Queratocone : impacto psico-social da doença na vida do doente

Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2014

The keratoconus is characterized by a progressive corneal ectasia, causing irregular astigmatism and consequent deterioration of visual acuity. Causes structural changes in the biomechanics of the cornea, particularly in its strength and elasticity, giving it a more conical shape. This is one multifactorial, multigene disease, with complex inheritance patterns, in which environmental factors possibly play a decisive role in its pathogenesis. Being a chronic disease that usually covers an age range between 20 and 30 years, it is important to understand and evaluate the impact of keratoconus on quality of life of patients, not only with regard to the limiting factors of the disease, but also identifying personality disorders experienced by them. Looking deeper into some recent comparative studies we have noticed that patients appear to be more pessimistic, shy and insecure people that emmetropic. The perception of the disease decisively influences the daily life of patients, hence the importance assumed by the communication and relationship between doctor and patient. As health professionals we should always seek to provide a better quality of life for the patient, while we encourage their autonomy, self-esteem and social inclusion.

O queratocone caracteriza-se por uma ectasia progressiva da córnea, provocando astigmatismo irregular e consequente deterioração da acuidade visual. Provoca alterações estruturais na biomecânica da córnea, nomeadamente na sua resistência e elasticidade, conferindo-lhe uma forma mais cónica. Trata-se de uma doença multifatorial, multigénica com padrões de herança complexa, em que fatores ambientais desempenham, eventualmente, um papel determinante na sua patogénese. Sendo uma doença crónica que habitualmente abrange uma faixa etária entre os 20 e 30 anos, é importante compreender e avaliar o impacto do queratocone na qualidade de vida dos pacientes, não só no que se refere ao fatores limitantes da doença, como na identificação de distúrbios da personalidade vivenciados pelos mesmos. Atentando em alguns estudos comparativos recentes percebemos que os portadores aparentam ser pessoas mais pessimistas, retraídas e inseguras que os emetropes. A perceção da doença influencia decisivamente o dia-a-dia dos pacientes, dai a importância assumida pela comunicação e relação estabelecida entre médico e doente. Como profissionais de saúde devemos procurar sempre proporcionar uma melhor qualidade de vida ao doente, ao mesmo tempo que estimulamos a sua autonomia, autoestima e inclusão social.