A linha de Cascais: construção e modernização. Reflexos no turismo e no processo de suburbanização da cidade de Lisboa


Autoria(s): Paulino, Joana Catarina Vieira
Data(s)

18/04/2013

01/10/2012

Resumo

Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em História, especialização em História Contemporânea

Os projectos iniciais de construção do ramal de Cascais, remontam à década de 50 do século XIX e eram dependentes da edificação da linha de Sintra. Neste contexto, destacam-se aqueles que foram apresentados por Claranges Lucotte e por Thomé Gamond, que visavam ligar a capital a dois espaços de lazer, um associado à montanha, a vila de Sintra e, outro, associado ao crescente gosto pelos banhos de mar, a vila de Cascais. Só a partir da apresentação dos projectos de Hersent, Burnay e da Companhia Real dos Caminhos de Ferro, já na década de 80, é que os planos passaram a apresentar a linha de Cascais de forma independente. À questão turística e de veraneio inerente aos objectivos de construção deste ramal, acrescentou-se a ideia de conexão das vias-férreas à capital e de ligação ao porto de Lisboa. Tendo sido outorgada a construção à C.R.C.F.P., a sua inauguração deu-se de forma faseada entre o final dos anos 80 e meados dos anos 90. Por outro lado, não se deve descurar o pioneirismo desta linha no que concerne à modernização da via-férrea, motivo pelo qual é bastante importante estudar as razões que levaram à electrificação do ramal de Cascais (concorrenciais, de preço do carvão e custo de manutenção da tracção a vapor), incentivando-se uma nova actividade industrial associada à produção de energia eléctrica. Importa ainda referir como esta modernização foi perspectivada, sobretudo, no seio da C.R.C.F.P. e a forma como o empresário Fausto Cardoso de Figueiredo (1880-1950) emergiu neste contexto. A ele está também associada uma iniciativa num novo sector de actividade, o turismo, materializada no seu projecto cosmopolita para o Estoril, o Parque Estoril, intimamente relacionada com a electrificação da linha de caminho-de-ferro. O ramal de Cascais, construído no final do século XIX, tendo, inicialmente, um fito turístico, de veraneio e prática de banhos acabou por se revelar, a partir da sua extensão ao centro de Lisboa e, numa primeira fase, uma via-férrea com um cariz urbano importante ainda que, a partir de 1901/2, se verificasse um significativo aumento do tráfego a partir da zona rural e dentro desta. Uma análise mais detalhada do tráfego mostra que o caminho-de-ferro não só teve influência no desenvolvimento da actividade turística, como também foi determinante na fixação de população nas povoações suburbanas e rurais por ele servidas, que já tinham algum relevo demográfico e sector de actividade a elas associado. Atestou-se, assim, o processo de suburbanização da cidade de Lisboa o qual, alguns anos mais tarde, originou a formação da Área Metropolitana de Lisboa.

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/9353

Idioma(s)

por

Publicador

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

Direitos

restrictedAccess

Palavras-Chave #História #História Contemporânea #História Urbana #Suburbanização #Caminho-de-ferro #Lisboa #Cascais #Algés #Estoril
Tipo

masterThesis