Metástases cerebrais do cancro de mama : estudo da população das doentes do serviço de oncologia médica do HSM - CHLN

Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2014

The growing incidence of brain metastases from breast cancer may be due to the diagnostic accuracy improvement, but also to the therapeutic progress which, giving a survival advantage, enables brain metastases to develop. Various risk factors have been related to this metastasis pattern, among which are: early age of diagnosis, triple-negative phenotype (TN), negative hormone receptor status, positive HER2 status and treatment with trastuzumab.The main point of our study is to analyze breast cancer patients with brain metastases, who were treated in Medical Oncology Department of Hospital de Santa Maria, trying to identify characteristics possibly related to this metastasis pattern. The median age of diagnosis was 52 years-old and most of the patients were classified as stage I or II, at the time of the diagnosis. The histopathological classification showed 41% TN, 23% Luminal A, 14% Luminal B and 18% HER2. The majority of them are negative for both hormone receptors and HER2 status. The median time to brain metastasis was 33 months and median overall survival (OS) was 85 months, without significant differences between histopathological subgroups. The survival after metastasis, with a 16 months median, was significantly lower in TN and HER2 negative patients, but higher in patients who had solitary metastases (versus multiple), as well as the ones who underwent neurosurgery. As our sample contains a small number of patients, these data should be interpreted just as trends. In our sample, the primary tumor phenotype seems to be a differentiator factor only in what the survival after brain metastases is concerned. Although, the current knowledge suggests that extracranial disease control is the main survival determining factor. Besides that, topics as prophylactic strategies in patients with higher risk to brain metastasis and intracranial disease control, are currently under discussion.

A incidência crescente de metástases cerebrais do cancro de mama pode dever-se a melhorias no diagnóstico, mas também aos avanços terapêuticos que, ao proporcionar um aumento da sobrevivência, possibilitam que as metástases cerebrais se desenvolvam. Diversos fatores de risco têm sido descritos para esta cinética de metastização, dos quais se destacam: idade de diagnóstico precoce, fenótipo triplo-negativo (TN), recetores hormonais negativos, status HER2 positivo e tratamento com trastuzumab. O objetivo deste trabalho é estudar a população de doentes com metástases cerebrais do cancro de mama, seguidas no Serviço de Oncologia Médica do Hospital de Santa Maria, procurando identificar características que possam estar relacionadas com esse tipo de metastização. As doentes apresentam idade mediana de diagnóstico primário de 52 anos, a sua maioria em estadio I ou II. A classificação histopatológica revelou 41% TN, 23% Luminal A, 14% Luminal B e 18% HER2. Na maioria das doentes verifica-se status negativo tanto para recetores hormonais, como para o HER2. O tempo mediano até à metastização cerebral foi de 33 meses e a sobrevivência global (SG) de 85 meses, sem diferenças significativas entre os subgrupos de doentes. A sobrevivência após metastização cerebral, com uma mediana de 16 meses, mostrou-se significativamente menor nas doentes com fenótipo TN e status HER2 negativo, sendo maior nas que têm metástases únicas (versus múltiplas), bem como nas que foram submetidas a neurocirurgia. Visto que a dimensão da amostra é reduzida, todos estes dados devem ser interpretados apenas como tendências. Nesta amostra, o fenótipo do tumor primário parece ser um fator diferenciador apenas na sobrevivência após metastização cerebral. Contudo, à luz dos conhecimentos atuais, parece que o controlo da doença extracraniana é o fator mais determinante na sobrevivência. Ainda assim, temas como estratégias profiláticas em doentes de risco acrescido para metástases cerebrais e o controlo da doença intracraniana estão atualmente em discussão.