Bibliotecas de História: aspectos da posse e uso dos livros em instituições religiosas de Lisboa nos finais do século XVIII


Autoria(s): Campos, Fernanda Maria Alves da Silva Guedes de
Data(s)

13/02/2014

01/02/2014

Resumo

Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em História

A existência de livros nas instituições religiosas regulares é uma evidência reconhecida através das Regras das diversas ordens e testemunhada por inventários ou catálogos elaborados em diferentes momentos da sua história. A leitura é parte integrante das actividades da vida monástica e conventual podendo afirmar-se que a maior quantidade de livros e de leitores que existiram nas sociedades do Antigo Regime está concentrada nestas instituições. O objectivo que nos propusemos foi o de estudar aspectos particulares sobre a posse e o uso dos livros nas casas religiosas de Lisboa, no final do século XVIII. Fundamentamos a razão da escolha da capital pelo facto de nela ter existido uma grande concentração de casas masculinas e femininas, de dimensões variáveis e pertencentes a distintas ordens e congregações. Quanto ao arco cronológico considerámos as instituições fundadas desde os primórdios da monarquia até ao reinado de D. Maria I e que ainda subsistissem no período considerado. Ao propor como título Bibliotecas de História estávamos a estabelecer uma opção de estudo limitada a um tema concreto, procurando identificar qual o lugar que a História ocupou nestas bibliotecas e quais as orientações de coleccionismo e de leitura que nelas se poderiam encontrar. Para constituir o universo de estudo, fizemos um levantamento na Biblioteca Nacional de Portugal por ser a instituição que recebeu, com a extinção dos conventos ordenada em 1834, a maioria dos livros dessas proveniências. Na tese apresentamos os contextos e as circunstâncias em que as ordens religiosas se estabeleceram em Lisboa e seu termo e a evolução dos estabelecimentos até serem encerrados. Dentro deste quadro estrutural estudámos as bibliotecas nos seus modelos organizativos, na expressão dos conteúdos em geral e em particular no tocante à História, apoiando-nos em fontes do século XVIII e abordando os dados numa perspectiva metodológica comparativa. Privilegiámos o contacto com os próprios livros provenientes quer das bibliotecas institucionais quer da posse privada de religiosos como fonte para o conhecimento das modalidades de leitura no ambiente de vida consagrada, pois muitos deles têm testemunhos evidentes da sua posse e do seu uso. Os livros encontrados foram tratados numa série e estudados quantitativamente para evidenciar as principais tendências das leituras de História, por língua, data e lugar de edição, e temática específica, relacionando-as com os estabelecimentos onde as obras existiam. Seguidamente, a série foi analisada nos seus conteúdos procurando-se destacar autores e obras com maior representatividade sem esquecer, para além do cânone, a análise de singularidades, em especial quando se tratava de obras de reconhecida importância à época. Para melhor percepcionar orientações de leitura, fizeram-se estudos de caso mais abrangentes a partir dos catálogos das bibliotecas de S. Vicente de Fora, S. Francisco da Cidade e Santo Alberto. Pretendeu-se, no geral, construir um quadro de referência com o objectivo de contribuir para uma nova visão sobre hábitos de leitura no ambiente religioso, alargando assim o campo de investigação sobre história cultural em Portugal no final do século XVIII.

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/11396

101291256

Idioma(s)

por

Publicador

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Bibliotecas religiosas #Lisboa #Século XVIII #Modalidades de leitura #Posse e uso dos livros #Obras de História #História cultural
Tipo

doctoralThesis