Da «Pobre vida» à congregação da Serra de Ossa: génese institucionalização de uma experiência eremítica (1366-1510)
Data(s) |
17/12/2012
01/09/2012
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Resumo |
Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em História, especialidade em História Medieval presente dissertação procura estudar a génese, expansão e institucionalização dos grupos eremíticos que, desde 1366, se documentam em torno da Serra de Ossa, no sul de Portugal e que, a partir de 1482, se constituem como Congregação. Viriam, em 1578, a filiar-se, como Congregação autónoma, na Ordem dos Eremitas de S. Paulo Primeiro Eremita. Nesta data, a força dos ditames impostos por Trento quanto à vida religiosa ditaria a gradual clericalização das suas comunidades, a normalização da sua vida litúrgica, a obrigatoriedade da profissão solene dos três votos e a necessidade de preparação letrada dos seus efectivos. A nossa atenção recai, contudo, sobre o período anterior. Partimos de uma sentença apostólica emitida em 1378, que documenta a surpreendente expansão então alcançada pelos eremitas junto dos concelhos do sul de Portugal, bem como o precoce sancionamento dado ao seu modo de vida pelo Papado, que, inclusive, os envolve nos seus projectos de reforma da vida religiosa do reino português. Os indícios documentais sobreviventes e o estudo do itinerário de Fr. Vasco, associado às origens dos Jerónimos portugueses e espanhóis, permitem reforçar a tese da ligação inicial dos eremitas portugueses à influência dos círculos próximos dos fraticelli italianos, nascidos da herança dos espirituais franciscanos. Estudamos, num segundo momento, a evolução e expansão dos grupos eremíticos ao longo de todo o século XV. Procuramos analisar a relação dos eremitas com o poder régio, com as autoridades e populações urbanas e com as instituições eclesiásticas, em ordem a perceber as razões do seu sucesso e as distintas soluções institucionais adoptadas em ordem à salvaguarda e disciplinamento do seu modo de vida. A tendência será a de uma gradual institucionalização destes grupos, entre as pressões internas, as iniciativas ordenadoras conduzidas pela monarquia e as tentativas de anexação das suas comunidades por parte de outras ordens (Lóios e Jerónimos). Assim, em 1466, os eremitas constituem entre si uma irmandade em torno da comunidade da Serra de Ossa e, em 1482, aceitam o modelo mais centralizado da Congregatio. Desta decisão resulta a produção dos primeiros textos normativos mais articulados, que configuram, juntamente com a imposição pontifícia da profissão do voto de castidade, a forma de vida dos eremitas ligados à Serra de Ossa até à grande reforma operada em 1578. O recrutamento e composição destas comunidades permitem também perceber de forma mais clara a capacidade de resistência dos eremitas a uma mais rápida normalização do seu modo de vida. Mantêm-se, assim, afastados dos núcleos urbanos, em pequenas comunidades, maioritariamente laicais, conciliando a dimensão contemplativa com o trabalho manual e a opção por uma vida pobre e austera. Até 1536, não estão sujeitos a nenhuma Regra já aprovada e, até 1578, professam apenas o voto de castidade. A reconstituição das biografias dos eremitas, feita na segunda parte do trabalho, permite perceber melhor os percursos daqueles que integraram, ao longo deste período, as comunidades da pobre vida, evidenciando muitos dos aspectos estudados na primeira parte da dissertação. |
Identificador | |
Idioma(s) |
por |
Publicador |
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa |
Relação |
Apoio financeiro da FCT e do FSE no âmbito do II Quadro Comunitário de Apoio. |
Direitos |
restrictedAccess |
Palavras-Chave | #Portugal #Idade Média #Eremitismo #Congregação dos Eremitas da Serra de Ossa #Reforma da Vida Religiosa #Espiritualidade |
Tipo |
doctoralThesis |