A hipotética linguagem ideal de Platão


Autoria(s): Santos,Maria Carolina Alves dos
Data(s)

01/01/2003

Resumo

Para que um discurso sobre o espetáculo do mundo transcendente seja acolhido como totalidade inteligível e coerente, urge desvencilhar-se da arbitrariedade do domínio de trêmulos contornos do sensível, esfera de opiniões apenas. É o que propõe Platão, na esteira das reflexões dos primeiros pensadores: para suprir deficiências que causam a elisão da realidade e transformar a linguagem num veículo de intelecção autêntica dos conceitos essenciais de um pensar filosófico, ele a coloca no centro de uma especulação rigorosa. Tal como seus antecessores Heráclito e Parmênides, Platão revela <FONT FACE=Symbol>logofilia</FONT> ao empenhar-se na construção de uma nova estrutura discursiva, diferente daquela do homem comum, desencadeando no campo da Filosofia uma revolução que se tornara indispensável: elabora um modelo fundador - princípio de uma ordem permanente propedêutica à construção de uma linguagem formal e abstrata - referente a entes que os homens, na maioria, por si mesmos não conseguem visualizar. Somente nela poderá reverberar a verdade universal das Formas que, ao emprestarem seus nomes à infindável série dos particulares sensíveis, os clarifica e lhes confere significação. Com as teorias que a partir das Formas desenvolve e expõe nos Diálogos, o filósofo visa induzir o leitor a preparar-se para operar, metodicamente, a conversão de sua alma ao plano desses seres ideais, supra-sensíveis, e apreender, assim, a realidade que tudo fundamenta e torna cognoscível.

Formato

text/html

Identificador

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31732003000200005

Idioma(s)

pt

Publicador

Universidade Estadual Paulista, Departamento de Filosofia

Fonte

Trans/Form/Ação v.26 n.2 2003

Palavras-Chave #Platão #discurso #metafísica #teologia #linguagem dos mistérios #dialética
Tipo

journal article