Perspectivar as cidades como "espaços públicos de educação" de crianças


Autoria(s): Gomes, Elisabete Maria Xavier Vieira
Contribuinte(s)

Alves, Mariana Gaio

Data(s)

07/09/2012

07/09/2012

2011

Resumo

Dissertação apresentada para obtenção do Grau de Doutor em Ciências da Educação, Educação e Desenvolvimento, pela Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia

Esta investigação é sobre processos contemporâneos de educação de crianças nas cidades. Procura contribuir para uma compreensão abrangente das experiências educativas proporcionadas nas cidades, iluminando modos de articulação entre dinâmicas urbanas e escolares. No plano epistemológico, esta assume-se como uma investigação qualitativa em educação. Esta assumpção concretizou-se na adopção de abordagens interpretativas e multi-referenciais na construção do problema de investigação, do quadro teórico e da investigação empírica. Neste sentido, procurou-se uma epistemologia da escuta e da implicação, em detrimento de uma epistemologia do olhar e do distanciamento. No plano teórico e conceptual, procurou-se contribuir para o diálogo entre discursos científicos, políticos e artísticos sobre a vida nas cidades e o lugar que a educação das crianças aí ocupa. Privilegiaram-se os discursos científicos das Ciências da Educação, entre os da Filosofia, da Sociologia, da Política e da Arquitectura. Aprofundou-se a tradição multi-disciplinar das Ciências da Educação, convocando para o debate conceitos e estudos desta área e contribuindo para a interpelação dos modelos vigentes de educação. No plano empírico, optou-se pela realização de um estudo de caso numa escola pública do 1º ciclo do ensino básico no centro de Lisboa. Estudou-se o modo como uma professora e a sua turma recorriam regularmente a espaços e instituições da cidade, durante a jornada escolar. Verificou-se um uso privilegiado de instituições de arte, ciência e cultura com programas especialmente dirigido para crianças. A observação foi a estratégia central da investigação, especialmente a observação participante na recolha de dados junto das crianças. A esta estratégia juntou-se um conjunto de entrevistas aos profissionais de educação escolar e não escolar e um inquérito por questionário às famílias. Procurando ultrapassar a centralidade hegemónica que os processos de escolarização têm ocupado no debate sobre a infância, optou-se pela ampliação da perspectiva de modo a nela incluir processos e lógicas exteriores à educação formal. Constatou-se a relevância de promover a interpelação mútua entre práticas educativas escolares e não escolares, favorecendo o abandono de lógicas de instrumentalização e/ou de correcção da comunidade pela escola. Tentando superar as abordagens às crianças como símbolos de menoridade, apresentaram-se perspectivas existenciais e pós-humanistas sobre as crianças como sujeitos de educação. As conclusões evidenciaram a relevância heurística do conceito de «espaço público de educação» (Nóvoa, 2002 e 2009) para a compreensão dos fenómenos em análise. Explorando a dimensão transdisciplinar deste conceito, propõe-se um modelo conceptual para a construção de uma perspectiva das cidades como espaços públicos de educação de crianças.

Fundação para a Ciência e a Tecnologia

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/7779

Idioma(s)

por

Publicador

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Direitos

openAccess

Tipo

doctoralThesis