O Jornalismo Político Republicano Radical. O Mundo (1900‐1907)


Autoria(s): Barros, Júlia Teresa Pinto de Sousa Leitão de
Data(s)

04/09/2014

04/09/2014

01/07/2014

Resumo

Tese de Doutoramento em História Contemporânea Institucional e Política de Portugal

Esta dissertação de doutoramento analisa o jornalismo político, praticado pelo jornal republicano O Mundo, no início do século XX. A historiografia política que recai sobre a crise da monarquia liberal tende a valorizar o papel imprensa, mas esta nunca foi objeto de um estudo autónomo. A imprensa diária republicana tende a ser associada a outras formas de divulgação da atividade e do ideário republicano (folhetos, conferências, livros, comícios, banquetes, etc.), autonomizando-a do jornalismo político da sua época (pelo seu conteúdo e pela sua forma). O presente estudo insere o jornal político republicano radical O Mundo no seio das práticas jornalísticas da imprensa diária de Lisboa. A nossa análise forçosamente comparativa procura responder a várias questões. Qual o lugar ocupado pela imprensa no conjunto das instituições políticas vocacionadas para o debate? O que distinguia o jornalismo diário da restante imprensa? O que distinguia o jornalismo político praticado pelos jornais apartidários e partidários? Como se processa e modela (controlos formais e informais) o debate político jornalístico? Que conceções de debate político estavam presentes no jornalismo diário de Lisboa? Qual o lugar da informação no debate jornalístico? Como se viabilizou o jornalismo radical no início do século? Qual a dependência das estruturas partidárias? E, por fim: quais as práticas jornalísticas que distinguiam o jornal O Mundo da restante imprensa? Concluímos que a imprensa diária, pela sua vocação para a atualidade informativa, interveio de forma continuada no debate político. Porém, na ausência de um jornalismo informativo que reclamasse o papel de interlocutor junto dos protagonistas políticos destacámos o lugar do jornalismo político partidário no debate jornalístico. Salientámos, ainda, o cultivo de limites políticos informais, na imprensa diária político partidária, por via de um conjunto de convenções jornalísticas, que tendiam a preservar a “ legitima” distância dos protagonistas políticos, bem como a partidarização do debate. A este propósito referimos a valorização partilhada do boato - informação não confirmada – e ainda a dificuldade em impor o novo género, a entrevista. A imprensa republicana radical distinguiu-se pela capacidade de alargar o âmbito da informação política e com ela o debate sobre a atualidade. Destacamos aqui o lugar das práticas de reportagem. Os jornais republicanos radicais apropriaram-se do modelo dominante de debate político jornalístico transfigurando-o, quer alargando o âmbito da participação política, quer introduzindo nova controvérsia política, em torno da questão do regime, da questão social e da democracia. Tudo leva a crer que coube ao jornalismo republicano radical, de forma isolada e excêntrica, a defesa e divulgação, de um modelo de debate político alternativo, de teor democratizante, concorrencial e mais inclusivo.

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/13094

101240350

Idioma(s)

por

Publicador

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Jornalismo Político #Republicanismo #Socialismo #Anarquismo
Tipo

doctoralThesis