Dispondo de si : autonomia, género e envelhecimento nos quotidianos de saúde


Autoria(s): Gomes, Maria Inês Carvalho e Costa de Monteiro
Contribuinte(s)

Balsa, Casimiro Marques

Marques, António Manuel dos Reis

Data(s)

20/04/2016

26/02/2016

26/02/2019

Resumo

Esta tese de doutoramento tem como objectivo geral compreender as experiências de autonomia individual na actual geração de adultos mais velhos, enquadrados pelas construções identitárias de género e assumindo como plataforma de observação as vivências quotidianas de saúde. Para tanto, justifica-se a centralidade do valor da autonomia individual na contemporaneidade, para depois se problematizar o conceito a partir de uma perspectiva feminista, com base na conceptualização proposta por este corpo teórico. O feminismo propõe a adopção do conceito de autonomia relacional, que ao reconhecer a natureza social do self e das identidades, é capaz de proporcionar uma leitura crítica e contextualizada da autonomia de cada sujeito, por integrar não só as especificidades, estímulos, oportunidades e contingências de um tempo e de um espaço social, como também o poder resolutivo, transformador e de resistência da agência individual. A vivência da velhice constitui, cada vez mais, um exercício de individualidade. No envelhecer, a vivência da saúde ganha especiais contornos. Não só porque o cuidar de si se tornou um aspecto biográfico de progressiva acentuação, como também por ser este um tempo da vida em que os dilemas, inquietações e exigências com o corpo se acentuam. A individualização dos trajectos biográficos que nas sociedades contemporâneas surge com cada vez maior expressão sugere a importância do estudo das diferentes ecologias sociais, com base na precisão e no detalhe. A tese adoptou uma estratégia metodológica de estudos de casos, concretizada num estudo de caso múltiplo, de tipo qualitativo. Os sentidos conferidos às experiências da autonomia individual pela actual geração de adultos mais velhos, nos seus quotidianos de saúde, mobilizam e matizam diferentes modelos culturais, iluminando a ideia de uma transição sociocultural que abandona parcialmente certos aspectos, mas que mantém tantos outros. No envelhecer, a vivência da autonomia individual é mediatizada por diferentes performatividades femininas e masculinas, tendo sido três os espaços principais de expressão social da autonomia, resultantes do seu cruzamento com o género, enquanto dimensão de análise principal. Tem-se que estas diferenças entre espaços factoriais vêm demonstrar o hibridismo dos posicionamentos resultante da crescente individualidade das trajectórias de vida. Face à saúde, a capacidade de adaptação e de auto-gestão mais positivos relacionam-se, face às mulheres, com a expressão singular de uma maior individualidade e, face aos homens, com o valor social conferido a diferentes masculinidades.

This doctoral thesis aims at understanding the social experiences of personal autonomy among Portuguese older adults, from a gender perspective, in everyday health practices. With this purpose, the centrality of the value of individual autonomy in the western contemporary societies is introduced and discussed from a feminist perspective, based on the conceptualization proposed by this theoretical corpus. Feminism introduces the concept of relational autonomy, which is based on the social nature of the self and of the identities, aspects that are considered critical to provide an analysis of each individual’s autonomy that integrates the temporal and spatial contextual specificities, challenges and opportunities, as well as the decision, negotiation and resistance capacities of individual agency. Ageing is increasingly a process of individuation and at this life phase health gains a particular significance, not only because health and self-care have become important biographical traces of contemporary societies, but also because this is a time in life that knows growing body concerns, adaptations and demands. The growing individualization of life course in contemporary societies calls for the importance of studying different social ecologies, with precision and detail. From a methodological perspective, this thesis is based on a multiple case study, of qualitative nature. The main conclusions are: the personal autonomy meanings expressed by the current generation of older adults in their health quotidian’s merge different cultural models, which reinforces the idea of a socio-cultural transition that partially abandons certain cultural aspects, but that keeps so many others. At old age, the experience of personal autonomy is mediated by different feminine and masculine performances. This study highlights three main forms of personal autonomy expression that result from its intersection with gender, as the main dimension of analysis. These intersectional differences demonstrate the hybridism of the life paths increasing individuality. As far personal health is concerned, the capacity to adapt and to self-manage are strongly related with a greater sense of individuality in women, and to the social value attributed to different masculinities, in men.

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/17076

101369697

Idioma(s)

por

Relação

info:eu-repo/grantAgreement/FCT/SFRH/SFRH%2FBD%2F61017%2F2009/PT

Direitos

embargoedAccess

http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Palavras-Chave #Autonomia individual #Diversidade cultural #Envelhecimento #Estudo de caso #Género #Identidade #Interseccionalidade #Saúde #Ageing #Case study #Cultural diversity #Gender #Health #Identity #Individual autonomy #Intersectionality #Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Sociologia
Tipo

doctoralThesis