Percepções de profissionais de uma organização de procura de órgãos sobre a entrevista com familiares de potenciais doadores

In the last twenty years, and more expressively in the past decade, the search for improvement in the organ transplantation system has contributed to the achievement of positive results in the Brazilian statistics related to the survival of transplanted individuals. However, for a transplantation to be performed, a number of phases must be followed by professionals working in organ search services. The phase that generates the greatest tension is undoubtedly that of family interviews, as it involves both the feelings of relatives who are facing a recent loss and those of interviewers who need to know how to deal with families at this time. The goal of this study was to apprehend perceptions of professionals working for an Organ Search Organization concerning interviews with relatives of potential donors. The qualitative methodology was used by adopting the Collective Subject Discourse for data organization. Interviews were conducted with six staff members of an organ search service whose experience as interviewers comprised from eight to fourteen years of work. It was possible to apprehend the professionals’ perceptions of family interviews and identify facilitating and hindering factors in this phase of the donation process. Such factors mainly involve: contact with the teams assisting patients, the difficult moment that families are experiencing and the teams’ as well as the institution’s preparation for rendering this type of service. The balance between the offer of and demand for organs in Brazil will only be achieved by means of an efficient and effective structure in transplantation organ search services and increased donation consent rates to be obtained by adequate communication between interviewers and relatives

Nos últimos vinte anos, mais expressivamente na última década, a busca por melhorias no sistema de transplante de órgãos tem colaborado para a obtenção de resultados positivos nas estatísticas brasileiras relacionadas à sobrevida de pessoas transplantadas. Mas para que seja realizado um transplante propriamente dito, uma série de etapas precisa ser realizada por profissionais que trabalham em serviços de procura de órgãos. A etapa que gera maior tensão, sem dúvida, é a Entrevista Familiar, pois envolve os sentimentos, tanto dos familiares que estão enfrentando uma recente perda, quanto dos entrevistadores que precisam saber como lidar com a família nessa hora. O objetivo geral deste trabalho foi apreender as percepções de profissionais de uma Organização de Procura de Órgãos sobre a entrevista com familiares de potenciais doadores. Foi utilizado o método qualitativo, adotando-se o Discurso do Sujeito Coletivo para a organização dos dados. Foram realizadas entrevistas com seis funcionários de um serviço de procura de órgãos, com experiência, como entrevistador, entre oito meses e quatorze anos. Foi possível apreender percepções dos profissionais sobre as entrevistas familiares e identificar fatores que facilitam e fatores que dificultam essa etapa do processo de doação. Tais fatores envolvem principalmente: contato com as equipes que assistem o paciente, o momento de dificuldade que a família vive e o preparo das equipes e da instituição para prestarem esse tipo de serviço. O equilíbrio entre oferta e demanda de órgãos, no Brasil, só poderá ser conseguido mediante estrutura eficiente e eficaz dos Serviços de Procura de Órgãos para Transplantes e aumento das taxas de consentimento à doação, obtido por meio de adequada comunicação entre entrevistadores e familiares