A crise do casamento contemporâneo: um estudo psicossocial


Autoria(s): Jablonski, Bernardo
Contribuinte(s)

Rodrigues, Aroldo

Augras, Monique

Schneider, Eliezer

Nicolaci-da-Costa, Anamaria

Lo Bianco, Ana Carolina

Data(s)

17/04/2012

17/04/2012

23/09/1988

Identificador

http://hdl.handle.net/10438/9656

Idioma(s)

pt_BR

Direitos

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Palavras-Chave #Casamento #Psicologia social
Tipo

Thesis

Resumo

A atual família nuclear urbana e a instituição do casamento passam por momentos difíceis. Profundas mudanças sócio-econômicas levaram o casamento contemporâneo a um estado de crise caracterizado pelo aumento do número de separações a tal ponto que aproximadamente, cinquenta por cento das uniões, nos dias de hoje, tendem à ruptura em poucos anos. Na primeira parte de nosso trabalho expomos os fatores aparentemente responsáveis por essa situação. Assim, a diminuição da religiosidade, a modernização e a industrialização, o encurtamento das famílias, a excessiva e acrítica valorização do amor como base única do casamento e solução para todos os males, o aumento da longevidade, ·a revolução sexual, um estilo de vida que privilegia um individualismo exarcebado, a emancipação feminina, a menor integração social na comunidade e o isolamento excessivo seriam .as principais causas da crise e da configuração do que denominamos - pelo fechamento e isolamento resultantes - de família. Com os objetivos de testar uma série de hipóteses relacionadas à propensão ao divórcio e de contrastar o que pensam os estudiosos da área com o que as pessoas no seu dia a dia consideram como causas da crise, expomos na segunda parte de nosso trabalho os resultados de pesquisa realizada com quatrocentos sujeitos de classe media, distribuídos em quatro condições: jovens solteiros, casados, separados e casados idosos (metade do sexo masculino, metade do feminino). Através de questionários criados para esse fim, comparamos as avaliações pessoais em função das diferenças de estado civil, faixa etária e sexo, nos quatro grupos - outra de nossas metas. Abordamos também a aplicação de alguns princípios da psicologia social a nossa área de estudos. Para tanto incluímos nos questionários perguntas tendo como embasamento teórico (a) as hipóteses de Jones e Nisbett sobre perspectivas divergentes na atribuição de causalidade entre atores e observadores, (b) a percepção de ineqüidades existentes na relação entre homens e mulheres e suas consequências (tópicos em justiça distributiva) e (c) a divisão de poder no casamento. As conclusões de nosso trabalho estão na última seção, onde são sumarizadas e relacionadas como exposto na primeira parte as hipóteses que confirmamos: a hipervalorização do amor, principalmente entre os mais jovens, a crescente secularizaçao e suas implicações, o movimento feminista, o espírito individualista reinante e o grande número de relações extramaritais são alguns dos principais fatores que contribuem para a dissolução das uniões. Verificamos ainda, além de distintas visões do casamento por parte de homens e mulheres, a relação entre a percepção de inequidades no casamento e insatisfação conjugal, a existência de perspectivas divergentes em termos de atribuição causal entre atores e observadores e uma divisão mais igualitária de poder entre casais jovens.

The present nuclear urban familyand the institution of marriage are going through a difficult period, Deep socioeconomic changes brought contemporary marriage to a state of crisis hig.hlighted by a growing number of divorces that nowadays tends to reach 50% of married couples shortly after the wedding. The first part of our study depicts the main factors that seem to account for this situation. Thus, declining religiousness, modernization and industrialization, family shortening, overevaluation of love as sole basis of marriage and universal remedy, longer life expectancy, sexual revolution, a life style that brings individualism to the fore, women's liberation movement, lower social integration within the community, and a growing degree of isolationism would be the main causes of the crisis and of the state we call – because of the isolation thereby caused - the "familha". To test a number of hypotheses to divorce-proneness and to compare researches' opinions with those of common people, we show in the second part the results of a research made with four hundred middle-class subjects divided in four conditions: single youths, married7 divorced and aging married people (half male, half female). Using specifically prepared questionnaires, we compared personal evaluations according to marital status, age and sex in the four groups. Social psychological principles were also applied to our study. Thus, in the research we included questions based on (a) Jones and Nisbett's hypotheses on divergent perspectives on causal atribution by actors and observers, (b) perception of inequities in man/woman relationships and their consequences (topics on distributive justice), and (c) the division of power in marriages. In the last section the main hypotheses that were confirmed are summarized and related to the causes depicted at the beginning: the overevaluation of love, mainly among young people, the growing secularization and its consequences, the women's movement, the prevailing individualistic mood and the great number of extramarital relationships, are some of the principal factors contributing to the breakup of marriages. We also established, in addition to men's and women's distinct views of marriages, the connection between the perception of inequities and dissatisfaction in marriages, the existence of differing perspectives on causal atribution by actors and observers, and a more egualitarian power division among young couples.