Da pós-neotelevisão: a reconfiguração do prime-time nos canais generalistas portugueses

"Colecção: Comunicação e sociedade - 12"

No primeiro quinquénio do século XX, o horário nobre das estações generalistas mudou substancialmente. É certo que este segmento continua a abrir com o noticiário das 20h00, mas, a partir daí, existem poucas semelhanças com a programação dos anos 90. O telejornal é mais extenso e integra no seu alinhamento géneros televisivos que, ate então, configuravam emissões autónomas (debates, comentários políticos, grandes reportagens e entrevistas); os novos reality shows formam uma espécie de minigrelha que condiciona a restante franja nocturna; as novelas (portuguesas e brasileiras) são emitidas em bloco pela noite dentro; a informação semanal cede espaço a conteúdos de entretenimento que tendem a homogeneizar serões televisivos cada vez mais dilatados. Liderando as audiências em período nocturno a partir de 2001, a TVI impôs um prime-time dividido entre as "novelas da vida real" e a ficção portuguesa, alargando-se a um segmento normalmente tido como late night. A SIC tentou copiar este modelo, reunindo sempre menos público. A RTP manteve-se mais distanciada deste desenho, mas só a partir de 2003 a programação se torna mais alternativa. A fim de surpreender permanentemente os telespectadores, os canais de TV já não concentram as estreias nas chamadas "temporadas televisivas", optando, antes, por introduzi-las gradualmente ao longo do ano, coladas a emissões bem sucedidas do ponto de vista audimétrico. Neste artigo, vamos procurar a configuração do prime-time dos canais generalistas portugueses no período compreendido entre 2000 e 2004.