Ontografias da Imanência. Respigar, compor, expressar


Autoria(s): Lima, Luís Filipe Monteiro
Data(s)

25/07/2013

01/07/2013

Resumo

Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Filosofia, especialização de Estética

Esta tese pretende dar a ver o movimento do pensamento no procedimento da sua expressão. Remete para o domínio da estética filosófica e também da literatura, aponta para os conceitos de imanência e expressividade, de movimento e imagem do pensamento, mas também para uma ontologia assente no princípio de individuação em devir. O que se pretende mostrar, laboratorialmente, é o resultado de um procedimento teórico-prático que torne os seus modos transparentes. Ou seja, mostrar o seu dispositivo funcional ao mesmo tempo que este se vai constituindo. Esta imanência na composição do plano expressivo é efectuado em três modos – cristalografias, rizografias e paleografias – que, por sua vez, constituem as ontografias da imanência. Estes são modos de uma leitura de respigação que, quando devém escrita, se torna produtora de composições. São modos de uma escrita que recupera para avançar; modos de uma expressão que é movimento no futuro presente. Demarcado pelas margens da filosofia e da literatura (Gilles Deleuze, Marcel Proust, Pessoa, Klossowski, Foucault, etc...), num curso de estética, este trabalho apresenta uma consistência teórico-prática, uma vez que produz enunciados literários (ontografias) ao mesmo tempo que os utiliza como garantia das afirmações do seu metadiscurso e como objecto de análises desse mesmo discurso: procedimento reflexivo de um movimento de pensamento que se pauta pela força torsional topológica de uma Banda de Moebius conceptual. Quando, no ante-título, surgem os nomes de Marcel Proust e Gilles Deleuze e a referência a uma volta, pensávamos na volta que permitiu a Vasco da Gama contornar o Cabo das Tormentas e transformá-lo no Cabo da Boa Esperança. Ora, a volta é, também, como se suspeitaria pelos nomes inscritos, a influência que ambos sofreram pelo círculo do eterno retorno nietzschiano. Tanto Proust como Deleuze foram leitores de Nietzsche, um como o outro compreenderam e ensinaram-nos como pode ser vão e estéril olhar para um texto como se fosse um fluxo de pensamento linear que não integra a selecção, o corte, a re-selecção, a leitura, a composição da releitura, descartando de toda a escrita a sua reescrita, negando assim a constituição da singularidade de ser expressivo – enquanto princípio de individuação. Ser em devir implica, nas ontografias da imanência, respigação no passado em cada momento presente, composição virtual e expressão actual, afirmando a diferença individuante integrada no plano de vida. Estes três termos sublinhados surgem no subtítulo como pontos fortes do movimento de individuação de escrita e pensamento presentes no universo de Deleuze e Proust, produzindo, no seu conjunto, um ritornelo perverso que se afirma nestas páginas, não como testumunho ou análise destes autores mas sim como utilização dos seus conceitos e da sua produção textual. Foram essas leituras que permitiram a apresentação do título ontografias da imanência como marca de uma escrita de vida. Só assim foi possível afirmar e teorizar sobre aquilo que se afirma. Um desafio, portanto, de captação e afirmação da imanência numa só e mesma volta, não à deriva mas com recurso às correntes, aos ventos, à fortuna.

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/10188

101240384

Idioma(s)

por

Publicador

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

Direitos

restrictedAccess

Palavras-Chave #Citação #Composição #Deleuze #Devir #Expressividade #Filosofia
Tipo

doctoralThesis