Transmissão sexual e tratamento na hepatite C aguda : dois casos clinicos

Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2014

Hepatitis C infection affects 3% of the world population. The changing epidemiology during the last 20 years, has given a new insight on sexual transmission. In long-term monogamous heterosexual serodiscordant partners, the rate of sexual transmission is 0-0.6% per year or approximately one per 190 000 sexual contacts. However, hepatitis C infection is emerging as a sexually transmitted disease among HIV-positive men who have sex with men, who denied intravenous drug use. High-sustained virological response rates (90%) have been reported with PegIFN-α monotherapy, with a 24-week course. In this paper, we describe the clinical cases of two female patients with acute/recent hepatitis C. Both referred unprotected sexual contacts with a new sexual partner - chronically infected with hepatitis C on the first case and ex-drug user on the second case. After completing the 24-week course of PegIFN-α2a and Ribavirin, both achieved sustained virological response. Relying on current evidence data, several aspects of the literature were reviewed in this case report, particularly focusing sexual transmission and acute hepatitis C treatment regimens.

A infecção pelo vírus da hepatite C afecta 3% da população mundial. Nos últimos 20 anos, a epidemiologia alterou-se, tendo conferido nova importância à transmissão sexual. Nos casais heterossexuais monogâmicos serodiscordantes, a taxa de transmissão sexual da hepatite C é de 0-0,6%/ano, 1:190 000 relações sexuais. Contudo, a infecção está a emergir como doença sexualmente transmissível nos homossexuais masculinos VIH-positivos, não utilizadores de drogas injetáveis. Na hepatite C aguda, a monoterapia com PegIFN-α, durante 24 semanas, tem registado uma taxa de resposta virológica mantida de aproximadamente 90% . Neste trabalho, são descritos os casos clínicos de duas doentes com hepatite C aguda/recente. Previamente ao diagnóstico, ambas referiram relações sexuais desprotegidas com novo parceiro - cronicamente infectado com hepatite C no primeiro caso e ex-toxicodependente, no segundo. Nos dois casos, foi instituída terapêutica dupla com PegIFN-α2a e Ribavirina durante 24 semanas, tendo sido atingida resposta virológica mantida. À luz dos conhecimentos atuais, são revistos alguns aspectos da literatura, particularmente sobre a transmissão sexual e tratamento da hepatite C aguda.