A Carreira da Índia e o corso neerlandês 1595-1625


Autoria(s): Murteira, André Alexandre Martins
Data(s)

20/02/2014

20/02/2014

2006

Resumo

Tese de mestrado , História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa (séculos XV-XVIII)

Nas primeiras sete décadas de existência da Carreira, os navios perdidos para corsários ou piratas foram pouquíssimos, o que não quer dizer que eles não fossem uma ameaça1. A prová -lo, está o sistema de protecção que houve necessidade de montar desde cedo, assente em armadas de escolta. Baseadas no reino, estas armadas protegiam as naus da Índia ou durante a primeira fase da viagem de ida, ou, sobretudo, durante a última fase da viagem de vinda, a partir dos Açores2. Tratava -se, nos dois casos, de guardar os navios da Carreira nas águas mais próximas da costa portuguesa, frequentadas assiduamente pela pirataria e corso europeus e magrebinos. O resto da rota, então, caracterizavase ainda pela ausência de perigos humanos de monta. Foi só na década de 80 do século XVI que a navegação da Carreira principiou a ser afectada seriamente pelo corso. A guerra anglo-espanhola entre Filipe II e Isabel I, começada em 1585, foi caracterizada, sobretudo depois de 1588, pelo envio quase anual de esquadras inglesas às águas peninsulares, principalmente aos Açores, ponto tradicional de passagem das naus de volta da Índia3. Os ingleses praticaram aí o corso em grande escala, em operações conjuntas de navios da coroa isabelina e de corsários particulares. Parece provável que estas esquadras mistas fossem uma ameaça bastante mais temível do que aquilo que o sistema estabelecido de protecção da Carreira estaria habituado a enfrentar. De 1587 a 1602, sete navios da Carreira foram capturados ou perderam-se em consequência de ataques ingleses Convém notar que, se as esquadras inglesas parecem ter sido um inimigo de novo tipo para a Carreira, a zona em que elas actuavam era, no entanto, a mesma zona de risco onde as naus da Índia já tinham antes de ser protegidas da pirataria e corso mais tradicionais. Fora das águas mais próximas da costa portuguesa, continuou-se a gozar por algum tempo da antiga segurança. Isto, porém, iria também mudar perto do fim do século, quando holandeses e ingleses estabeleceram eles próprios ligações regulares à Ásia através da rota do Cabo. O processo conduziu rapidamente à formação da East India Company (1600) e da Verenigde Oost-Indische Compagnie, ou V.O.C. (1602), as famosas companhias das Índias Orientais inglesa e holandesa. Com a rota do Cabo navegada agora por inimigos, as naus da Carreira deixaram de poder contar com uma viagem isenta de ameaças humanas longe das águas mais próximas de Portugal.

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/11439

Idioma(s)

por

Publicador

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Companhia das Índias Orientais Holandesa #Carreira da Índia #Séc. 16-17 #Expansão portuguesa #Rotas comerciais #Rota do Cabo #Comércio marítimo #Corso holandês
Tipo

masterThesis