Políticas da memória da I Guerra Mundial em Portugal 1918-1933. Entre a experiência e o mito


Autoria(s): Correia, Sílvia Adriana Barbosa
Contribuinte(s)

Ferreira, José Medeiros

Data(s)

17/06/2011

01/05/2011

Resumo

Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em História

Constituindo um dos acontecimentos mais traumáticos da História do século XX, a Grande Guerra encerra uma afectação global e revolve nevralgicamente todas as sociedades mobilizadas. No âmbito da História Cultural, com uma inevitável aproximação à História Política e Social, são aqui investigadas as políticas de memória da I Guerra Mundial em Portugal (1918-1933), num quadro de referência europeu. Reconhecendo a existência de uma cultura de guerra europeia, homogénea e hegemónica, procura-se perceber a natureza do mito da experiência de guerra em Portugal, numa análise que não pode deixar de considerar as profundas divergências em torno da sua participação no conflito em território europeu, assim como os desastrosos efeitos que determinaram a especificidade do seu processo rememorativo e que o relegaram ao possível estatuto de vencedor mutilado. Numa dialéctica entre memória oficial, pública e de grupo, pretende-se esmiuçar as políticas da memória através dos projectos oficiais de rememoração, pelo cruzamento dos seguintes eixos de análise: os combatentes como protagonistas, da sua integração social à regulamentação associativa; os processos de monumentalização da memória de guerra (formas, ritmos de implantação e rituais de reactualização do seu significado). Eixos que poderão esclarecer algumas questões. Em primeiro lugar, explicar até que ponto a incapacidade da I República em projectar uma consistente política memorial e a incapacidade em lidar com os traumas gerados pela guerra reflectiram a sua fragilidade, tendo precipitado a sua falência em 1926. Em segundo lugar, atendendo à delineação histórica dos espaços públicos de memória, identificar se existiu uma estruturação oficial da concepção memorial na base da legitimação histórica da política republicana. Por fim, a partir da natureza dos processos rememorativos, apreender se a apropriação da experiência da frente pela cultura de guerra alimentou e legitimou o discurso das transformações políticas de Portugal no pós-guerra. Neste sentido, este exercício visa desconstruir, por um lado, a ideia de que a génese dos regimes autoritários de direita acorreu exclusivamente na guerra e, por outro, a noção de que a guerra e a cultura de guerra inauguram uma ruptura de modernidade nas sociedades liberais.

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/5811

Idioma(s)

por

Publicador

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #I Guerra Mundial #Portugal #I República #Antigo Combatente #Cultura de Guerra #Memória
Tipo

doctoralThesis