Escolhas individuais e bem-estar financeiro: três ensaios utilizando microdados


Autoria(s): Santos, Danilo Braun
Contribuinte(s)

Mendes-da-Silva, Wesley

Schiozer, Rafael Felipe

Farias, Lauro Emilio Gonzalez

Menezes Filho, Naércio Aquino

Martelanc, Roy

Data(s)

03/02/2016

03/02/2016

27/01/2016

Resumo

Como orientar políticas públicas de modo a promover o bem-estar da população? Para responder a essa questão a comunidade acadêmica tem enfocado a necessidade de se conhecer melhor as escolhas de consumo individuais. Essa tendência encontra apoio no número, cada vez maior, de bases de microdados disponibilizadas pelos órgãos governamentais e iniciativa privada. O presente trabalho analisa as escolhas dos brasileiros com relação às decisões de financiamento e de oferta de trabalho. O estudo é dividido em três ensaios empíricos distintos. Como a contratação de crédito em mercados informais é motivada pelo déficit de educação financeira é o foco do primeiro ensaio. Considerando mais de 2.000 observações sobre tomadas de crédito, utiliza-se um modelo logit multinomial para estimar a propensão à tomada de crédito na informalidade em contraste com o crédito bancário. Os resultados indicam que a educação financeira pode ter uma relevância maior para a seleção de financiamentos informais do que a restrição de crédito. O segundo ensaio analisa o comportamento de uso de cartões de crédito dentre 1.458 jovens adultos residentes no Brasil, EUA ou França. Um modelo de equações estruturais é utilizado para incorporar relações entre as variáveis latentes. O modelo validado pelo estudo representa uma situação em que o bem-estar financeiro é afetado pela forma com que o indivíduo utiliza o cartão de crédito que, por sua vez, é afetado pelo sentimento de comparação social e pela autoconfiança financeira, essa última sendo impactada também pela educação financeira recebida dos pais. Na comparação entre grupos encontramos evidências de que a comparação social tem um efeito mais forte sobre os jovens brasileiros e que homens são mais dependentes da educação dos pais do que as mulheres. No último ensaio a população pobre brasileira é analisada em relação a um suposto efeito preguiça, que seria causado pela diminuição de oferta de trabalho das famílias que recebem o benefício financeiro do governo via o Programa Bolsa Família. Um modelo de sobrevivência foi usado para comparar a duração no emprego entre beneficiários do programa e um grupo controle, utilizando uma base de dados com mais de 3 milhões de indivíduos. A hipótese de um efeito preguiça é rejeitada. O risco de desligamento do emprego para os beneficiários do Bolsa Família é medido como sendo de 7% a 10% menor, o que é capaz de anular, por exemplo, o maior risco de saída do emprego causado pela presença de filhos pequenos na composição familiar. Uma vez que a rotatividade no emprego dificulta o recebimento de aposentadorias por tempo de contribuição, pode-se concluir que o programa de transferência de renda brasileiro terá um impacto positivo sobre o bem-estar financeiro futuro do trabalhador.

How to guide public policies in order to promote people´s well-being? In order to answer this question the academic community has focused on the necessity of understanding better the individual consumer choices. This trend is supported by the growing number of microdata bases provided by the government agencies and the private sector. The aim of this study is to analyze the choices of Brazilians towards financing decisions and labor supply. The work is divided into three distinct empirical essays. The focus of the first essay is to verify how the informal credit markets are stimulated by financial education deficit. Considering more than 2,000 notes on taken credit, a multinomial logit model was used to estimate the propensity to informal credit taken in contrast to bank credit. The results indicate that financial education can have greater relevance to the selection of informal forms of financing than credit tightening measures. The second essay analyzes the use of credit cards among 1,458 young adults that live in Brazil, USA or France. A structural equation model is used to establish links between latent variables. The model validated by the study represents a situation in which the financial well-being is affected by the way the individual uses the credit card, and this use, in turn, is affected by the sense of social comparison and by the financial self-confidence, which is influenced by the financial education received from parents. Comparing groups, we found evidence that social comparison has a stronger effect on young Brazilians, and that men are more influenced by parental education than women. In the last essay, Brazil´s poor population is analyzed towards a so called laziness effect, that would be caused by a decrease in labor supply because of the families that receive the financial benefit from the government by means of the Bolsa Família Program. A survival model was used to compare the length of employment among program beneficiaries and a control group, using a database of over 3 million people. The hypothesis of a laziness effect is rejected. The risk of employee resignation among beneficiaries of the Bolsa Família Program is measured to be 7% to 10% lower, which is able to set aside, for example, the largest risk of employee resignation that is caused by the presence of young children in family composition. Since the change of employment hinders the receipt of pensions for length of service, it can be concluded that the Brazilian income transfer program will have a positive impact on the future financial well-being of the worker.

Identificador

http://hdl.handle.net/10438/15149

Idioma(s)

pt_BR

Palavras-Chave #Crédito informal #Bem estar financeiro #Análise de sobrevivência #Educação financeira #Pobres #Cartões de crédito #Programa Bolsa Família (Brasil) #Mercado de trabalho
Tipo

Thesis