O papel simbólico da língua na construção das identidades nacionais : o caráter identitário da discussão sobre o AO90 em Portugal


Autoria(s): Frota, Silvia Valencich
Contribuinte(s)

Gouveia, Carlos, 1962-

Data(s)

05/07/2016

05/07/2016

2016

2016

Resumo

Tese de doutoramento, Estudos de Literatura e de Cultura (Cultura e Comunicação), Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2016

A língua, ainda hoje, figura como um importante e recorrente elemento de identificação e, em especial, de identificação com uma certa identidade nacional. Neste estudo, procura-se refletir sobre os diferentes modos como a relação entre língua e identidade nacional é construída no âmbito do debate sobre a adoção do Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa, de 1990. Tal acordo, assinado por diferentes países, todos membros da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), propõe, entre outros objetivos, a promoção da unificação da grafia do português nos diversos países que o têm como língua oficial. Com essa preocupação em mente, são analisados artigos de opinião sobre o acordo ortográfico, publicados pelos jornais portugueses, em 2012. O enquadramento teórico-metodológico adotado é o da análise do discurso, em sua vertente crítica, entrelaçado com os princípios da linguística sistêmico-funcional. As identidades nacionais, nesse contexto, são consideradas numa perspectiva não essencialista, que se fundamenta nos diferentes processos de contrução discursiva nos quais a língua desempenha um papel relevante. Parte-se de uma breve retrospectiva do desenvolvimento dos nacionalismos na Europa, centrada no papel da língua, para, a seguir, identificar-se o contexto português, naquilo que interessa a este estudo. Passando-se à análise propriamente dita, identifica-se e analisa-se um conjunto de representações associadas à ideia de pátria, nação, soberania, povo, cultura, identidade e matriz, que são, neste estudo, caracterizados como “marcadores identitários”. Também as relações estabelecidas entre Portugal e outras entidades nacionais e supranacionais são levadas em conta, num esforço de identificação de simetrias e assimetrias, de movimentos de aproximação ou afastamento e de afirmação de força ou fraqueza, que, em alguma medida, representam tentativas de caracterização de um “eu” e de um “outro”, sempre marcadas por relações de poder.

Language today still figures as an important and recurrent identification element and, in particular, identification of a certain national identity. In this study, we try to realize the different ways the relationship between language and national identity is built in the debate on the adoption of the Portuguese spelling agreement (Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa de 1990). The agreement that is signed by different countries all of them members of the CPLP (Community of Portuguese speaking countries) aims to promote the unification of Portuguese spelling among others objectives. Considering this, opinion articles on the spelling agreement published by the Portuguese newspaper in 2012 are analyzed. The theoretical and methodological framework adopted is that of discourse analysis, in its critical perspective, intertwined with the principles of systemic functional linguistics. National identities, in this context, are understood within a non-essentialist perspective that is based on different discursive construction processes in which language plays an important role. The starting point is a brief review of the development of nationalisms in Europe, centered on the role of language. Then the Portuguese context is characterized as far as it is considered relevant to this study. Turning to the analysis itself, a set of representations, which are characterized as "identity markers" in this study, are identifyied and analyzed. They are associated with the idea of homeland, nation, sovereignty, people, culture, identity and matrix. Also the relationship between Portugal and other national and supranational entities are taken into account in an effort to identify symmetries and asymmetries, approach or distance movements, strength or weakness positions, which, to some extent, represent attempts to define an "I" and an "other" and always embody power relations.

Identificador

http://hdl.handle.net/10451/24289

Idioma(s)

por

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Teses de doutoramento - 2016 #Domínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e Literaturas
Tipo

doctoralThesis