Adaptação na transição do pré-escolar para o 1º ano de escolaridade : delineamento e avaliação da eficácia de um programa de intervenção


Autoria(s): Correia, Karla Sandy de Leça, 1979-
Contribuinte(s)

Pinto, Alexandra Marques, 1963-

Data(s)

02/02/2016

02/02/2016

2015

2016

Resumo

Tese de doutoramento, Psicologia da Educação, Universidade de Lisboa, Instituto de Educação, 2015

A transição para o primeiro ano de escolaridade constitui um dos maiores desafios com que a criança se confronta nos primeiros anos da infância, e a forma como é enfrentada pode influenciar os resultados académicos e sociais ao longo do primeiro ciclo, e nos ciclos escolares seguintes A presente investigação tem como principais objetivos: a) identificar os indicadores e fatores associados à adaptação escolar do ponto de vista das crianças em transição, pais, educadores de jardim-de-infância e professores de primeiro ciclo; e b) desenhar, implementar e avaliar um programa de aprendizagem socioemocional na transição do pré-escolar para o primeiro ciclo. Num primeiro estudo foram analisadas as representações das crianças sobre o primeiro ano, pensamentos e emoções associadas, antes (N=22) e após à transição (N=45) para a escola formal, através de entrevistas de focus-group. As crianças associaram a entrada no primeiro ano a um acontecimento positivo, antecipado com um sentimento de promoção, e onde a relação com os pares se destacou como um dos aspetos mais relevantes. No segundo estudo, foram exploradas as perspetivas de pais de crianças do pré-escolar (N=14) e seus educadores (N=18) antes da transição para a escola, e de pais de crianças no início do primeiro ano de escolaridade (N=20) e professores de 1º ciclo (N=13), sobre os indicadores e fatores relevantes na transição para o primeiro ano. Enquanto os educadores e professores salientaram os fatores de ordem familiar tais como o envolvimento e acompanhamento das crianças, os pais referiram com maior frequência o funcionamento da escola e as caraterísticas e metodologia do professor como relevantes no processo de adaptação ao primeiro ano. No terceiro estudo foram analisadas as qualidades psicométricas da versão portuguesa do Behavioral and Emotional Rating Scale – Teacher Rating Scale, 2nd Edition (BERS-2; Epstein, 2004) numa amostra de crianças entre os quatro e sete anos de idade (N=328). Os resultados apontaram para a validade fatorial, boa fidedignidade e relações significativas com outras medidas encorajando futuros estudos deste instrumento. No quarto estudo foram analisadas as qualidades psicométricas de dois instrumentos – o Questionário de Adaptação Escolar, versões para crianças e para professores, e a versão portuguesa da Escala de Competência Social do School Social Behavior Scales (SSBS-2; Merrell, 2002; adaptado por Raimundo et al., 2012) - numa amostra de crianças que frequentavam o último ano da educação pré-escolar e o primeiro ano de escolaridade (N=328). Os resultados salientaram uma estrutura em dois fatores com boa consistência interna, fidedignidade teste-reteste, e validade de constructo da versão para professores do questionário de adaptação, e validade fatorial e fidedignidade da escala de competência social do SSBS-2. Os resultados sugeriram uma boa consistência interna mas um índice de estabilidade temporal mais fraco da versão para crianças do Questionário de Adaptação Escolar. No quinto estudo, foram analisados os efeitos de um programa de promoção de competências socioemocionais implementado no pré-escolar, e o papel moderador do nível de competências prévio, género e estatuto socioeconómico nos efeitos da intervenção. O programa foi implementado a 67 crianças, enquanto 42 participaram num programa de expressão plástica (grupo controlo). A avaliação, antes e após a intervenção, envolveu escalas de hétero e autorrelato. Verificaram-se ganhos significativos no grupo de intervenção nas forças (strengths) interpessoais, conhecimento emocional, funcionamento escolar e alargamento da perceção da rede de apoio social, com maiores ganhos nas crianças com competências prévias baixas e médias em algumas das variáveis consideradas. Os rapazes manifestaram maiores ganhos nas competências de autogestão e adaptação comportamental do que as raparigas, e as crianças com estatuto socioeconómico mais elevado manifestaram um maior ganho no envolvimento familiar. No sexto estudo analisaram-se os efeitos de um programa SEL implementado no primeiro ano de escolaridade e o papel das caraterísticas dos alunos nesses efeitos. Participaram 14 professores e 228 crianças, 144 no programa de intervenção SEL (65 tinham beneficiado de intervenção prévia no pré-escolar - grupo II), e 84 num programa de expressão plástica (controlo). A avaliação pré e pós-teste envolveram escalas de hétero e autorrelato. Verificaram-se ganhos significativos com a intervenção, independentes do nível de competências prévio e do género, na relação entre pares, comportamento académico, competências sociais, conhecimento emocional, aptidões de aprendizagem escolar, adaptação escolar, comportamental e social. A intervenção foi eficaz na melhoria nas forças interpessoais nas crianças com baixo nível de competências prévio, nas forças intrapessoais e forças totais nas crianças com pais com nível de habilitação secundário (grupo I e II), e na prevenção da quebra no funcionamento escolar nas crianças com pais com habilitação superior (grupo II). A integração e reflexão sobre os resultados permitiram deixar algumas pistas para a intervenção tendo em vista a adaptação das crianças a esta transição.

The transition to the first grade is one of the biggest challenges the child has to face in the early years of childhood, and the way it is addressed can influence the academic and social outcomes during elementary school, and in the following school years. This research has as main objectives: a) to identify indicators and factors associated with school adjustment from the point of view of children in transition, parents, preschool teachers, and elementary school teachers; and b) to design, implement and evaluate a social emotional learning program in the transition from preschool to the first year. In the first study the representations of children on the first year of school, associated thoughts and emotions before (N = 22) and after the transition to school (N = 45), were analyzed through focus-group interviews. Children associated entry in the first year as a positive event, anticipated with a sense of promotion, and where the relations with the peers standed out as one of the most important aspects. In the second study, the perspectives of parents of preschool children (N = 14) and preschool teachers (N = 18) before the transition to school, and parents of children at the beginning of first grade (N = 20) and teachers of elementary schools (N = 13) were explored to identify the success indicators and relevant factors in the adaptation process of children's transition to the first year. While the pre-school and primary school teachers stressed factors of a family nature, such as parental involvement and accompaniment of children, the parents referred more frequently to the overall running of the school and the characteristics and methodology of the teacher as being relevant in the adaptation process to the first year. The third study analyzed the psychometric qualities of the Portuguese version of the Behavioral and Emotional Rating Scale – Teacher Rating Scale, 2nd Edition (BERS-2; Epstein, 2004) in a sample of children between four and seven years of age (N = 328). The results confirmed the factorial structure, good reliability and significant correlations with other measures, thus encouraging future studies of this scale. In the fourth study, the psychometric properties of two instruments - the School Adaptation Questionnaire, children and teacher’s versions, and the Portuguese version of the Social Competence Scale of the School Social Behavior Scales (SSBS-2; Merrell, 2002; adapted by Raimundo et al., 2012) - were analyzed in a sample children attending the last year of pre-school and first grade (N=318). The results highlighted a two-factor structure with good internal consistency, test - re-test reliability, and construct validity of the teacher’s version of the School Adaptation Questionnaire, and factorial validity and reliability of the Social Competence Scale of SSBS-2. The results suggested a good internal consistency but a weaker temporal stability index of the children’s version of the School Adaptation Questionnaire. In the fifth study, the effects of a social and emotional learning program in preschool and the moderating role of the level of prior skills, gender and socioeconomic status on the effects of the intervention were analyzed. The program was implemented to 67 children, while 42 participated in a plastic expression program (control group). The evaluation involved self-report and hetero-report before and after the intervention. There were significant gains in the intervention group in the interpersonal strengths, emotional knowledge, school functioning and enlargement of the perception of social support network, with greater gains in children with low and averages previous skills in some of the variables considered. The boys showed greater gains in self-management skills and behavioral adaptation than girls, and children with higher socioeconomic status showed greater gains in family involvement. In the sixth study we analyzed the effects of a SEL program implemented in the first year of school and the role of the pupils’ characteristics on these effects. Participated 14 teachers and 228 children, 144 in the SEL intervention program (65 had benefited prior intervention in preschool - group II), and 84 in a plastic expression program (control). The pre-test and post-test evaluation involved self-report and hetero-report questionnaires. There were significant gains with the intervention, independent of the level of prior skills and gender, in peer relations, academic behavior, social skills, emotional knowledge, and school learning skills, school adjustment, both behavioral and social. The intervention was effective in improving interpersonal strengths in children with low levels of prior skills, and in intrapersonal strengths and total strengths in children with parents with secondary level qualification (group I and II), and in the prevention of the drop in the school functioning in children with parents with higher qualification (group II). The integration and reflection on the results allowed proposing some clues for intervention with a view to promote children’s adaptation to the transition to school.

Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT, SFRH/BD/36012/2007); Fundo Social Europeu, III Quadro Comunitário de Apoio (2000-2006), Programa Operacional Ciência e Inovação (POCI 2010), Programa Operacional Sociedade do Conhecimento (POSC)

Identificador

http://hdl.handle.net/10451/22525

Idioma(s)

por

Relação

info:eu-repo/grantAgreement/FCT/SFRH/SFRH/BD/36012/2007/PT

Direitos

restrictedAccess

Palavras-Chave #Teses de doutoramento - 2015 #Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Psicologia
Tipo

doctoralThesis