Rituais funerários em Cabo Verde: permanência e inovação


Autoria(s): Saraiva, Maria Clara
Data(s)

16/07/2012

16/07/2012

1998

Resumo

A morte suscita, em todas as sociedades, reacções e sentimentos variados e ambíguos, que vão da angústia e medo da própria morte à atracção pelo fascínio do desconhecido, da dor à agressão e ao horror pelo cadáver em decomposição, do medo do retomo do espírito do defunto ao desejo de que este, transformado em antepassado, proteja os seus descendentes. Essas atitudes perante a morte têm materializações diferentes consoante as culturas, integrando constantes temáticas que se repetem em sociedades pertencentes a diversos continentes: a necessidade de cerimônias funerárias e a associação da morte a um rito de iniciação, de passagem para um outro estatuto e uma outra existência; a idéia da renovação cósmica aliada à noção do ciclo morte-nascimento e o retomo à terra-mãe; a relação entre o mundo dos vivos e o dos mortos, as crenças na imortalidade da alma e o culto dos antepassados, entre outras. No seio do sincretismo cultural cabo verdiano, os ritos fúnebres compreendem tradições e performances de influência européia assim como elementos africanos, que aqui se entrecruzam e dos quais resultam realizações materiais e simbólicas marcadamente originais. Encontram-se neste arquipélago (sobretudo nas ilhas de Sotavento) os tradicionais prantos, lamentos fúnebres e comensalidade alargada - o tchôro - em que a apresentação pública das emoções é minuciosamente codificada através de preceitos de conduta tradicionais; e surgem também (especialmente na zona de Barlavento) elementos recentes e inovações nos próprios rituais funerários.

Identificador

0871-2778

http://hdl.handle.net/10362/7445

Idioma(s)

por

Publicador

Colibri

Direitos

openAccess

Tipo

article