O autoconhecimento da vontade. Um estudo sobre o conceito de subjectividade no sistema filosófico de Schopenhauer.
Data(s) |
08/01/2014
01/06/2013
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Resumo |
Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Antropologia Filosófica Schopenhauer parte de uma concepção de sujeito de origem kantiana: o sujeito é, antes de mais, o sujeito transcendental da experiência. Contudo, esta concepção é gradualmente enriquecida no decurso do sistema por uma perspectiva empírica e materialista da cognição, mas também por uma concepção da natureza do sujeito como essencialmente volitivo e prático, perspectiva que, aliás, está na base da metafísica de Schopenhauer. No entanto, o modo como Schopenhauer desenvolve e enriquece a noção kantiana de sujeito gera uma série de paradoxos e contradições que se reflectem no seu sistema filosófico como um todo. Assim, logo no início do sistema, a filosofia transcendental aparece intrinsecamente associada a descrições de carácter empírico e fisiológico das funções cognitivas do cérebro. Por sua vez, com a introdução da metafísica, é apresentada uma noção de sujeito cuja identidade reside na vontade e no corpo, e a consciência é reinterpretada como uma função da vontade inconsciente, que constituiria o núcleo do si próprio. A perspectiva transcendental do sujeito volta, no entanto, a fazer valer os seus direitos, na terceira e quarta parte do sistema, isto é, nas partes dedicadas à estética e à ética. A percepção estética é explicada a partir da possibilidade de o sujeito se libertar da vontade e passar a percepcionar os objectos de modo desinteressado. Na parte ética, por sua vez, a acção compassiva e o ascetismo são interpretados como expressão de uma negação da vontade, mediada por um conhecimento intuitivo da essência dos outros e do mundo respectivamente. Este trabalho propõe-se precisamente fazer luz sobre todas estas perspectivas aparentemente desencontradas e contraditórias da subjectividade. Para tal, será apresentada uma leitura integral do sistema filosófico de Schopenhauer a partir da ideia de que o seu “único pensamento” se pode condensar na fórmula: “o mundo é o autoconhecimento da vontade”. Esta interpretação porá em evidência que, ao contrário do que é sugerido pela auto-interpretação de Schopenhauer e por muitos dos seus comentadores, a problemática da subjectividade está no cerne do seu sistema filosófico. Em lugar de se tratar de um pensamento onde se salienta o carácter a-subjectivo e irracional do mundo, iremos demonstrar que o sistema de Schopenhauer, no seu todo, reflecte uma determinada compreensão da estrutura da subjectividade, que se confunde, simultaneamente, com a estrutura do próprio mundo. No curso da interpretação, teremos ainda oportunidade de debater muitas das posições de Schopenhauer relativas a problemas, que mantêm a sua relevância no debate filosófico actual: a relação entre a mente, a vontade e o corpo; a contraposição entre idealismo e materialismo; a relação entre a filosofia transcendental e a investigação empírica da cognição; a consciência e o inconsciente; e, por fim, o papel da consciência e da racionalidade na acção humana. |
Identificador |
http://hdl.handle.net/10362/10956 101291680 |
Idioma(s) |
por |
Publicador |
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa |
Direitos |
restrictedAccess |
Palavras-Chave | #Schopenhauer #Sujeito #Consciência de si #Autoconhecimento #Mente #Objectividade #Corpo #Filosofia Transcendental #Idealismo #Materialismo #Metafísica |
Tipo |
doctoralThesis |