O outro artificial e a alteridade na cultura pós-moderna
Contribuinte(s) |
SOUZA, Maurício Rodrigues de |
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Data(s) |
30/06/2014
30/06/2014
2011
2011
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Resumo |
A presente pesquisa nasceu a partir de inquietações frente a um fenômeno que mostra a fascinação de homens que se relacionam com bonecas realistas – Real Dolls. Estas modelos simulam de forma perfeccionista altura, peso, forma, textura, cor, sexo, como se fossem “de carne e osso”, mas são “de metal e silicone”. As bonecas, contudo, não são meros brinquedos sexuais, pois adquirem muitas vezes a função de companhia, colocando em cheque a própria dimensão da alteridade. Esta relação construída artificialmente funciona, portanto, como um disparador de indagações acerca do outro e da atualidade. Assim, o objetivo deste estudo foi realizar uma discussão teórica, de cunho psicanalítico, a respeito da noção de alteridade na cultura contemporânea. Para isso, seguimos a trilha de questões chave: quem são o outro e a alteridade? Qual o seu lugar na cultura atual? Estaria a alteridade ameaçada pelo simulacro? Como pensar tal “negação da alteridade” sob o prisma da pós-modernidade? Seguindo este fio condutor, colocou-se em foco complexidades de um outro ao mesmo tempo familiar e estranho, ora configurado a partir de um “estrangeiro ao eu”, ora como um “eu estrangeiro” – remetendo à alteridade radical que constitui o eu, o inconsciente. A referência à atualidade se dá a partir do embate entre modernos e pós-modernos, onde se destaca a apreensão de uma sociedade regida pelo espetáculo narcísico e de um sujeito extremamente individualista, hedonista e consumista. Ganha espaço neste contexto a figura de um “outro artificial” que obedece a lógica perversa de predação que configura a primazia do eu em detrimento da alteridade. Desta forma, o outro se revela um artifício e a alteridade uma presença/ausência que joga com as aparências da atualidade e escamoteia seu “corpo” em uma aparente familiaridade. Assim, a alteridade persiste e desloca-se, fundamentando o outro como elemento que estrutura e desestrutura o sujeito, dando uma peculiaridade inevitavelmente “alteritária” para o mal-estar contemporâneo. Assim, o outro é, por um lado, descartável, pois a lógica narcísica proclama a autossuficiência do eu-ideal, enquanto, por outro lado, é a peça chave do espetáculo. É importante ponderar, portanto, que o lugar da alteridade está garantido, ainda que maquiado pela indiferença, ao contrário da impressão passada pelo panorama que deixa a entender sua extinção. ABSTRACT: This research grew out of unease before a phenomenon that shows the fascination of men who relate to Real Dolls. These models perfectly simulate height, weight, shape, texture, color, sex, like “flesh and blood”, however are made of “metal and silicone”. The dolls, however, are not mere sex toys, as often acquire the function of date, which putting into question the very dimension of otherness. This relationship constructed artificially, therefore, works as thrower of questions about the other and the present. Thus, the objective of this study was to propose a theoretical discussion of psychoanalytic slant, about the notion of otherness in contemporary culture. To do this, I followed the line of key questions: Who are the other and otherness? What is its place in today's culture? Would be otherness threatened by simulacrum? How to think about “denial of otherness” through the prism of Postmodernity? Following the conductive direction, put into focus the complexities of “other” at the same time familiar and strange, configured from a “stranger to me” and a “estranger in me” – referring to the radical otherness that constitutes the self, the unconscious. The reference to the present starts from the clash between modern and postmodern, where it emphasizes the concern of a society that is governed by the spectacle of a narcissistic and a person extremely individualistic, hedonistic and consumerist. Acquire space in this context the figure of "artificial other" which follows the perverse logic of predation that sets the primacy of the self at the expense of otherness. Thus, the other reveals an artifice of otherness artifice and a presence or absence that plays with the appearances of the present and conceals its "body" in an apparent familiarity. Though, the otherness persists and moves, supporting the other as an element that disrupts and eliminate the structure of the person, giving to the contemporary malaise a special place to the otherness. Then, the other is on the one hand, disposable, because the logic narcissistic proclaims the self-sufficiency of the self-ideal, while on the other hand, is a key part of the show. It is important to consider, therefore, that the place of otherness is guaranteed, though camouflaged by the indifference, contrary to the impression transmitted by panorama that makes you understand our extinction. |
Identificador |
MONTEIRO, Henrique Moura. O outro artificial e a alteridade na cultura pós-moderna. 2011. 92 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Belém, 2011. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. |
Idioma(s) |
por |
Direitos |
Open Access |
Palavras-Chave | #Alteridade #Psicanálise #Narcisismo #Apego ao objeto #Pós-modernismo |
Tipo |
masterThesis |