‘Fala connosco!’ : o jornalismo infantil e a participação das crianças, em Portugal e no Brasil
Contribuinte(s) |
Ponte, Cristina Marôpo, Lidia |
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Data(s) |
12/04/2016
12/04/2016
21/03/2016
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Resumo |
Esta tese se concentra na participação das crianças no jornalismo feito para elas. Buckingham (2009) entende que as crianças devem exercer os seus direitos de participação, estabelecidos na Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), também na área da produção midiática. Isto significa que as crianças devem dizer, para os produtores e legisladores de mídia, os seus desejos e sugestões, críticas e concordâncias, além de produzir conteúdos próprios. Para o investigador britânico, isso está relacionado ao que ele chama de “direito das crianças à representação”, garantia que não está abarcada pela Convenção. O objetivo desse novo direito seria o de que as crianças não só sejam ouvidas mas também criem e defendam melhores formas de representação das infâncias contemporâneas, através da participação nos canais de mídia. Além disso, as representações das crianças apresentadas no discurso jornalístico são parte do quadro social e cultural que forma o que entendemos por infância contemporânea (e que a distingue do que é “ser adulto”). A imprensa voltada especificamente para as crianças pode entender melhor o cotidiano dos meninos e meninas e, através de representações da(s) infância(s) mais complexas, pode lembrar à sociedade que as crianças também estão envolvidas em questões gerais, como a organização cultural e socioeconômica de suas cidades, de seus países ou do mundo — expandindo o conceito de infância aceito atualmente. Os canais de participação oferecidos pelos meios de comunicação e as novas formas de comunicação que as crianças têm à sua disposição, através da internet, são possíveis formas de assegurar o direito defendido por Buckingham. Mas as crianças têm vindo a utilizar as novas formas digitais de participação para se comunicar com os jornalistas que escrevem para elas? Existe um interesse voluntário das crianças neste tipo de participação? São comentários enviados diretamente por elas ou por seus responsáveis, preocupados com os conteúdos dos veículos que oferecem aos seus filhos, netos e alunos? Para responder a essas questões, analisamos 515 cartas e e-mails enviados para duas revistas feitas para crianças, no Brasil (“Ciência Hoje das Crianças”) e em Portugal (“Visão Júnior”), em 2013-14. Entrevistamos ainda crianças de nove a 16 anos de idade em ambos os países. Analisando a amostra de mensagens, vimos que os leitores (a maioria crianças, e não adultos responsáveis por elas) escrevem intensamente para ambas as revistas e que eles estão usando mais o e-mail para esta atividade — embora no Brasil não tenham abandonado completamente o papel quando a comunicação é gerada na escola. Nesse país, o uso da internet por crianças nas escolas é menor do que em Portugal. Como conclusões, entendemos que a integração digital não tende a aumentar a comunicação on-line com essas revistas de papel, porém ela expande as fontes de informação acessadas pelas crianças — ainda que elas nem sempre consigam diferenciar entretenimento de informação jornalística. Esses meninos e meninas, voluntariamente ou incentivados pelos professores (aparentemente não por pais ou colegas), veem o espaço para publicação de cartas do leitor nas revistas como uma plataforma por meio da qual podem intervir na oferta editorial. Mas isso acontece de forma “reforçadora”, ou seja, pedindo mais do que eles já veem e apreciam. Acreditamos ser necessário investimento em literacia midiária, através da mediação dos pais e da escola, para estimular as crianças a pedirem um jornalismo melhor, de uma forma que elas ainda nem sabem ser possível. // This thesis focuses on in the children’s participation in journalism done for them. Buckingham (2009) understands that children must exercise their rights of participation – established by the Convention on the Rights of the Child (1989) –, in the area of media’s production. This means that children should say, to producers and media content legislators, their wishes and suggestions, criticism and agreements. Moreover, they have the right of producing their own content. For the British investigator, this is related to what he calls as the “right of representation”, a guarantee not included in the Convention. The goal of this new right would be that children should not only be heard, but also create and defend better ways of contemporary childhoods’ representation, through participation in the media channels. Furthermore, the children’s representations presented in the journalistic discourse is part of the social and cultural framework that shapes what we understand by childhood today (and what distinguishes it from what is “being adult”). The press aimed specifically at children can understand the children’s daily lives better and produce more complexed childhood’s representation. This can remember society that children are also involved in general matters, such as cultural and socioeconomic organization of their cities, countries or the world — expanding the concept of childhood currently accepted. The participation channels offered by the media and the new forms of communication that children have at their disposal, through the internet, are possible ways of ensuring the right defended by Buckingham. But children have been using the new digital forms of participation to communicate with journalists who write for them? Is there a voluntary interest of children in this kind of participation? Are comments submitted directly by children or by their guardians, concerned about the contents of the vehicles they offer to their children, grandchildren and students? To answer these questions, we analyze 515 letters and e-mails sent to two paper magazines made for children, in Brazil (“Ciência Hoje das Crianças”) and Portugal (“Visão Júnior”), in 2013-14, and we also interviewed children from 9 to 12 years old in both countries. Analyzing these messages, we can affirm that readers (mostly children, not adults responsible for them) write intensively to both magazines and they are using most the e-mail for this activity — although in Brazil they have not entirely abandoned the paper when the communication is generated in school. In that country, the use of internet by children in schools is lower than in Portugal. As conclusions, we understand that digital integration does not tend to increase online communication with these paper magazines, but it does expand their sources for information — even though children do not always can differentiated entertainment data from journalistic productions. Voluntarily or encouraged by teachers (not by parents or peers, apparently), these boys and girls see the space for publication of reader’s letters in those magazine as a platform by which they can intervene in the editorial offer. But they do this in a booster mode, ie, asking for more of they already see and appreciate. We see that it is necessary to develop media literacy, through parental and school mediation, to stimulate children to ask for a better journalism in a way that they even do not know that is possible. |
Identificador |
http://hdl.handle.net/10362/17002 101390769 |
Idioma(s) |
por |
Relação |
Apoio financeiro da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Brasil - Bolsa 0860/13-1 |
Direitos |
openAccess http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/ |
Palavras-Chave | #Participação #Crianças #Jornalismo infantojuvenil #Mídia #Participation #Children #Children’s journalism #Media #Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Ciências da Comunicação |
Tipo |
doctoralThesis |