Sobre a formação e o acesso a acervos de arte contemporânea: o caso do Ateliê Carlos Vergara

A institucionalização de acervos particulares de artistas não é um fenômeno recente, mas esse processo se acelerou nos últimos 30 anos. As transformações sociais decorrentes do estabelecimento de uma ordem econômica globalizada criaram novas regras no universo das organizações culturais. Este trabalho é o resultado de uma pesquisa sobre instituições responsáveis por gerir acervos de artistas contemporâneos realizada com o objetivo de encontrar diretrizes para a constituição de uma iniciativa da mesma ordem: o Ateliê Carlos Vergara. O tema foi examinado com base em entrevistas com cinco artistas plásticos brasileiros e em um levantamento sobre a trajetória de Carlos Vergara e de seu ateliê. Algumas questões relacionadas à organização e à preservação dos acervos, à sustentabilidade das instituições, ao papel dos herdeiros em sua gestão, assim como ao alinhamento dessas iniciativas aos princípios dos artistas, são discutidas neste texto.

The institutionalization of artists’ private estates isn’t a recent phenomenon, but this is a process that has been accelerated in the last 30 years. The social transformations brought by the result of the establishment of a global economic order have created new rules in the universe of cultural organizations. This work is the result of a research on institutions that administrate contemporary artists´ estates. The idea was to establish the basis for the constitution of a simila institution – the Ateliê Carlos Vergara. The theme was explored on the basis of interviews with five Brazilian artists and of an analysis of Carlos Vergara´s career and studio. Some issues related to the organization and preservation of the works, to the sustainability of the institutions and to the role of the heirs in the administration of the organizations, as well as the coherence of these initiatives with the principles of the artists are discussed in this text.