O estranho caso do romancista e dos livros pretos que ele escreveu: a propósito da obra de Gonçalo M. Tavares e dos espectáculos "Sobreviver" e "Jerusalém"


Autoria(s): Coelho, Rui Pina
Data(s)

21/01/2016

21/01/2016

2009

Resumo

Trazer a matéria romanesca para o palco tem sido uma das mais dilectas tentações do drama contemporâneo. Em Portugal, há um universo de um romancista em particular que tem despertado o interesse de alguns criadores teatrais: Gonçalo M. Tavares (n.1970). Sendo também um dramaturgo, é no romance que a excelência superlativa da sua escrita se tem afirmado e tem sido reconhecida. Neste artigo abordo dois espectáculos que partiram de romances de Gonçalo M. Tavares que fazem parte do ciclo “O Reino-Livros Pretos”: Sobreviver, encenado por Lúcia Sigalho /Sensurround, apresentado no S. Luiz Teatro Municipal (Lisboa), em Fevereiro de 2006; e Jerusalém, encenado por João Brites / Teatro o bando, apresentado no Centro Cultural de Belém (Lisboa), em Outubro de 2008. Sobreviver, de Sigalho, foi o resultado de um trabalho de escrita cénica, realizado pela encenadora e pelo colectivo de actores, sobre os livros pretos de Gonçalo M. Tavares Um homem: Klaus Klump, A máquina de Joseph Walser e Jerusalém (e também um excerto de O senhor Brecht). Jerusalém, de Brites partia da obra homónima de M. Tavares, estando a sua matriz performativa mais próxima da narrativa original. A dramaturgia do espectáculo construía-se sobre a mesma cartografia de horror e mal que o romance habitava. Havia, contudo, um ímpeto no sentido de poder expandir os significados do texto e encontrar ecos de guerra e violência noutras latitudes.

ABSTRACT - Adapting novels to the stage has been one of the favourite sites of contemporary performance. In Portugal, there is one particular writer who has inspired several performances: Gonçalo M. Tavares (b.1970). Although he is also a playwright, it has been his work as a novelist that has won him superlative recognition. In this article I will analyse two performances that are adaptations of M. Tavares’ novels. They belong to the cycle “O Reino-Livros Pretos”/ “The Kingdom-Black Books”. Sobreviver (Surviving), was directed by Lúcia Sigalho and premiered in S. Luiz Teatro Municipal (Lisbon), in February 2006; and Jerusalém (Jerusalem), was directed by João Brites / Teatro o bando, and premiered in Centro Cultural de Belém (Lisbon), in October 2008. The first performance, directed by Sigalho, was the outcome of a scenic writing carried out by the director and the actors, concerning the novels Um homem: Klaus Klump, A máquina de Joseph Walser and Jerusalém (and also an excerpt of O senhor Brecht). The second, directed by Brites, was based on the homonymous novel by M. Tavares and its performative matrix was closer to the original narrative. Its dramaturgy was built around the same map of horror and evil already present in the novel. There was, however, and attempt to expand the meanings of the text, disclosing echoes of war and violence in other latitudes.

Identificador

1519-5279

http://hdl.handle.net/10400.21/5595

Idioma(s)

por

Publicador

Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo

Relação

http://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/57387/60369

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Gonçalo M. Tavares #Lúcia Sigalho #Sensurround #Jerusalém #João Brites #Teatro o bando
Tipo

article