O trabalho atrapalha os estudos?


Autoria(s): Leme, Maria Carolina da Silva
Data(s)

27/10/2009

27/10/2009

31/12/2004

24/11/2005

24/11/2005

Resumo

Nas últimas décadas a frequência à escola entre os jovens brasileiros aumentou consideravelmente. A porcentagem de crianças, entre 10 e 14 anos de idade que estão matriculados na escola está acima de 95% e na faixa de 15 a 18 anos de idade, cerca de 70%. Vinte anos atrás estes números eram 80% e 50%, respectivamente. Por outro lado, quando se analisa os dados de participação na força de trabalho o quadro é menos otimista: para ambos os grupos, a participação é bastante elevada e tem apresentado comportamento estável ao longo dos anos. Este estuda analisa o efeito da participação no mercado de trabalho sobre o atraso escolar de crianças de nestes dois grupos de faixa etária utilizando a metodologia de emparelhamento por nota de propensão (propensity score matching) de participação no mercado de trabalho. Como seria de se esperar quanto maior a probabilidade de participar maior o atraso escolar. Mas, nosso principal resultado é que em ambos os grupos e mais acentuadamente para os mais jovens, a diferença de atraso entre os que participam e não participam do mercado de trabalho é mais elevado para valores intermediários de probabilidade de trabalhar. Nos valores extremos da distribuição as diferenças não são tão elevadas e muitas vezes não significantes estatisticamente. Isto significa que para os jovens com elevada probabilidade de participar no mercado de trabalho, e que são os que têm o mais elevado grau de atraso escolar, o trabalho em si não é a maior razão para este mal desempenho. Estes resultados sugerem que as políticas públicas para combate ao atraso escolar entre os grupos mais pobres deveriam ser mais abrangentes envolvendo uma ação mais ampla sobre a família e não apenas na erradicação do trabalho infantil e juvenil.

In the last decades school attendance increased considerably in Brazil: for those between 10 to 14 years old , attendance is over 95% and for those between 15 to 19 years old, 70%. Twenty years ago those figures were 80% and 50% respectively. On the other hand, labor force participation remained relatively high and stable during this period, showing a less optimistic picture. This paper analyses the effect of labor market participation on school lag for two groups of age, 10 and 14 years old and 15 to 18 years old, using the propensity score matching methodology. As should be expected, the higher the probability of labor market participation the higher the school gap. But our main result is that, for both groups, but strongly for the youngest, the difference in school gap is higher for intermediate probabilities of labor market participation. In the extremes of the distribution, the difference in school gap is lower and in many times not statistically significant. Therefore, for those with high probability of working, working per se is not the main reason for the school gap. These results suggest that social policies aimed to lower the school gap should be more comprehensive targeting the family and not only child and youth work.

Identificador

2005;20

http://hdl.handle.net/10438/3106

Relação

Relatório de pesquisa FGV/EAESP/NPP;n.20

Palavras-Chave #Mercado de trabalho #Trabalho infantil e adolescente #Atraso escolar #Emparelhamento por nota de propensão
Tipo

Working Paper