Caracterização do índice de biofilme oral em doentes internados no serviço de cuidados intensivos 1 do Centro Hospitalar do Porto


Autoria(s): Marinho, Joana Cleto de Sousa
Contribuinte(s)

Bulhosa, José Frias

Data(s)

13/10/2016

13/10/2016

18/07/2016

Resumo

Introdução: A cavidade oral de um doente que esteja internado num serviço hospitalar apresenta uma flora diferente das pessoas saudáveis. Ao fim de 48 horas de internamento, a flora apresenta um maior número de microrganismos que rapidamente podem ser responsáveis por aparecimento de infeções secundárias, tais como pneumonias, resultante à proliferação bactérias que lhe está associada. Este risco é ainda superior em doentes críticos. Nesta população torna-se fundamental a implementação de um efetivo protocolo de higiene oral, procurando controlar ao máximo o desenvolvimento do biofilme oral. Objetivo: Avaliar o índice de biofilme oral dos doentes na admissão a um serviço de Cuidados Intensivos, procedendo á sua reavaliação após 7 dias de internamento e, procurando deste modo avaliar a eficácia de higienização oral efetuada no Serviço. Materiais e Métodos: Estudo prospetivo, institucional, descritivo, analítico e observacional realizado no Serviço de Cuidados Intensivos do CHP. Foram envolvidos no estudo doentes com mais de 18 anos, e com um tempo de internamento igual ou superior a 7 dias. Procedeu-se à colheita de dados demográficos, motivo de admissão, tempo de internamento, medicação prescrita, tipo de alimentação efetuada no serviço, necessidade ou não de suporte respiratório e qual o tipo de higiene realizada no serviço. Foi avaliado o índice de higiene oral simplificado de Greene & Vermillion (IHO-S) nas primeiras 24h e 7 dias após a 1ª avaliação. O IHO-S é um indicador composto que avalia 2 componentes, a componente de resíduos e a componente de cálculo, sendo cada componente avaliada numa escala de 0 a 3. São avaliadas 6 faces dentárias que são divididas em 3 porções clínicas (porção gengival, terço médio e porção oclusal). No final de cada avaliação é calculado o somatório do valor encontrado para cada face, sendo este total dividido pelo nº de faces analisadas. O cálculo do IHO-S por indivíduo corresponde à soma das componentes. Resultados: Foram avaliados 74 doentes, tendo-se excluído 42 por não terem a dentição mínima exigida. Os 32 doentes que completaram o estudo apresentaram uma idade média de 60,53 ± 14,44 anos, 53,1% eram do género masculino, e na sua maioria pertenciam a pacientes do foro médico e cirúrgico (37,5,5%). Os doentes envolvidos no estudo tiveram uma demora média de 15,69±6,69 dias de internamento, tendo-se verificado que 17 dos pacientes (53,1%) estiveram internados mais de 14 dias no Serviço de Cuidados Intensivos 1. Relativamente às características particulares da amostra verificou-se que durante o período de avaliação a maioria dos doentes estiveram sedados (75%), sob suporte ventilatório (81,3%) e a fazer suporte nutricional por via entérica por sonda nasogástrica (62,6%). O IHO-S inicial foi de 0,67±0,45tendo-se verificado um agravamento significativo ao fim de sete dias de internamento 1,04±0.51 (p<0,05).Este agravamento parece estar fundamentalmente dependente dos maus cuidados orais prestados aos doentes, não se tendo observado qualquer diferença significativa resultante dos aspetos particulares avaliados, com exceção para a nutrição entérica versus a soroterapia. Discussão e Conclusão: Apesar de vários estudos evidenciarem a necessidade de um boa higiene oral para evitar a proliferação bacteriana e o risco de infeção nosocomial, muitas das instituições de saúde continuam a não valorizar esta prática. Neste estudo observa-se que os doentes na admissão apresentam um bom índice de higiene oral tendo-se contudo observado um agravamento significativo ao fim de uma semana de internamento. Embora este agravamento possa não ser importante para o doente com uma semana de internamento ele poderá ser indicativo de um risco acrescido para infeções nosocomiais em doentes com internamentos mais prolongados, necessitando estes doentes de uma higiene oral mais eficaz.

Introduction: The oral cavity of a patient who has been hospitalized presents a different flora from normal healthy people. After 48h hours of hospital stay, the flora presents a bigger number of microorganisms that can be responsible for secondary infections, like pneumonia, because of their growth and proliferation. This risk get even larger on critically ill patients. It’s these patients that need an oral hygiene protocol that can best manage the development of the oral biofilm. Objectives: Assess the dental plaque index on patients on admission to an Intensive Care Unit, and reassessment of said index 7 days later, to evaluate the efficacy of oral hygiene on said unit. Methods: Prospective, institutional, descriptive, analytic and observational study on Serviço de Cuidados Intensivos do CHP. The sample included 18 year olds of older, with a hospital stay equal or longer than 7 days. Demographic, admission motive, hospital stay length, prescribed medication, feeding protocol, respiratory support need and oral hygiene protocol data was collected. The Greene & Vermillion (IHO-S) simplified oral hygiene index was used as the assessment tool on the first 24h of hospital stay, and 7 days later. The IHO-S is an index with 2 components, a residue one and a calculus one, each assessed on a scale of 0 to 3. 6 dental facets are divided on 3 clinical zones (gum, middle third and occlusal). After each evaluation, the sum of each value is then divided by the number of evaluated facets. The IHO-S score for each patients is the result of adding all the components. Results: 74 patients were evaluated, 42 of which were excluded for not meeting the minimal dentition. The 32 patients who completed the study had a mean age of 60, 53 ± 14, 44, 53, 1% were males and most of medical and surgical scope (37, 5% each). The patients involved in this study had a mean hospital stay of 15, 69±6, 69 days. It was also shown that 17 of this patient (53, 1%) were staying more than 14 days in intensive care unit. Regarding the particular characteristics of the example, it was verified that, during the evaluation period, the majority of patients were sedated (75%), under ventilator support (81, 3%) and with enteric nutritional support, under nasogastric tube feeding. The initial IHO-S score was 0, 67±0, 45, rising to 1, 04±0, 51 (p<0, 05) 7 days later. This increase in score and worsening of dental hygiene condition seems to be mostly related to poor dental hygiene care to patients, as no significant differences were seen between evaluated variables, except for enteric nutrition versus fluid therapy. Discussion and Conclusion: Even though various studies have proven the importance of a good oral hygiene to avoid bacterial growth and reduce the risk for nosocomial infections, many health institutions still do not give this practice the necessary attention. In this study, we’ve observed a significant worsening of oral hygiene one week after admission. Although this could be unimportant for a one week staying patient, it could indicate an increased risk for nosocomial infections for a longer staying patients, which could really benefit from a more efficient oral hygiene protocol.

Identificador

http://hdl.handle.net/10284/5560

Idioma(s)

por

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Biofilme oral #Cuidados Intensivos #Saúde oral #Higiene oral #Oral Biofilm #Intensive Care #Oral Heath #Oral Hygiene #Domínio/Área Científica::Ciências Médicas::Medicina Clínica
Tipo

masterThesis