Trabalho voluntário: isonomia ou economia?

Essa pesquisa procura averiguar de que modo diferem as ações de trabalho voluntário, desenvolvidas por grupos no interior e fora do ambiente empresarial. Para isso, avalia até que ponto o modelo de isonomia, proposto por Guerreiro Ramos (1981), no âmbito de um novo paradigma paraeconômico, se aplica ao voluntariado. Segundo ele, uma isonomia é sítio para a realização de tarefas auto-gratificantes, no qual seus membros dedicam-se ao desenvolvimento pessoal, ao contrário dos relacionamentos moldados pela lógica do mercado. O convívio entre os componentes de uma isonomia favorece a tomada de decisões na forma de colegiado e o tempo para a execução das tarefas assume um formato totalmente diferente de uma organização econômica. Essas e outras categorias são analisadas, a partir de uma pesquisa bibliográfica e de campo, tendo como base também a análise de quatro grupos de voluntários: dois deles formados por funcionários de empresas, um terceiro ligado a um centro espírita e um outro grupo que se dedica a um asilo. As respostas aos questionários e as observações de campo serviram para identificar em quais categorias as ações de voluntários desses grupos mais se aproximam de uma isonomia e em que sentido elas são diferentes das características do trabalho em organizações econômicas. A partir dessa análise, observa-se que os dois grupos de voluntários ligados às empresas, bem como o do centro espírita enquadram-se nos parâmetros da economia, ao passo que o grupo do asilo está mais em sintonia com a isonomia. Tal constatação é uma evidência da intromissão da lógica do mercado em outros enclaves sociais, moldando as ações dos indivíduos e interferindo na maneira como enxergam o mundo.

This study investigates the difference between the voluntary work inside and outside the business environment. For this, it evaIuates how the isonomy model proposed by Guerreiro Ramos (1981), in the fieId of a new "paraeconomic" paradigm, is used in the voluntary actions. Accord to him, an isonomy is a pIace for the realization of gratifying tasks, where its members devote themseIves to the personal deveIopment, in opposite ofthe reIations deveIoped in a business way. The contact between the members of na isonomy heIps them to decide in a collegiate way and the time for the tasks execution assumes a new shape, totally different from an economic organization. These and others categories are anaIysed by a bibIiographic search and a fieId study, besides the anaIysis of four groups of volunteers: two of them are formed by empIoyees from companies, a third one connected to a spiritualism center and the other one who works in an asyIum. The results of the questionnaires and the fieId observations were used to identify which actions are closer to an isonomy and which ones are different from the economic organization work. From this study, it can be seen that the three first groups act in an economic parameter whiIe the fourth one acts in an isonomic parameter. This constatation is evidence that the business logic interferes in other social spheres, moulds the people's actions and influences their comprehension ofthe world.