Arte e poder na obra de Mário-Henrique Leiria


Autoria(s): Braga, Marta Cristina Mendes
Data(s)

12/03/2013

01/10/2012

Resumo

Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Estudos Portugueses

A presente tese insere-se no âmbito dos Estudos Portugueses e visa abordar as relações de arte e de poder na obra de Mário-Henrique Leiria, centralizando-se nos dois volumes de contos intitulados Contos do Gin Tonic e Novos Contos do Gin, publicados em 1973. Face à ausência de estudos significativos sobre este autor, justifica-se o interesse deste trabalho, não só por dar a conhecer parte do seu pensamento teórico, que se mantém inédito até aos dias de hoje, mas principalmente porque permite entender as dificuldades que Mário-Henrique Leiria sentiu, enquanto artista plástico e escritor, durante o período do Estado Novo. Apresenta-se uma breve incursão ao percurso artístico-biográfico do autor de forma a compreender a importância da arte na sua vida, seguida de uma sucinta contextualização artística, política e social que revelará muitas das condicionantes que determinaram a sua trajectória individual. Desvelam-se algumas das críticas tecidas na obra leiriana, em especial ao establishment da arte, através da demonstração de elementos textuais que indiciam as distintas estruturas de poder a que a arte esteve exposta, e de que forma as relações entre estas e aquelas evoluíram desde o período surrealista do autor (1949 – 1951) até ao momento da publicação das suas obras, na década de 70. A análise de uma narrativa extraída de Contos do Gin Tonic, fundamentada com o apoio dos textos críticos inéditos do autor, originou a discussão em torno de diversos temas directamente ligados à arte, como o meio artístico, o artista, o objecto artístico, a recepção artística e a crítica de arte. A arte e a literatura, enquanto meios de expressão de inconformismo e instrumentos de subversão, são armas de luta preferenciais de Mário-Henrique. A literatura, em particular, é passível de ser aqui observada sob a perspectiva dos seus recursos estilísticos - a ironia, a paródia, a simples comicidade e o humor negro -, que comportam um triplo aspecto funcional: como diferentes estratégias discursivas para expressar uma perspectiva da vivência de uma determinada contingência política e social; como meio de sublevação que se faz essencialmente pela palavra; e, por fim, como via de acesso a um espaço único de liberdade, que é, afinal, o da criação artística.

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/9126

Idioma(s)

por

Publicador

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

Direitos

restrictedAccess

Palavras-Chave #Ironia #Arte #Poder #Subversão #Cómico #Paródia
Tipo

masterThesis