Como polir uma montanha: trabalho de projeto

Esta reflexão visa contextualizar o processo criativo da componente prática do Trabalho de Projecto – Objecto conferente do grau de Mestre em Teatro, especialização em Artes Performativas – Interpretação, e que consiste no solo Como polir uma montanha que teve lugar no Lavadouro Público de Carnide com Acolhimento do Teatro do Silêncio em Maio de 2014. O objectivo foi criar um espectáculo com base em acções de limpeza, utilizando os gestos quotidianos como elemento catalisador do processo criativo. Procurei, desta forma, espelhar algumas rotinas do dia-a-dia no campo abstracto das artes performativas, desconstruindo o espaço privado e servindo-me do corpo como ferramenta primordial na comunicação destas acções através do movimento. A premissa para este solo partiu da limpeza enquanto acção passível de gerar transformação no espaço e no tempo, e também no corpo e na mente. Inicialmente pensei que a limpeza era fundamental para a organização destes elementos, contudo o resultado levou-me a compreender que limpeza e organização podem ter pressupostos muito distintos. Fundamentei a minha pesquisa observando acções quotidianas de limpeza em contextos diversificados como a vivência rural, a vivência urbana e ao nível da memória – a minha e a de outros indivíduos – de como processamos determinados comportamentos observados desde a infância. Durante o processo de criação de Como polir uma montanha, surgiram diversas inquietações que me levaram a reflectir também sobre a problemática de ser criadora e intérprete a solo, e de como esta questão é transversal à noção de si mesmo perante o outro. Esta noção leva-me a questionar o limiar que separa, mas também une, o palco e a plateia. Por isso integrei o público na acção cénica, através de elementos que propunham uma observação participativa do espectáculo.

ABSTRACT - This refection as the porpose of contextualize the creative process of the practical componet of Project Work – Lecture subject of the Master degree of Theatre, specialization Performing Arts – Interpretation, and consists on the solo performance Como polir uma montanha that happened at the public laudry washer of Carnide ( Lavadouro público de Carnide) with reception by Teatro do Silêncio in May 2014. The goal was to create a performance based on cleaning actions, using quotidian gestures as a catalyst element for the creative process. Sought, this way, mirror some of the daily rotines in the abstrac field of performing arts, desconstructing the private space and using the body as a fundamental tool in comunicating this actions through out movement. The principle-based aproach to this solo, was cleaning as an action that may generate in space and time transformation but also in the body and mind. Initially I though that cleaning was essencial to organize this elements, but the result led me tounderstand that cleaning and organization may have many different assumptions. I based my research observing quotidian cleaning actions in different environments such as rural experiences, urban experiences and at memory levels – mine and from others – of how we process certain behaviors observed since childhood. During the creation process of Como polir uma montanha, several concerns emerged that led me to also refect about the problematic of being a solo creator and interpreter, and how this question cross the notion of self before the other. This notion takes me to question the threshold that separates, but also unifies, stage and audience. For this reason, I joined the public in the scenic action, through elements that proposed a participative observation of the performance.