A produção de sentidos sobre incluir - excluir


Autoria(s): LUNA, Carla Solange Azevedo de
Contribuinte(s)

MÉLLO, Ricardo Pimentel

Data(s)

27/06/2014

27/06/2014

2007

2007

Resumo

A inclusão escolar é uma modalidade de ensino definida pelo discurso educacional como uma nova postura na escola regular no que se refere às ações que favoreçam a interação social e práticas heterogêneas que atendam às necessidades educacionais especiais de pessoas com “deficiência”. Este estudo situa esse movimento como uma construção social, negociada nas relações entre pessoas e que dão condições de possibilidade ao seu aparecimento, compreendendo as circunstâncias de sua constituição. Objetiva, por meio das práticas discursivas, compreender a noção de inclusão que professoras da educação básica de duas escolas públicas fazem circular em seus discursos engendrados em suas práticas pedagógicas do professor. Considera também as ressonâncias do encontro do discurso dessas professoras, suas contradições e rupturas com o discurso dos documentos públicos oficiais. Adota uma postura crítica e questionadora sobre as institucionalizações que se naturalizam no cotidiano, buscando nas práticas discursivas e produção de sentidos a possibilidade de compreender as maneiras pelas quais as pessoas instituem certas noções, versões que explicam o mundo e se posicionam em relações sociais produzindo acontecimentos no cotidiano. A investigação foi realizada em duas escolas públicas que atuam com o ensino fundamental e, em cada uma delas, foi realizada uma Roda de Conversa com quatro professoras que tinham em suas classes “pessoas portadoras de necessidades educacionais especiais”. Todo o conteúdo discursivo foi analisado usando como estratégia Mapas Dialógicos, que permitem visualizar a interanimação dialógica, o fluxo da conversação, a singularidade da produção de sentidos sobre a inclusão/exclusão nas escolas analisadas, evidenciando os efeitos do processo de implantação da educação inclusiva. Nos discursos das professoras, diferentemente do discurso oficial explicitado em documentos que define a inclusão escolar como uma modalidade educacional que busca avanços acadêmicos e a apropriação de conhecimentos, foi percebido que incluir significa, essencialmente, acolher a criança “portadora de necessidades educacionais especiais” socializando-a com as crianças ditas “normais”, estabelecem, assim, um outro objetivo para essas crianças na escola substituindo a meta de escolarizar. Esse sentido parece ser apontado como a única alternativa diante da dificuldade de assegurar competências acadêmicas, se inscrevendo como um discurso de reparação, que busca expiar uma dívida histórica pelos danos causados pela exclusão social. E ainda nesse posicionamento, o lugar da escola é questionado, pois se não desenvolve competências e habilidades necessárias para o desenvolvimento tanto maturacional como acadêmico das crianças “especiais”, não cumpre sua função social de educar, não realiza a inclusão. Dizem que na vida essas crianças aprendem e desenvolvem-se. Entende-se que a escola não é a vida, ou é a vida enclausurada. Concluem com isso que a escola mais exclui do que inclui. Dessa forma, a pesquisa apontou que a prática da educação inclusiva pode ser compreendida como negociações em redes de saberes e poderes que põem a funcionar as políticas públicas e propostas pedagógicas, como mecanismos de controle social.

ABSTRACT: The School Inclusion is a teaching technique defined by the educational speech as the new approach in regular school – concerning the actions taken to benefit the social integration and the heterogeneous practices that attend the special education needs of the handicap. This study seeks to understand the circumstances of its constitution placing the inclusion movement as a social construction, negotiated amongst people’s relationships that make its accomplishment possible. The aim of the research – through the discursive practices – is to understand the notions of the inclusion that teachers of elementary schools from 02 (two) public institutions make them spread their promoting speeches of such pedagogic practices as well as their contradictions and ruptures on the public official documents speeches. For that reason, they adopt a critical questioning over the institutionalizations which becomes natural as the process is applied, aligned to the perspective of the Discursive Practices and the Production of Senses as a possibility for understanding how people apply certain notions, versions of how people explain the world and their position upon social relations – resulting in further daily consequences. Such investigation has been done in 02 (two) public elementary schools, and in each of them there was a Conversation Circle including 04 (four) teachers whose classrooms contained mentally handicapped people. The entire discursive content has been analyzed by the assistance of the Dialogical Maps strategy, which permits to visualize the dialogical inter-animation, the conversation flow/stream, the uniqueness in the production of meanings about inclusion/exclusion in the schools studied; evidencing the results of the process for implementing the inclusive education. Among teachers’ speeches – different from the official speeches explicit in documents which defines the school inclusion as a teaching technique that seeks academic advancements as well as acknowledgment of rights – was noted that, to include means to uphold the handicapped child socializing him/her along with the so-called ordinary children. The researchers establish another goal for those children at school, substituting it, prioritizing school education. Such action can be pointed as the last alternative upon the difficulties for assuring the academic competencies, inscribing as a repairing position by the teachers’ side, who seek “to expire” a historic debt by the damages caused by the social exclusion. For that, the school position is questioned, because if it does not develop necessary competencies and abilities for the development of handicapped children either maturerationally or academic, do not fulfill its social function to educate and do not achieve the so-called inclusion. The participants of the research say that is in life that those children improve learning, as if one hungry for knowledge was broken apart from school and viceversa. Therefore, by those arguments, they point out that schools are excluding more rather than including. Furthermore, this research highlights that inclusive education approaches may be understood as knowledge and power network trade, which makes public policies work and pedagogic proposals, as mechanisms of social control.

Identificador

LUNA, Carla Solange Azevedo de. A produção de sentidos sobre incluir - excluir. 2007. 138 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Belém, 2007. Programa de Pós-Graduação em Psicologia.

http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/5170

Idioma(s)

por

Direitos

Open Access

Palavras-Chave #Exclusão social #Inclusão escolar #Prática discursiva #Educação de base #Construtivismo (Educação) #Escola pública #Psicologia social #Educação e Estado #Educação especial #Brasil - País
Tipo

masterThesis