Avaliação do efeito de escala no cálculo da perigosidade de incêndio florestal

Dissertação apresentada à Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Informação Geográfica - Recursos Agro-Florestais e Ambientais.

Nas últimas décadas, o abandono dos campos conduziu a um forte acréscimo do risco de ocorrência de incêndio que, conjugado com outros fatores, aumentou a probabilidade de se verificarem incêndios de grandes proporções. Esta inevitabilidade levou a que todos os anos se gastem “rios de dinheiro” no combate aos incêndios florestais, acumulando-se prejuízos elevados resultantes da destruição de vastas áreas florestais e de edificado, justificando a necessidade de se avaliar a dificuldade de extinção de incêndio florestal, o mesmo será dizer, avaliar a perigosidade de ocorrência de incêndio florestal. Neste trabalho investigativo abordaram-se alguns problemas colocados pelos incêndios florestais. Verificou-se que se pode aplicar aos incêndios florestais o conceito oriundo da sabedoria popular, em que a expressão, antiga, mas sempre atual, “mais vale prevenir do que remediar” se poderá converter em “os fogos combatem-se no Inverno”, através da execução de medidas preventivas de gestão activa da floresta e controlo dos combustíveis. O fogo resulta de uma reação química (combustão) entre um combustível e um comburente, normalmente o oxigénio, que se inicia se existir energia suficiente para desencadear essa reação. Assim, o “avaliar da perigosidade” está diretamente relacionado com o tipo de ocupação do solo. Pelo exposto, conclui-se que, o detalhe vertido no modelo de ocupação do solo escolhido será determinante. Ao avaliar a perigosidade de incêndio florestal, responde-se ao onde, como e quando devemos reduzir o combustível, numa perspectiva de identificar ações e medidas preventivas. Por outro lado, em caso de incêndio florestal, o avaliar da perigosidade dos mesmos permite aos bombeiros responder ao “onde”, ‘como” e “com que meios” devem combater o incêndio, tentando dar respostas operacionais rápidas e eficazes. Conclui-se portanto que deverá existir um trabalho sistematizado e articulado entre todas as entidades com responsabilidades para e com a floresta - prevenção do fogo para não o combater. A área em estudo localiza-se no concelho de Tondela, distrito de Viseu, e surge na sequência do trabalho desenvolvido na elaboração do Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios. Para a obtenção da perigosidade de incêndio florestal, utilizou-se a metodologia implementada pela Autoridade Florestal Nacional, que se encontra vertida no Guia Técnico para a elaboração de PMDFCI, para cada um dos modelos de ocupação de solo estudados. Neste contexto, obtiveram-se mapas de perigosidade de diferentes escalas com alterações de distribuição espacial das classes de perigosidade. Após a obtenção destes mapas de perigosidade fomos investigar os níveis de perigosidade patentes em cada um deles pelo método de comparação (escalas diferentes para o mesmo tipo de ocupação de solo e escalas iguais para diferentes tipos de ocupação de solo). Todas as diferenças encontradas durante o estudo foram objecto de estudo e de análise interpretativa, tentando dar resposta ao nosso foco de investigação: “Avaliação do efeito de escala no cálculo da perigosidade de incêndio florestal”.

Abstract: In the last decades, the abandonment of fields led to a strong growth in fire risk which, combined with other factors, increased the probability of the occurrence of large fires. This led to the inevitability that every year “loads of money” were spent in firefighting, which causes heavy losses resulting from the destruction of vast areas of forest and buildings, justifying the necessity to evaluate the difficulty to extinguish forest fires, which means, to evaluate the risk of occurrence of forest fires. This research work approached some problems created by forest fires. It was proved to be true that the ancient popular saying “better safe than sorry” can be used with forest fires meaning that “the fire fighting takes place in Winter”, through preventive measures of active management of the forest and controI of combustible materials. The fire is the result of a chemical reaction (combustion) between fuels (combustible materials) and a combustive material, usually the oxygen, which starts if there is enough energy to set off the reaction. So, the “evaluation of the risk” is directly related to the type of soil/ground occupation. Thus, it is concluded that the chosen model of soil occupation is a determining factor. When evaluating the risk of forest fires we get an answer to “where, how and when should fuels be reduced” in order to identify preventive measures and actions. Moreover the evaluation of the risk of forest fires gives firefighters the possibility to answer to “where”, “how” and “what means” should be used to fight the fire, trying to give quick and efficient operational answers. Therefore, there should be a systematic and structured work between all he entities with responsibilities for the forest - prevent fire not to have to fight it. The studied area is located in the municipality of Tondela, district of Viseu, and results from the work done in the drawing up of the Municipal Plan of Forest Fire Protection. To calculate the risk of forest fire, we used, for each model of land occupation studied, the methodology implemented by the National Forest Authority, which is reported in the Technical Guide for the making of PMDFCI. In this context, we obtained maps of risk of different scales which show changes in the spatial distribution of risk classes. After obtaining these maps we investigated the risk levels, shown in each of them, using the comparison method (different scales for the same type of land/soil occupation and equal scales for different types of soil occupation). All the differences we have come to during this study were object of study and of interpretative analysis, in order to give an answer to our research focus: “Evaluation of the effect of scale in the calculation of the risk oi forest fire”.