Picado, 2009; Wheldall e Merrett, 1992). [...].