Da tradição à eleição: o uso político da cultura por meio da gesta oficial


Autoria(s): Mendonça, Gilson Martins
Contribuinte(s)

Zouain, Deborah Moraes

Costa, Alessandra de Sá Mello da

Martins, Paulo Emílio Matos

Santos, Reginaldo Souza

Oliveira, Fátima Bayma de

Data(s)

03/09/2012

03/09/2012

03/07/2012

Resumo

A Constituição da República, em seu artigo 215 determina que o Estado garanta a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, além de apoiar e incentivar a valorização e a difusão das manifestações culturais. Este trabalho tem como objetivo analisar como a festa oficial é utilizada para fins políticos-eleitoreiros. A pesquisa de campo contou com a observação não participante nas festas juninas de Mossoró, Patos, Campina Grande, Caruaru e São Luis. A partir dos resultados da fase de observação, a coleta dos dados primários ocorreu nos municípios de São Luis e Campina Grande, sem a intenção de comparação entre os respondentes. As informações obtidas com as entrevistas foram alvo de uma análise de conteúdo, momento em que se revelaram percepções, valores e novos elementos a serem analisados a partir da categorização das falas dos informantes. Sob a alegação do apoio e incentivo às manifestações, o governo vem consolidando um processo de apropriação da cultura tradicional e popular, criando nos atores e grupos culturais uma dependência que leva à sujeição. Como resultado, o governo passa a dominar a cena cultural classificando e comandando a reprodução das manifestações da cultura tradicional e popular, com favorecimentos e discriminações, na constante campanha que se desenrola de forma explícita, em discursos e na própria atuação dos atores políticos. O governo deve agir no campo cultural, de modo que permita o pleno exercício dos direitos culturais de todos, conforme mandamento constitucional. Entretanto, sua atuação como produtor cultural prescinde da participação social, e a festa oficial, mais do que atender às necessidades e demandas culturais, vem justificando uma intervenção indevida e direcionada a questões de interesse político, principalmente para vincular a imagem do governo à cultura, na qualidade de seu protetor. Essa comprovação ajuda a responder o problema formulado e confirma a tese de que a festa oficial é o meio de apropriação da cultura tradicional e popular para fins de uso político-eleitoreiro.

The Constitution, in article 215 stipulates that the State guarantees everyone the full exercise of cultural rights and access to sources of national culture, and support and encourage the appreciation and dissemination of cultural events. This study aims to analyze how the official party is used for political electioneering purposes. The field research included the non-participant observation at state fairs Mossoró, Patos, Campina Grande, Caruaru and São Luis. From the results of the observation phase, the primary data collection occurred in the municipalities of São Luis and Campina Grande, with no intention of comparing the respondents. The information obtained from the interviews were subjected to content analysis, time proved perceptions, values and new elements to be analyzed based on the categorization of informants' statements. Under the claim of support and encouragement to the events, the government has consolidated a process of appropriation of folklore, creating in the actors and cultural groups a dependency which leads to subjection. As a result, the government starts to dominate the cultural scene ranking and commanding play of expressions of folklore, with favoritism and discrimination in the constant campaign that unfolds explicitly, in speeches and in the very actions of political actors. The government must act in the cultural field, so as to permit the full exercise of cultural rights for all, as constitutional commandment. However, their roles as cultural producer dispenses social participation, and the official party, rather than attend the needs and cultural demands, are justify an inappropriate intervention directed to issues of political interest, especially to link the government's image culture, in quality of their protector. This evidence helps to answer the problem formulated and confirms the thesis that the official party is the means of appropriation of traditional and folk culture as a means used for political electioneering.

Identificador

http://hdl.handle.net/10438/9979

Idioma(s)

pt_BR

Palavras-Chave #Política cultural #Políticas públicas #Propaganda política #Festas populares #Public policy #Política cultural #Políticas públicas #Festas populares - Política governamental #Propaganda política
Tipo

Thesis