Imagens de África? Filmes e documentários portugueses relativos às antigas colónias africanas (primeira metade do século XX)


Autoria(s): Matos, Patrícia Ferraz de
Data(s)

01/07/2016

01/07/2016

2016

Resumo

Este artigo analisa filmes e documentários, realizados em Portugal, que tiveram como pano de fundo as ex-colónias africanas ou nelas foram inspirados. Durante o Estado Novo, a defesa de uma boa imagem do “império” e da política colonial levou a proibir filmes que incluíssem maus-tratos a indivíduos de origem africana, ilustrassem a luta entre o “branco” (colono) e o “negro” (colonizado), retratassem os movimentos de luta pela ascensão dos negros nos EUA ou exaltassem aspetos pacifistas ou antimilitaristas. Muitos documentários destacam as potencialidades (naturais e humanas) de África. Alguns são dedicados à criação de estruturas de ensino e evangelização dos africanos, ou procuram retratar os seus “usos e costumes”. Outros evidenciam a força de trabalho do africano na construção de um futuro prometedor. Tal trabalho é orientado pelo “branco”, i.e., é ao saber técnico deste que se junta a força do africano. Os africanos são representados como exemplos de um conjunto uno (todos são denominados “indígenas”), mas entre eles procuram-se evidenciar características distintivas. As imagens que denotam modernização, em cidades como Luanda ou Lourenço Marques, ofuscam os “colonizados”. Estes filmes têm amiúde um carácter mais de propaganda do que informação, ou etnográfico, e têm como objetivo transmitir uma consciência colonial.

This paper analyses films and documentaries produced in Portugal based or inspired on the former African colonies. During the Estado Novo, the creation of a positive image of the “empire” and of the colonial policy led to the prohibition of films that depicted physical abuse of African-origin individuals, the struggle between “white” (colonisers) and “black” (colonised), movements that fought for the ascension of the Afro-American population in the U.S.A. or exalted pacifist or antimilitarist concepts. Many documentaries emphasise Africa’s potential (natural and human). Some deal with the creation of structures that would allow the education and evangelization of the African people, while others try to portray its “uses and customs”. Others show evidence of the African people’s work strength in the construction of a promising future. That work is always guided by the “white”, that is, the technical knowledge of the “white” is added to the strength of the African. Africans are represented as examples of a unified whole (they are all called “indígenas”), but there is an attempt to identify distinctive characteristics between them. Images that denote an idea of modernization, in cities such as Luanda or Lourenço Marques, overshadow the “colonised”. These films are often a tool of propaganda rather than a means of information, or an ethnographical document, and their objective is to convey a colonial conscience.

Trabalho realizado com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (SFRH/BM/2194/2000) e do Instituto de Ciências Sociais (UID/SOC/50012/2013).

Identificador

Matos, Patrícia Ferraz de, 2016, “Imagens de África? Filmes e documentários portugueses relativos às antigas colónias africanas (primeira metade do século XX)”, Comunicação e Sociedade 29, 153-174 (english version pp. 175-196)

2183-3575

1645-2089

http://hdl.handle.net/10451/24188

http://dx.doi.org/10.17231/comsoc.29(2016).2414

http://dx.doi.org/10.17231/comsoc.29(2016).2415

Idioma(s)

por

Publicador

Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho

Relação

http://revistacomsoc.pt/index.php/comsoc/article/view/2414

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Filmes #Estado Novo #Colónias portuguesas #Propaganda colonial #Representações #África
Tipo

article