O regime dialógico na obra de João César Monteiro: matérias e conteúdos de uma prática subversiva
Data(s) |
07/05/2013
01/03/2013
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Resumo |
Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Ciências da Comunicação - Comunicação e Linguagem A análise da obra de João César Monteiro, enquanto unidade textual plural, implica um trabalho de pesquisa baseado na procura dos loci similes: segmentos dialógicos em que se ouve o eco de outros aglomerados textuais. A procura da cadeia de “textos nos textos” na obra de Monteiro, a análise da tipologia das relações transtextuais e dos lugares onde se manifestam, permitem demonstrar o caráter de palimpsesto que caracteriza o seu cinema. Para que estas relações aconteçam, é necessária a presença de um elemento “estranho”, ou seja, de um outro texto e/ou de um leitor. Trata-se, portanto, de analisar as relações que se instauram entre o(s) indivíduo(s) e os excertos textuais que, para serem ativados, precisam de alguém que os reconheça. Por esta razão, utilizamos o conceito de “leitor empírico” e de “leitor modelo” justificando, desta forma, o trabalho filológico regressivo cuja finalidade é a identificação e interpretação dos elementos dialógicos presentes no universo monteiriano. O sincretismo linguístico e a coexistência de elementos heterogéneos proporcionam, portanto, uma nova perspetiva exegética da obra de Monteiro cuja matéria teórica está relacionada com os conceitos de não-linearidade e leitura vertical, ambos capazes de explicar a natureza profunda dos blocos narrativos autónomos que compõem a narrativa fílmica e que absolvem Monteiro da constrição da verosimilhança. As relações transtextuais e interdiscursivas, fundadas muitas vezes na colisão de elemento antitéticos, geram um complexo universo semântico e icónico cuja força provém do contínuo jogo de similitudes e contrastes que, por sua vez, surgem no seu interior: rede dialógica em que as constantes operações semiósicas dão origem ao círculo perfeito do vai-e-vem, ao eterno retorno de citações, homenagens e paródias, cujo intento é o de subverter todos os nexos lógicos convencionais, os princípios e as normas da cultura dominante que a nossa sociedade aceita, na rigorosa univocidade daqueles. A combinação de elementos aparentemente incompatíveis, como sagrado e profano, popular e erudito, sublime e trivial, tudo reproposto ou alterado por complexas práticas dialógicas leva, mediante a criação de novas relações entre palavras, imagens, sons e fenómenos, à destruição da hierarquia estabelecida dos valores. O ato subversivo monteiriano consiste, portanto, em separar o que é tradicionalmente unido e aproximar o que é geralmente longínquo, de forma a arrombar as restrições do monolinguismo cultural para se abrir à polissemia do mundo. |
Identificador |
http://hdl.handle.net/10362/9474 101292686 |
Idioma(s) |
por |
Publicador |
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa |
Relação |
Apoio financeiro da FCT e do FSE no âmbito do III Quadro Comunitário de Apoio |
Direitos |
openAccess |
Palavras-Chave | #Dialogismo #Transtextualidade #Interdiscursividade #Semiose subversiva #João César Monteiro |
Tipo |
doctoralThesis |