Onde anda a insatisfação dos brasileiros


Autoria(s): Rodrigues, Alexandre; Brito, Cibelle
Data(s)

04/02/2015

04/02/2015

25/05/2014

Resumo

Três vezes por semana, a diarista Ana Cristina Carvalho, de 42 anos, sai do trabalho, na Freguesia, Zona Oeste do Rio, às 18h30m. É o começo de uma jornada que vai durar pelo menos três horas até sua casa, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Depois de caminhar 15 minutos até o ponto de ônibus, ela espera mais 40 pelo coletivo da Transcarioca, apesar de a concessionária prometer intervalos menores nos horários de pico. A chance de se sentar é remota. Sem trânsito, ela chega a Bonsucesso, na Zona Norte, em pouco mais de 20 minutos. Poderia ir a pé até a estação de trem por mais um quilômetro, mas recorre a um mototáxi, insegura com o caminho mal iluminado. Nos trilhos, é mais meia hora sacolejando em vagões lotados. Já na Baixada, ela toma outro ônibus para chegar em casa. Para passar o tempo, dá uma conferida nas redes sociais pelo smartphone. Cansada, contabiliza R$ 12,80 gastos com transporte só naquele dia, mas comemora com um sorriso largo a chegada ao lar. Aos poucos ela reforma a casa de dois quartos com uma varanda tão grande que deu até para realizar ali a festa de casamento da filha Thais, de 21 anos, no ano passado. A caçula Ana Guiomar, de 15, não desgruda da TV a cabo. Apesar de trabalhar desde os 17, a vida de Ana só deu uma virada nos últimos três anos, desde que teve a carteira assinada pela patroa. Mas no vaivém para o trabalho, a vida continua dura.

Identificador

RODRIGUES, A.; BRITO, C. Onde anda a insatisfação dos brasileiros. O Globo, p. 3, 25 maio 2014.

http://hdl.handle.net/10438/13246

Idioma(s)

pt_BR

Palavras-Chave #Serviços públicos #Políticas públicas #Qualidade #Desenvolvimento #Renda #Mobilidade urbana #Políticas públicas #Poder aquisitivo
Tipo

Article

Contribuinte(s)

Fundação Getulio Vargas. Diretoria de Análise de Políticas Públicas