Faiança portuguesa nas Ilhas Britânicas (dos finais do século XVI aos inícios do século XVIII)


Autoria(s): Casimiro, Tania Manuel de Oliveira Alves e
Contribuinte(s)

Gomes, Rosa Varela

Data(s)

28/04/2011

01/12/2010

Resumo

Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em História, especialidade de Arqueologia.

A presente dissertação tem como objectivo a identificação, análise, registo e estudo das evidências de Faiança Portuguesa recuperadas nas Ilhas Britânicas. Reconheceram-se 737 peças, distribuídas por vinte e três cidades e setenta e nove arqueossítios, em contextos de finais do século XVI a inícios do século XVIII. Aquelas foram, sempre que se justificou, com base na sua dimensão, estado de conservação e importância, registadas graficamente, descritas e organizadas em corpus, que se aqui se apresenta. Foram igualmente considerados os contextos arqueológicos que as ofereceram, bem como a cultura material que as acompanhava, inserindo as peças lusas em contextos sociais, económicos e culturais. A fraca incidência de trabalhos em torno da Faiança Portuguesa, tanto em Portugal como no estrangeiro, fez-nos iniciar este estudo com tabula rasa de conhecimentos. Saber como era produzida, por quem e com que recursos foi fundamental na compreensão das peças e na sua interpretação. Matérias-primas, métodos de produção, olarias e artífices foram analisados, tentando desvendar todas as possíveis informações técnicas e artísticas que nos ajudassem na sua compreensão. Estas informações foram obtidas através de tratados estrangeiros descrevendo a elaboração de cerâmica estanífera em Itália, Países Baixos e França, mas também de informações retiradas directamente dos centros produtores. Só a visualização de cerâmicas oriundas das oficinas seiscentistas de Lisboa, Coimbra e Vila Nova, podiam confirmar a origem das peças exumadas nas Ilhas Britânicas, fornecendo paralelos seguros. Neste sentido, foram observadas colecções arqueológicas em contexto de produção, determinantes na caracterização dos objectos em estudo. A decoração foi sempre uma das principais características destas produções e aquela que mais interesse suscitou aos investigadores desde o século XIX, todavia, esses trabalhos encontravam-se quase exclusivamente efectuados por Historiadores de Arte. Nos últimos anos, a Arqueologia deu um contributo valioso no estudo das faianças, sobretudo através das peças oferecidas pelos contextos arqueológicos. Aquelas, constituídas maioritariamente pelo que podemos designar de cerâmica de utilização quotidiana, diferem dos objectos sumptuosos existentes nas colecções museológicas, fornecendo novos dados ao estudo da tipologia decorativa. A Faiança Portuguesa recuperada nas Ilhas Britânicas deu igualmente o seu contributo na determinação de formas e tipos decorativos, mas sobretudo na sua evolução cronológica. Conclui-se qual a importância que as peças estudadas tinham nos contextos ingleses e irlandeses, mas igualmente as consequências da exportação nas olarias portuguesas e em que tipo de comércio estariam envolvidas. Para chegar a essas ilações foi necessária a leitura e interpretação das novidades oferecidas por diversos documentos onde se registaram as mercadorias exportadas pelas cidades portuguesas e importadas pelas urbes britânicas. Cruzaram-se assim informações arqueológicas e documentais, concluindo que a Faiança Portuguesa, ainda que uma importação constante e reconhecida naquelas latitudes, não seria adquirida em grandes quantidades.

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/5537

Idioma(s)

por

Publicador

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

Direitos

openAccess

Tipo

doctoralThesis